Em Santos, o Gavião-asa-de-telha foi fotografado 175 vezes / Pedro Behne
Continua depois da publicidade
O Gavião-asa-de-telha (Parabuteo unicinctus) se envolveu em uma polêmica nesta semana, em Santos, quando algumas notícias informaram que ele atacou pessoas. Noticiar sem contar o outro lado pode ser uma irresponsabilidade e levar pessoas a maltratar essa bela ave, que, no geral, não oferece perigo e raramente ataca humanos.
Ela apenas tenta coexistir, se adaptar à nova realidade de seu habitat e defender sua cria, assim como muitas pessoas fazem diariamente.
Continua depois da publicidade
De acordo com os especialistas, habita regiões campestres, áreas de várzeas, manguezais, pastagens, campos de cultivo e campos nativos como o cerrado e a caatinga, e está cada vez mais comum em áreas urbanas como no Rio de Janeiro, São Paulo e Santos, desde que encontre nesses locais presas suficientes para manter a espécie.
Em Santos, encontrou um ambiente propício nos canais, principalmente por conta das árvores altas.
Continua depois da publicidade
O biólogo e autor do livro “Aves da costa da Mata Atlântica”, Leonardo Casadei, disse que a ave está se alimentando do pombo-doméstico, o que é bom, já que ele pode transmitir doenças para os humanos.
Falando de alimentação, uma característica notável é que caça em bandos, coisa pouco comum entre as aves de rapina, já que a maioria é antissocial. É bastante inteligente, caçando cooperativamente.
Quanto às notícias veiculadas recentemente, Casadei falou que o ataque dos gaviões não é comum e chega até a ser raro. Disse que, provavelmente, algum indivíduo mais territorialista está com ninho e defendendo o seu bebezinho.
Continua depois da publicidade
“Na verdade, ele só quer afugentar as pessoas. Ele não quer atacar ou machucar, só quer que você saia de perto. Às vezes, em um desses rasantes, pode ser que ele machuque, como noticiaram, mas é uma situação bem difícil de acontecer.”
O biólogo disse ainda que, caso seja atacado pelo gavião, a dica é proteger a cabeça, os olhos e sair do local o mais rápido possível, porque deve ter um ninho por perto. Se possível, evitar de passar nesses locais.
“A prefeitura poderia mapear esses ninhos e colocar uma faixa zebrada ou algo que impeça as pessoas de circularem por perto na época da reprodução do gavião, que é a época que estamos agora. A gente não pode e não deve demonizar o animal e dizer que ele é ruim por conta dessa situação. No passado, corujas foram mortas por se dizer que elas eram de mal agouro, né? E tanto as corujas quanto os gaviões são animais lindos e necessários para a natureza e para nós.”
Continua depois da publicidade
Em Santos, o Gavião-asa-de-telha foi fotografado 175 vezes e tem quatro registros sonoros depositados nos arquivos do WikiAves.
Vale lembrar que maltratar, matar ou capturar qualquer animal silvestre é crime ambiental e denúncias devem ser encaminhadas para os órgãos competentes.