Os gatos pretos são, há séculos, alvos de mitos e superstições que os associam ao azar. / Nair Bueno/DL
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Os gatos pretos são, há séculos, alvos de mitos e superstições que os associam ao azar. Neste período que antecede o Dia das Bruxas, cresce a preocupação de protetores e ONGs, já que os felinos de pelagem escura se tornam mais vulneráveis a agressões, maus-tratos e até rituais. Por esse motivo, a ONG Patinhas que Brilham suspendeu as adoções desses animais em datas próximas ao Halloween.
Infelizmente, casos de violência contra gatos pretos ainda acontecem e já foram testemunhados por profissionais da área. Antes da pandemia, enquanto saía da faculdade, a veterinária Ana Vieira Gallotti se deparou com dois rituais envolvendo felinos pretos no Morro da Nova Cintra, em Santos.
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Ela conta que encontrou as cenas em dias diferentes, mas em locais próximos. Nos dois casos, os rituais seguiam o mesmo padrão: “os animais estavam abertos, e ao redor haviam flores amarelas e azuis, comidas e garrafas de bebida alcoólica”.
A veterinária destacou ainda que os gatos eram jovens, com cerca de dez meses ou menos, o que reforça relatos de que alguns grupos utilizam animais não castrados, pois “o animal, supostamente, tem que estar ‘inteiro’ para o ritual”.
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“Eu acredito muito que gatos pretos afastam energias ruins, mas infelizmente ainda tem muita gente maldosa”, afirma Ana.
A equipe do Diário do Litoral também conversou com representantes da ONG Patinhas que Brilham, que explicaram as dificuldades enfrentadas por gatos pretos em datas místicas e o preconceito que ainda cerca esses animais.
Por temor de maus-tratos e rituais, ONGs suspendem adoções de gatos
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Vanessa Roversi, voluntária desde 2017 e responsável pelas adoções, afirma que os gatos pretos são os que mais demoram a encontrar um lar: “É pelas superstições. Então, as pessoas não buscam a adoção do gato preto por conta disso. Elas preferem muito mais os gatos brancos. Os pretos vão ficando para trás.”
Durante os anos de trabalho com a ONG, Vanessa já ouviu inúmeros comentários preconceituosos. “Infelizmente eles carregam superstição. Por mais que eles não tenham culpa, eles carregam. Já ouvi falarem assim: ‘Ai credo, eu não quero gato preto porque ele é traiçoeiro. Aí eu prefiro o gato amarelo, que gato amarelo dá sorte e gato preto dá azar’”, relembra.
Para evitar que gatos pretos sejam adotados com más intenções e usados em rituais, a ONG Patinhas que Brilham veta qualquer doação desses animais no mês de outubro. A medida busca garantir a segurança dos felinos e reduzir as chances de agressões.
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Vanessa reforça que a cor do gato não deve ser um fator de escolha: “O amor dos gatos é incondicional. Então, você adotando um gato independentemente da cor, ele vai te dar amor, ele vai retribuir com gratidão o fato de você ter o adotado.”