Edifícios Trend e Fusion Home, na Rua Emílio Ribas, estão com acessos de veículos bloqueados. Moradores reclamam falta de planejamento / Nair Bueno/Diário do Litoral
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Centenas de pessoas que moram nos edifícios Trend Home e Fusion Home, na Rua Emílio Ribas - trecho entre as ruas Silva Jardim e Campos Melo - estão passando por uma situação surreal: proibidos de entrar com seus veículos nas garagens de seus prédios porque a empreiteira, contratada pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), está realizando obras de remanejamento de drenagem para garantir a implantação do Veículos Leves Sobre Trilhos (VLT).
Segundo apurado pela Reportagem, a situação perdura desde dezembro. Não houve apresentação do Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). A construtora somente comunicou que as entradas dos dois edifícios, cada um com 276 apartamentos, ficariam bloqueadas por três meses para a execução da obra. As casas do entorno também estão com suas garagens bloqueadas.
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Só há como acessar os prédios a pé. Levado pela urgência, o síndico do Trend teve que optar por uma solução caseira: quebrou uma parede entre os dois edifícios (são condomínios mistos, torres residenciais e comerciais), sem assembleia, para permitir o acesso pela Rua Silva Jardim.
Em contato com a Companhia de Tecnologia em Saneamento Ambiental (Cetesb), para tentar mitigar o impacto causado pela obra pública, um morador soube pelo licenciador que não havia, no Estudo de Impacto Ambiental (EIA), previsão de bloqueio total de nenhuma via. A Cetesb ainda disse que os moradores deveriam ser informados sobre as fases da obra de acordo com o plano de comunicação.
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MORADOR.
Jorge Camelo mora no Trend e garante que a empreiteira contratada pela EMTU praticamente impôs a medida de urgência realizada pelo condomínio (quebra de uma parede para dar acesso ao edifício comercial vizinho). "Quando percebemos, já estávamos ilhados. A Cetesb disse para nós que a rua deveria ser interditada parcialmente e não da forma que foi. A sorte é que o condomínio comercial permitiu a abertura de um acesso e estamos saindo e entrando por ele para chegar no nosso prédio. Um absurdo total. Não nos deram opção", desabafa.
O morador alega que a EMTU não dá previsão de término da obra e nem de ressarcir os prejuízos financeiro e emocional dos moradores. "Imagino a situação dos demais moradores da rua que também estão impedidos de colocar os seus veículos nas residências. Têm garagem e estão pagando estacionamento. A pessoa arca com uma despesa totalmente desnecessária. Para agravar, não só nos prédios, mas nas casas da rua, tem idosos, pessoas especiais, com locomoção limitada, sem saber o que fazer e a quem recorrer", finaliza.
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SEGUNDA FASE.
As obras da segunda etapa do VLT foram iniciadas em agosto do ano passado e contemplam o trecho entre a Avenida Conselheiro Nébias e o Terminal Valongo, em Santos. Essa fase receberá investimento de R$ 217,7 milhões e consiste em oito quilômetros de extensão e 14 estações com acessibilidade.
A obras da segunda fase foram iniciadas em quatro pontos de Santos. As ruas João Guerra; Emílio Ribas (objeto desta reportagem), Cunha Moreira e Rodrigues Alves. A previsão é de que o trabalho nesses locais prossigam até o primeiro trimestre - final de março.
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EMTU.
Procurada, a EMTU garante que os moradores dos condomínios citados possuem alternativas de entrada e saída de veículos pela Rua Silva Jardim, 166 e Rua Campos Mello, 157. Essas rotas, diz, foram definidas em encontros com representantes dos moradores ocorridos em novembro e dezembro de 2020, incluindo contato com síndicos e reuniões de condomínio.
Além disso, foi realizada comunicação por meio de panfletos nos arredores dos prédios, informando sobre as obras de drenagem relacionadas à segunda fase do VLT.
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A empresa reitera que as obras do trecho Conselheiro Nébias - Valongo estão em execução conforme o projeto executivo final aprovado tanto pela Prefeitura de Santos como pela Cetesb e que o Ministério Público acompanhou o processo de elaboração e aprovação dos projetos.
Também afirma que as interdições das vias são realizadas somente após aprovação de Plano de Desvio de Tráfego pela CET/Santos e publicação no Diário Oficial do Município para informação geral.
"A divulgação é reforçada por agentes da comunicação social com a distribuição pessoal de panfletos. São também canais de comunicação com a população os telefones 3346-8700 e 0800-215-011 e o e-mail [email protected]", informa.
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A EMTU finaliza enfatizando que o projeto da segunda fase do VLT foi desenvolvido sempre levando em conta a participação da população por meio de audiências públicas. "É um empreendimento do Governo do Estado que vai facilitar a mobilidade diária de 35 mil pessoas, além de revitalizar a área central de Santos, unindo bairros ao centro, pontos turísticos e de
trabalho".