Lucia Millás, professora de balé de Santos, celebra reconhecimento internacional / Renan Lousada/DL
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Lucia Millás, santista e professora de balé, foi a terceira brasileira a ganhar o prêmio de “Honorary Fellowship” da Royal Academy of Dance, uma das escolas de balé mais influentes do mundo. A premiação aconteceu no Dia das Mães, 11 de maio.
“Eu queria fazer aquilo que era minha paixão de vida. Eu fico feliz quando eu olho pra trás e percebo que, por mais que com quatro anos eu tivesse tomado a decisão de que eu queria ser bailarina, eu dancei profissionalmente, mas por curto espaço de tempo. Só que depois, eu percebi que, para mim, ensinar era bem mais gratificante”, conta Lucia, que é professora de balé desde os 19 anos.
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Em 1969 abriu sua primeira escola de balé em Santos. A relação com a Royal Academy of Dance já existe há mais de 50 anos e se tornou professora registrada pela escola internacional. “Foi a dança que me libertou”, destaca Lucia.
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Aos quatro anos de idade, ela já sabia que queria ser bailarina. “Minha mãe estava vendo uma revista, tinha uma fotografia da bailaria Margot Fonteyn, que eu não conhecia na época, e perguntei o que ela estava vestindo”, relembra Lucia. “Ela me disse que, se eu quisesse, eu poderia fazer balé”, complementa.
Começou a fazer aulas de balé e passou a ser cada vez mais reconhecida pelas companhias. Aos 20 anos, abriu seu primeiro espaço para dar aulas.
Quando a metodologia da Royal Academy of Dance chegou ao Brasil, a professora se preparou para prestar os exames e se formou como bailarina do método me 1973. A partir de então, começou a preparar suas alunas para os testes da academia internacional. “Naquela época, ainda não existiam esses cursos no Brasil”, comenta. Com os anos, se tornou professora registrada e examinadora da escola britânica.
Desde os 12 anos, Lucia tinha o sonho de estudar fora do país. Aos 14 anos conseguiu uma bolsa para estudar em uma escola de período integral e fazer aulas de dança em Munique, cidade da Alemanha, porém, a ditadura militar no Brasil a fez perder a bolsa. Anos depois, teve a chance de realizar seu sonho e fez um curso de férias para aprender dança contemporânea na London Contemporary Dance School, em Londres.
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O curso de férias em Londres se tornou uma temporada maior quando conseguiu uma bolsa integral e estudou por três fora do Brasil. “Eu perdi muitos alunos nisso, porque foram 3 anos estudando fora, mas eu precisava. Então, eu me formei também como bailarina e professora de dança contemporânea”, relata.
Em 1985, Lucia se tornou a primeira brasileira a ser avaliadora da Royal Academy of Dance. “Na época tinham pouquíssimos estrangeiros”, observa. Assim, a professora passou a dividir sua vida entre a escola de balé em Santos e o resto do mundo. “Por 30 anos, eu viajei o mundo inteiro. Eu tinha pelo menos dois cursos por ano, mas voltava e acabava de trabalhar na minha escola”, esclarece.
Mesmo depois de tantos anos de história, para ela, o prêmio foi uma surpresa. “Eu não fiz nada disso pensando em ganhar um prêmio. Para mim, significa reconhecimento, por toda a 0minha garra, por todo o meu esforço, e minha determinação”, expressa.
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Com 76 anos de idade, a professor continua com a mesma paixão pela dança que sentiu aos quatro. “Eu acho que através do movimento, que não exigia palavras, eu conseguia me expressar. Foi isso que a dança fez comigo. Ela me libertou”, menciona a bailarina.
Ela acredita que a essência de sua escola não é apenas criar bailarinos, mas incluir a todos. “A dança é para todos. Não importa se a criança não tem físico predestinado para a dança clássica, ou não tem uma coordenação perfeita para sapatear, não importa. O pouco que ela conseguir sentir de satisfação e de prazer no movimento, é um ganho para mim. É isso que importa. Porque eu acho que todos nós conseguimos através da dança, ter benefícios, ter prazer”, ressalta Lucia.
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