O vínculo entre Santos e o café vai além da economia / Divulgação/PMS
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Santos revive sua relação centenária com o café ao sediar a 10ª edição do festival dedicado à bebida. O evento reúne degustações, oficinas e passeios que reforçam a importância histórica e cultural do produto para a cidade e para o Brasil.
O café, segunda bebida mais consumida no mundo, tem no Brasil seu maior produtor, e o Porto de Santos como principal ponto de exportação.
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O vínculo entre Santos e o café vai além da economia. Ao longo das décadas, a bebida moldou o cenário urbano, influenciou a arquitetura e foi responsável por transformar o município em um dos centros comerciais mais importantes do país durante o século 20, quando o café era conhecido como "ouro verde".
O apogeu do café refletiu diretamente no crescimento urbano de Santos. Luxuosos casarões e grandes armazéns dominaram o Centro Histórico, em especial nas ruas XV de Novembro e do Comércio.
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A Rua XV, apelidada de Wall Street brasileira, concentrava casas exportadoras, agências marítimas, bancos e a Bolsa Oficial do Café.
Importante ponto logístico da época, a Estação do Valongo recebia mercadorias da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, primeira ferrovia paulista construída por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, para conectar o interior paulista ao porto.
Inaugurada em 1922, a Bolsa Oficial do Café abrigava os pregões públicos da elite cafeeira paulista. Seu edifício imponente e repleto de obras de arte foi transformado no Museu do Café em 1998.
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Hoje, o espaço é uma das principais atrações turísticas da cidade, oferecendo exposições, loja temática e cafeteria com grãos de alta qualidade, incluindo os mais raros do país.
Além de ser cenário da história política e econômica da cidade, a Rua XV de Novembro ganhou uma revitalização recente. O trecho entre as ruas Riachuelo e Frei Gaspar foi transformado em bulevar com foco na valorização patrimonial e na circulação de pedestres.
Ali também está a estátua do Corretor de Café, obra de Daniel Gonzalez, em homenagem aos profissionais do setor.
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Diversos equipamentos públicos municipais foram instalados na região como parte da reocupação do Centro Histórico, como a Escola Livre de Dança e o InvestCentro.
Santos também abriga a primeira cafeteria do Brasil, criada em 1972 no bairro Gonzaga. A Casa do Cafézinho, da marca Floresta, surgiu da fusão de sete companhias cafeeiras fundadas em 1940. A fábrica da empresa, no Valongo, está em funcionamento até hoje.
Na década de 1980, a marca lançou iniciativas inovadoras como a entrega de café pronto em garrafas térmicas para escritórios e os primeiros sachês para café espresso no Brasil.
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O Rei do Café é outro exemplo do legado cafeeiro da cidade. A torrefação artesanal, iniciada por Joaquim Augusto Alves em 1928, está sob o comando dos netos Vitor e Guilherme Rema. Além da tradicional loja no Centro, os irmãos também assumiram a cafeteria do Museu do Café.
No Palácio José Bonifácio, sede da Prefeitura, o 5º andar abriga uma cafeteria com vista para a Praça Mauá e o Monte Serrat. O café servido ali é fornecido pela Santos Best Coffee, com torra artesanal e qualidade tipo exportação.
Entre os ícones da cultura santista está o tradicional Café Carioca, fundado nos anos 1930. Localizado na Praça Mauá, o local foi frequentado por nomes históricos da política brasileira.
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A Pinacoteca Benedito Calixto, instalada no último casarão remanescente da orla, foi residência de um exportador de café. Hoje, além do acervo artístico, abriga o Bistrô Calixto Café, em meio a um jardim europeu.
Durante o festival, o Bonde Café estaciona no Centro Histórico oferecendo degustações e orientações com baristas. A celebração da bebida também se estende à arte urbana.
Um mural com 17 painéis e cerca de 170 metros quadrados enfeita a garagem dos bondes, no Largo Marquês de Monte Alegre, com obras de artistas locais como Ramon Arzerra, Camila Perez e Prëo.
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Com ações que combinam história, turismo e inovação, Santos reafirma sua identidade como a capital nacional do café.