Santos

O legado da Padaria Nova Seara, que há mais de 100 anos produz pão em Santos

História centenária, legado familiar e o frango assado que atravessa gerações na Vila Matias

Isabella Fernandes

Publicado em 20/11/2025 às 11:03

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A história da Seara começa muito antes de a família assumir o comando / Isabella Fernandes/DL

Continua depois da publicidade

Há mais de dez décadas, a padaria Nova Seara funciona de segunda a segunda. Localizada na esquina da Avenida Senador Feijó com a Avenida Rangel Pestana, na Vila Mathias, o estabelecimento é um dos mais antigos e tradicionais de Santos. A padaria centenária guarda histórias e memórias de cada cliente que já passou por lá e, claro, mantém o famoso frango assado que todo santista já provou pelo menos uma vez na vida.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Hoje, quem está à frente da padaria é Bruno Ferreira, de 31 anos, que segue tocando o sonho iniciado por seu pai, Jerônimo Ferreira. Mas a história da Seara começa muito antes de a família assumir o comando e suas raízes se misturam com a própria história da cidade.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Café Carioca celebra 86 anos de história e tradição no coração de Santos

• Restaurante Washington mantém viva a tradição no Centro Histórico de Santos

• Torta de banana emociona gerações com sabor que não muda há décadas em Santos

Uma padaria mais que centenária

Bruno conta que a idade da padaria foi descoberta, em parte, graças a relatos de antigas frequentadoras, incluindo a neta de uma ex-proprietária, que nasceu no próprio imóvel onde hoje funciona a Seara. A outra confirmação veio durante a reforma quando, ao quebrarem o chão, foram encontrados quatro pisos comerciais diferentes, cada um instalado em um período distinto, com intervalos de cerca de 20 a 25 anos.

“Isso mostra que ela existe há bem mais de 100 anos. É, tranquilamente, a padaria mais velha em operação da cidade”, diz Bruno.

Continua depois da publicidade

Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL
Isabella Fernandes/DL

Esforço e sonho

A Seara por muito tempo foi administrada pelo seu João, figura marcante na região. Proprietário de comércios e imóveis nos arredores, ele comandava a padaria ao lado da família quando conheceu Jerônimo, pai de Bruno.

Em 1980, jerônimo começou a trabalhar ali vendendo pães de triciclo, abastecendo restaurantes do Centro. Chegava a fazer o percurso quatro vezes por dia, jornadas que chegavam a 18 horas diárias.

O esforço chamava a atenção de seu João. A virada de chave veio quando Jerônimo comprou, por conta própria, uma máquina de moer pão para produzir farinha de rosca, uma atitude que demonstrou visão de negócio e compromisso com a qualidade para seu João.

Continua depois da publicidade

Logo após esse episódio, o proprietário convidou Jerônimo para ser sócio de uma padaria em Cubatão. A partir desse primeiro passo, o pai de Bruno expandiu sua atuação no ramo, participando também da rede Peg Pão, na Ana Costa, e de outras padarias tradicionais, como Roxy e Caiçara.

Quando seu João decidiu vender a Seara em 1985, ofereceu o negócio a Jerônimo e a outros sócios. A família Ferreira então assumiu o comando e, nos anos 2000, Jerônimo comprou a parte dos demais e tornou-se proprietário único.

Bruno cresceu entre balcões e fornadas

Com 31 anos, Bruno passou metade da vida trabalhando na padaria e começou como qualquer outro funcionário, sem privilégios de ser filho do dono.

Continua depois da publicidade

“Eu usava uniforme, chapéuzinho, ficava no balcão de pão. Saía do colégio e vinha direto pra cá. Ficava até as sete da noite”, lembra.

Antes disso, já frequentava o estabelecimento aos domingos, quando passava o dia com o pai.

Bruno chegou a se afastar por cerca de dois anos para estudar Administração e desenvolver um projeto de automação residencial, mas retornou ao negócio da família. A perda da irmã e o declínio da saúde do pai o colocaram à frente da padaria em definitivo. Jerônimo está internado há dois anos.

Continua depois da publicidade

“É muito prazeroso tocar o sonho do meu pai, mas é uma grande responsabilidade. Padaria não é fácil. A Seara é 24 horas, mesmo fechando às 23h00. Eu brinco que, se um dia me ver dizendo que é tranquilo, é porque eu não gosto da pessoa”, diz.

Três tradições que nunca mudam

Segundo Bruno, o segredo de se manter firme em uma época em que tantos negócios fecham está em respeitar três pilares da padaria: o pão francês de longa fermentação, o sanduíche de pernil na vitrine todos os dias e, por último, mas não menos importante, o frango assado diário.

“Tem gente que vem do morro, da Ponta da Praia, só pra buscar o frango da Seara. Isso é muito gratificante.”

Continua depois da publicidade

Uma padaria que nunca dorme

A Seara funciona de segunda a segunda e em feriados, Natal, Ano-Novo, Carnaval. E muito além do atendimento ao público, existe uma operação silenciosa que começa quando as portas fecham.

Pela madrugada, 5 mil pães são assados diariamente, abastecendo mais de 90 empresas da região, como o restaurante Washington, localizado no Centro Histórico de Santos, que funciona há mais de 111 anos.

“É por isso que digo que somos 24 horas. O forno não para”, explica Bruno.

Continua depois da publicidade

Além do pão e do frango, a padaria oferece confeitaria própria, salgados, doces e refeições completas. A última reforma investiu na ampliação do salão: hoje, a Seara serve café da manhã, almoço, lanche e jantar.

O antigo mercado foi reduzido e transformado em uma conveniência, já que o foco atual está na experiência do cliente nas mesas.

O futuro da Seara

Quando perguntado sobre expansão, Bruno é direto e afirma não pretender abrir outra unidade.

Continua depois da publicidade

“Todo o trabalho do meu pai foi aqui. Quero me dedicar a esta unidade, fortalecer o restaurante e, no futuro, usar o espaço do piso superior para ampliar o atendimento. Crescer, sim, mas aqui.”

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software