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REFERÊNCIA

Pilar do Porto, ACS é o maior centro de excelência em café no mundo

Mais de mil classificadores e degustadores de café dos cinco continentes foram formados pela Associação Comercial de Santos ao longo dos últimos 35 anos

Nilson Regalado

Publicado em 02/02/2024 às 06:40

Atualizado em 02/02/2024 às 17:59

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Maior expert em excelência do grão no mundo, a Associação Comercial já formou mais de mil classificadores e degustadores de café em 35 anos de cursos / Igor de Paiva/DL

Portas abertas para o mundo, o Porto de Santos acumula superlativos. E um deles é o fato de ser o maior corredor de exportação de café do Planeta. Mas, esse título não seria tão eloquente se, na retaguarda, não houvesse a Associação Comercial de Santos (ACS). E esse ganha-ganha começou lá atrás, quando os trens da São Paulo Railway, do Barão de Mauá, começaram a despejar na estação do Valongo o grão trazido de Jundiaí. Mas, lá se vão 157 anos. Desde então, Santos se consolidou, cresceu e pulverizou as riquezas geradas pelo ‘ouro verde’. Hoje, todos os contratos futuros para venda de café negociados na Brasil, Bolsa e Balcão (B3), a bolsa de valores e mercadorias de São Paulo, são certificados pela ACS.

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“O café é a fortaleza da Associação Comercial e sempre foi o motor de Santos. E a Cidade é estratégica para o País porque um quarto do PIB do Brasil passa por aqui. Santos é o Porto do Brasil!”, resume Mauro Sammarco, presidente da ACS, reeleito para o segundo mandato em março de 2023. “E a tendência é continuarmos crescendo por muitos anos”, completa o presidente.

Maior expert em excelência do grão no mundo, a Associação Comercial já formou mais de mil classificadores e degustadores de café em 35 anos de cursos e oficinas, distribuindo conhecimento sobre o tema para os cinco continentes.

Toda a expertise desenvolvida desde sua fundação, em dezembro de 1870, também transfere à Associação Comercial a autoridade de emitir laudos definitivos na arbitragem de eventuais divergências entre exportadores e importadores.

E essa credibilidade leva os profissionais da ACS a provar, em média, 120 a 160 xícaras de café por dia. O recorde foi de 470 xícaras em um único dia de trabalho. A equipe é formada por três árbitros aptos a fazer a análise técnica sobre a qualidade do grão.

E todo o processo começa com o envio pelo exportador de 500 gramas de café cru com a descrição do lote, do ano-safra e do tipo do grão, seja ele arábica ou conilon. Antes da análise sensorial, o material é classificado pela quantidade de defeitos, como a eventual presença de galhos e imperfeições que vão interferir na qualidade da bebida. O calibre dos grãos também é avaliado.

Assim, quanto menos defeitos e quão maior o tamanho dos frutos, melhor a nota e mais alto o valor do lote. Depois de passar pela análise visual e pela peneira que separa os grãos pelo calibre, eles vão para a torra a 150 graus Celsius para retirada de toda umidade. O ponto certo para não perder a qualidade é quando o grão verde atinge a cor de chocolate. A partir daí, ele pode ser moído.

A água a ser utilizada no preparo passa por cinco tipos diferentes de filtragem no laboratório da ACS para eliminar qualquer substância que possa interferir na análise sensorial. A água precisa estar a 96 graus Celsius.
Por fim, cada árbitro analisa dez xícaras do mesmo lote, com dez gramas de pó. E dá a nota para o lote. Esse é o padrão estabelecido pela Associação Comercial e aceito pelo mundo todo.

MOTOR DA CIDADE.

A ACS surgiu da necessidade dos exportadores de café se organizarem para atender as exigências do mercado internacional. Naqueles dias, as exportações ganhavam fôlego com o avanço da produção brasileira e, principalmente, com o aumento exponencial na capacidade de transporte dos grãos, desde os rincões mais distantes do interior paulista até o Porto, que começava a se organizar.

“O Brasil deve muito ao café e a Associação Comercial é uma instituição histórica, que surgiu para melhorar o ambiente de negócios. Era um momento de grandes mudanças na sociedade”, explica Sammarco.

Hoje, a ACS tem 345 associados e 25 câmaras setoriais. “Com o tempo, agregamos os demais segmentos econômicos”, salienta o presidente. E a representatividade dos associados na economia nacional se espelha em números. Dentre os empresários com voz na Associação Comercial, há “muitos com faturamento maior que o PIB de alguns estados brasileiros”, revela Sammarco.

“Isso nos permite uma conversa transversal com todos os segmentos da economia local e nacional”, relata o presidente. Nesse universo, 80% dos associados estão ligados, direta ou indiretamente, às atividades portuárias.

SEMINÁRIO.

A relação da ACS com o ‘ouro verde’ e com o cais santista é tão íntima que desde 1972 a entidade promove o Seminário Internacional do Café. O evento acontece a cada dois anos. Na última edição, em 2022, a participação foi recorde, com 500 participantes, entre especialistas, produtores, pesquisadores, exportadores, compradores e representantes da indústria de 20 países diferentes.
Em 2024, pela primeira vez na história, o evento não será realizado no Guarujá. Em Santos, o 24º Seminário Internacional do Café terá um dia a mais de agenda e a programação projeta mais palestras, painéis, reuniões e estandes. A expectativa é superar o número de participantes e ampliar as conexões e, consequentemente, as oportunidades de negócios.
“Nosso papel é gerar negócios, criar interlocução”, conclui o presidente da Associação Comercial de Santos. O Seminário Internacional do Café acontece entre os dias 21 e 23 de maio, no Blue Med Convention Center, na Ponta da Praia.

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