Santos

Prefeitura sinaliza ajuda para alinhar prédios inclinados no litoral de SP

Situação dos imóveis inclinados em Santos é preocupante. Mês passado, em um outro encontro dos síndicos, foi revelado que a inclinação dos prédios é de 1,0 a 1,5 centímetro por ano

Carlos Ratton

Publicado em 12/09/2024 às 06:15

Atualizado em 12/09/2024 às 10:43

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Prefeitura pode entrar como parceira da associação dos síndicos dos prédios inclinados na busca de uma solução econômica / Nair Bueno/DL

A Prefeitura de Santos mostrou, na última terça-feira (10), que pode entrar como parceira da associação dos síndicos dos prédios inclinados na busca de uma solução econômica visando o realinhamento de pelo menos 65 dos 319 imóveis da Cidade que estão na situação mais crítica. 

O secretário de Governo Fábio Ferraz disse, na reunião realizada com cerca de 20 síndicos da associação, que, após consultar a Caixa Econômica Federal (CEF), haveria a possibilidade da Administração ser uma espécie de fiadora ou avalista de um futuro financiamento bancário visando reaprumar os edifícios. 

“Seria uma situação inédita e inovadora no ponto de vista jurídico, que seria necessária autorização da Câmara de Vereadores por intermédio de uma lei autorizativa. Uma espécie de pacto em que o poder público seria garantidor de um financiamento para as intervenções nos condomínios afetados, representados pela associação”, confirmou Ferraz após a reunião.

Durante o encontro, o advogado Marcelo Marsaioli disse que além da Câmara de Santos, todo o processo envolvendo a parceria entre a Prefeitura e a associação, tem que ser submetido ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) para que problemas jurídicos futuros sejam evitados. 

Não para

A situação dos imóveis inclinados em Santos é preocupante. Mês passado, em um outro encontro dos síndicos, foi revelado que a inclinação dos prédios é de 1,0 a 1,5 centímetro por ano, em média, e não vai parar. 

Também que custo de reaprumo gira em torno de R$ 20 milhões – dependendo da estrutura de cada edifício – e o trabalho de engenharia leva em torno de um ano. Não tem como calcular o tempo para um prédio colapsar, ou seja, chegar ao ponto de perigo de ter que ser desocupado.   

As informações foram passadas pelo engenheiro civil Evandro Rossi Dasambiagio. O problema que envolve quase 23 mil unidades habitacionais que fazem parte das mais de três centenas de edifícios inclinados na Cidade, sendo 65 que exigem mais atenção, com inclinação lateral de 50 centímetros ou mais.

“Ao longo do tempo, quando a inclinação for aumentando, pois os prédios não vão parar de inclinar, a margem de segurança vai sendo consumida até a necessidade de intervenções civis urgentes, como interdição e evacuação do prédio”, afirmou o engenheiro, responsável por laudos de boa parte dos prédios santistas.   

Evandro Dasambiagio explica que a solução seria uma nova e profunda fundação; corte de pilares, reaprumo com macacos hidráulicos e reforçar os pilares. Isso obrigaria os moradores a saírem dos prédios em obras durante o dia e voltarem à noite somente para dormir, depois da garantia diária de segurança”, explica o engenheiro.

O profissional disse, porém, que as inclinações não permitirão o efeito dominó – um prédio derrubando o outro. “Qualquer que seja a situação do prédio, se chegar a situação de colapso e desabar, sempre será no sentido vertical, para baixo e nunca para os lados”, garante.    

Bairros

O Embaré aparece no topo como o bairro mais afetado pela inclinação de edifícios com 18 prédios tortos, seguido pelo Boqueirão, com 16, e Aparecida, que registra 14 construções com problemas de estrutura.

A lista inclui até um edifício de alto padrão na Washington Luiz, no Gonzaga, onde Pelé adquiriu seu primeiro imóvel em Santos. Também estão na relação importantes marcos da arquitetura local, como os edifícios Ilhas do Sul e Jardim do Atlântico, na Praia da Aparecida, e o Enseada, no curvão da Ponta da Praia. 

Os edifícios Anhembi e Iris são os mais inclinados.

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