Dias após ser inaugurado, camelódromo só conta com um box funcionando atualmente e movimento no local é pequeno. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL
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Uma lista de mais de dez obras que foram entregues e anunciadas pela Prefeitura de Santos como 'transformadoras' para a Zona Noroeste da cidade já começaram a entrar no cotidiano dos moradores da região. Entretanto, a realidade almejada pela administração municipal e aquela sentida pela população são bastante diferentes segundo os próprios cidadãos.
A Zona Noroeste de Santos celebrou 43 anos no último domingo de agosto e os equipamentos entregues desde a primeira metade desta década foram apresentados pela prefeitura como 'presentes' para o aniversário mais recente. A Reportagem do Diário do Litoral decidiu ir até alguns destes novos equipamentos para checar se eles são tão fundamentais para a população quanto a administração municipal considera.
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O primeiro 'presente' recebido pela Zona Noroeste a ser visitado foi o recém-inaugurado Centro de Atendimento ao Turista e Comércio de Artesanatos (CAT) 'José Fernandes Gouveia', localizado na Praça Bruno Barbosa. À primeira vista fechado, o 'camelódromo' já está aberto e conta com 40 boxes. Apesar disso, a reportagem verificou que apenas um está funcionando oficialmente e o movimento na área é pequeno.
"Por enquanto não teve nenhuma 'transformação' para a gente. Se fosse um pouco mais organizado poderia até ser, mas a gente já está muito próximo de uma avenida que tem de tudo no comércio, então achei que poderia ter tido um investimento diferente. Pra ser mais sincera ainda com você, eu nem sabia que o camelódromo já estava aberto", diz a aposentada Maria Hélia Santos, de 68 anos.
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A dona de casa Antonia Silva Domingues, de 59 anos, também afirma que não sabia que o camelódromo já estava funcionando e conta que a região poderia ter se beneficiada por um investimento em forma de uma nova unidade de saúde.
"Achei até que o pessoal dos camelôs viria para cá imediatamente, mas pelo visto não está sendo bem assim".
Segundo a equipe responsável pelo CAT, a intenção é que todos os camelôs que estão localizados na Praça José Oliveira Lopes, que ficam a menos de 20 metros de distância do camelódromo, sejam transferidos para o novo equipamento. A prefeitura explica que a previsão é que até o segundo fim de semana de setembro todos já estejam no novo local, exceto os que, porventura, estejam com problemas de documentação. Apesar disso, o movimento entre as barracas de camelô é superior ao do investimento recém-inaugurado.
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Não muito longe dali, um dos outros 'presentes' recebidos pela região é a UPA da Zona Noroeste. Inaugurada em fevereiro deste ano, o equipamento divide opiniões dos usuários do sistema público de saúde e foi criado após o PS da Zona Noroeste ter sido desativado, mas mantendo o Hospital Arthur Domingues Pinto e a Maternidade Silvério Fontes.
"Para mim, que vim de São Vicente para receber atendimento, foi ótimo, consegui ser medicado em pouco mais de meia hora. O prédio antigo no hospital era bom, mas aqui a estrutura é muito superior", explica o caminhoneiro Patrício Reyes, de 63 anos.
Já para a cuidadora de idosos Raulina Lima dos Santos, de 56 anos, e que é moradora do morro do Ilhéu, a UPA tem pontos positivos e negativos.
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"O ambiente aqui é muito mais higienizado e o atendimento na recepção está muito melhor. Mas os médicos demoram muito mais para nos atender por causa do sistema informatizado e às vezes levamos muito tempo para entrar e sair. Eu mesma cheguei aqui às 9h30, agora são 11h20 e nada. Isso sem contar que quando chove muito e a região fica alagada, a água entra na recepção e todo mundo precisa ficar com os pés para cima", explica.
A região realmente sofre com as enchentes e dias antes de a UPA abrir oficialmente, uma combinação de maré alta com chuva forte deixou a recepção do local alagada. A mesma chuva na época também derrubou árvores no Jardim Botânico de Santos 'Chico Mendes'. Mais conhecido como o 'horto da ZN', é nele onde está o último 'presente' visitado pela Reportagem.
De acordo com a administração municipal, a revitalização do horto incluiu a construção de uma torre de 21 metros de altura para observação de pássaros, além de uma área para atividades de educação ambiental ainda em 2013. Já em 2017 houve modernização da iluminação do parque, que passou a contar com lâmpadas de LED e câmeras de monitoramento.
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"As lâmpadas novas deram uma melhorada no movimento aqui da região, mas ainda falta segurança e patrulhamento dos agentes da Guarda Civil Municipal aqui dentro porque de vez em quando a gente vê gente usando drogas aqui tanto de dia quanto de noite. Melhorou, o ambiente, mas está longe de ser perfeito", explicam a monitora Daniele Pereira, de 29 anos, e a coordenadora pedagógica Natasha Salvador, de 25, que aproveitavam o horário do almoço para dar uma corrida na parte de dentro do horto.
Já a torre de observação de pássaros está trancada atualmente. A estrutura aguarda o conserto do elevador que permitirá que cadeirantes possam acessar o topo da torre e que deverá ocorrer em até seis meses.