Santos

Pessoas em situação de rua denunciam violência na Baixada Santista

O último caso, ocorreu em Santos e teve como vítima o cadeirante Rogério Aparecido Pereira dos Santos - vinculado a vários conselhos municipais e entidades ligadas à Direitos Humanos

Carlos Ratton

Publicado em 27/01/2024 às 07:25

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Rogério Aparecido Pereira dos Santos é vinculado a vários conselhos municipais e entidades ligadas à Direitos Humanos / Nair Bueno/DL

Foram duas ações que, segundo testemunhas, foram truculentas, em menos de 24 horas, entre o primeiro e o segundo caso, de denúncia de agressão a pessoas em situação de rua por policiais da Operação Verão.

O último caso, ocorreu em Santos e teve como vítima o cadeirante Rogério Aparecido Pereira dos Santos - vinculado a vários conselhos municipais e entidades ligadas à Direitos Humanos, como o Movimento Nacional de Luta e Defesa da População em Situação de Rua.

Rogério Santos está sendo assistido em um dos abrigos da Prefeitura. Ele conta que resolveu passar a madrugada de segunda para terça-feira (16) no calçadão do Boqueirão quando foi abordado pelo policial militar que pediu seus documentos mas, antes, perguntou se Santos teria alguma passagem policial.

"Eu disse que sim e ele me perguntou se eu fazia parte de alguma facção. Eu disse que não e que nada teria a ver comigo. Aí passei a ser xingado e, quando eu falei que conhecia meus direitos e que seria integrante de conselhos e outros órgãos, ele me deu o primeiro tapa. Os demais (dois) vieram sequencialmente, principalmente quando eu disse que, por pagar impostos, eu estava pagando o salário dele e isso não dava o direito de ele me agredir sem motivo", narra, alertando que o outro policial nada fez e que pediu ajuda para uma guarda municipal, que teria registrado o ocorrido.

ROTINA.

A coordenadora do Movimento Nacional de Luta e Defesa da População em Situação de Rua e diretora do Jornal Vozes da Rua, Laureci Elias Dias, a Laura Dias, diz que agressão a vulneráveis está se tornando rotina na ação dos policiais da Operação Verão.

"Na segunda feira, aconteceu situação parecida em São Vicente, quando um companheiro foi agredido porque não teria levantado as mãos. A mulher dele foi agredida duas vezes. Fui reclamar e chamaram reforços para continuar a ação. Foi uma violação de direitos e, novamente, a população de rua é aviltada todos os dias", afirma.

SÃO VICENTE.

Laura Dias refere-se ao rapaz que participava do Fórum PopRua Baixada Santista, no Espaço Multicultural de São Vicente, na praça 22 de Janeiro, próximo à Biquinha. O caso foi registrado na Delegacia Sede do Município e a Corregedoria da Polícia foi comunicada.

O Fórum visava fomentar apoio e reinserção produtiva da pessoa em situação de rua e, por isso, reuniu não só pessoas vulneráveis mas também técnicos de diversas prefeituras que lidam com pessoas em situação de rua de toda a Baixada Santista.

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Às 17 horas, momento em que ele foi buscar outros vulneráveis para ter acesso ao lanche que estava sendo distribuído, policiais militares o abordaram.

"Pediram para ele colocar a mão na cabeça e, na sequência, um policial o pegou pelas pernas e o jogou no chão. Ele foi algemado e levado para viatura", relatou uma pessoa que presenciou a agressão mas tem medo de se identificar porque também está em situação de rua.

O funcionário público em duas prefeituras, consultor Técnico e cofundador e colaborador do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Saúde (NEPSSA), José Carlos Varella, presenciou toda a investida da polícia, que jogou o rapaz dentro da viatura e o levou para a delegacia.

"Temos muitos vídeos da ação dos policiais. Eu estava desmontando os equipamentos quando fui acionado e presenciei o tumulto generalizado. Ele foi arrastado por seis policiais e sua esposa, desesperada, bateu com uma toalha no braço de um policial que revidou com um cassetete", relata Varella.

SECRETARIA.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirma que não localizou nenhum registro com as informações enviadas pela Reportagem e esclarece que a Corregedoria está à disposição para a formalização de denúncias.

Sobre o caso de São Vicente, informa que o caso foi registrado pelo 1° Distrito Policial de São Vicente como resistência. Os envolvidos foram levados para a delegacia e prestaram depoimento à autoridade policial.

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