Os gaviões também têm interesse em viver nas cidades devido à grande oferta e facilidade de presas / Patricia Mantovani/Leitor DL
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Preocupado com o bem-estar dos gaviões, que foram alvo de notícias irresponsáveis, falando que eles estão atacando pessoas e que isso pode ter resultado na morte de ao menos um exemplar, ontem, no canal 3, o Clube de Observadores de Aves de Santos (COA Santos) se posicionou a respeito do assunto. Leia o que eles disseram:
“Recentemente, vieram à tona relatos de uma série de investidas realizadas pelo gavião-asa-de-telha (Parabuteo unicinctus). Esta espécie frequenta as nossas cidades há décadas e está amplamente adaptada aos ambientes urbanos de Santos e de diversas cidades da Baixada Santista e do Brasil.
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A presença dela nas cidades está associada a alguns fatores ecológicos como a perda de habitat e, também, à ocupação de novos nichos.
Não podemos subestimar as espécies, os gaviões também têm interesse em viver nas cidades devido à grande oferta e facilidade de presas, principalmente o pombo-doméstico, uma espécie que foi naturalizada há muito tempo no Brasil, convive conosco nas cidades e pode ser vetor de doenças.
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Os gaviões cumprem um papel fundamental nas cidades no controle populacional dos pombos e também podem ser considerados sentinelas da saúde das aves urbanas, porque estão no topo da cadeia alimentar, ou seja, por meio deles podemos obter informações sobre a saúde, a dieta e até sobre contaminação por componentes químicos das demais espécies.
O caso dos ataques, no entanto, é delicado. Os animais não escolhem deliberadamente os humanos como alvos, eles apenas reagem a situações específicas.
Estamos no período reprodutivo desta espécie e muitos estão com filhotes, fazendo com que fiquem mais defensivos. Mas isso não deve ser visto como um perigo generalizado, é apenas um comportamento de cuidado com os filhotes.
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Uma medida eficaz para diminuir novos acidentes seria a sinalização dos ninhos, avisando a população de que ali é uma possível área de ataque e, também, monitorar os animais para compreender se há algum outro fator que influencie nos ataques e estimar sua população, assim podemos quantificar os animais e entender se há espaço para todos.
A princípio, não é necessário manejar os animais, principalmente porque estão com filhotes que dependem exclusivamente dos pais.
O mais prudente é monitorar e sensibilizar a comunidade ao redor dos ninhos. Felizmente, a grande maioria das pessoas tem um carinho muito grande pelos gaviões e os admiram, ainda que uma pequena parcela acredite que as cidades e os animais devem permanecer separados e distantes”
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Vale lembrar que maltratar, matar ou capturar qualquer animal silvestre é crime ambiental. Denúncias podem ser encaminhadas para os órgãos competentes.
A página do COA Santos pode ser acessada aqui.