A diarista Ivone Rosa (dir.), 43 anos, mora com a mãe e três filhas. Segundo ela, em 2010, uma obra da Prefeitura prejudicou o imóvel, que está abaixo do nível da rua / Rodrigo Montaldi/DL
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A casa de três cômodos é humilde. Nela moram cinco mulheres – três adultas e duas crianças. O imóvel, localizado na Rua Andrade Soares, 525, no Caruara, Área Continental de Santos, está abaixo do nível da rua, que recebeu, em 2010, asfalto e sistema de drenagem. Desde então, as moradoras convivem com alagamentos e em orações para acordar sem que o teto tenha caído por cima de seus corpos. Com renda de um pouco mais de R$ 800 mensais – menos que um salário mínimo – a família espera o apoio da Prefeitura para sair desta situação.
“Por conta do asfalto nivelaram a rua e a casa ficou muito baixa. Quando chove muito ou a maré está alta isso aqui vira um rio. A última vez ficamos com água pela cintura. Ficamos sete dias fora de casa. O sistema de drenagem não dá conta. A empresa que fez o asfalto, na época, viu a nossa situação e fez um ralo na frente, mas não adianta. Não é só aqui. Se vocês forem em outras casas vão ver que tem o mesmo problema”, afirmou Ivone Rosa de Oliveira, de 43 anos.
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Ivone é diarista e a única renda que entra na casa é dela, que mora com as três filhas e a mãe. Segundo a moradora, um representante da Prefeitura de Santos esteve no imóvel e disse que auxiliaria a família na reforma. “Os moradores mais prejudicados foram atendidos pela Prefeitura. A umidade mexeu com a estrutura da casa e já está caindo as telhas. Na última enchente perdemos móveis. Aqui chove mais dentro do que fora. Vieram aqui e tiraram até foto. Falaram para a gente alugar casa até que ficasse pronta. A gente não tem condições de reformar”, destacou.
A Reportagem entrou na casa de Ivone e constatou a falta de estrutura do imóvel. Sem saber mais a quem apelar, as moradoras esperam pelo apoio prometido. “Estamos cobrando da Prefeitura uma providência porque ela prometeu. Moramos há mais de 30 anos no Caruara e todo mundo conhece e sabe da situação. Estamos cobrando porque alguém prometeu. Se tivesse condições já tinha feito, não tinha pedido para ninguém. Rezo todos dias para não acordar com a casa em cima da cabeça”, afirmou a diarista.
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Resposta
O Diário do Litoral questionou a Prefeitura de Santos sobre a situação da família de Caruara. A Administração Municipal confirmou que na época da obra de pavimentação e execução da rede de drenagem na via pública, a moradia recebeu atenção especial dos técnicos e engenheiros que instalaram uma caixa de passagem para escoamento de águas pluviais, interligada com o sistema subterrâneo da via pública – o ralo que a Reportagem verificou no quintal do imóvel.
No entanto, a Prefeitura disse que não foi a pavimentação que provocou o desnível da residência, conforme o relato dos moradores, e que ‘trata-se de uma moradia antiga, construída abaixo do nível da rua, motivo pelo qual nos dias de chuva ocorre alagamento no quintal’.
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Sobre a promessa de reforma, também relatada pelas moradoras na reportagem, a Administração Municipal informou que ‘a subprefeitura se dispôs a ajudar a família fazendo intermediação com programas sociais e parcerias com a iniciativa privada para obter doações de materiais de construção para ajudar na reforma e que, legalmente, não pode executar obras e reformas em imóveis particulares, somente em próprios municipais’.