Santos

Entre família e churrasco, o Ao Chopp do Gonzaga mantém sua essência em Santos

Casa familiar atravessa gerações desde a década de 1960 e preserva receitas, histórias e clientes fiéis

Isabella Fernandes

Publicado em 31/12/2025 às 07:33

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Tudo começou com um balcão que servia churrasco em uma época em que a cidade de Santos ainda não conhecia muito bem essa palavra. / Isabella Fernandes/DL

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Tudo começou com um balcão que servia churrasco em uma época em que a cidade de Santos ainda não conhecia muito bem essa palavra. Eram apenas 17 lugares, nenhum salão, nenhuma mesa e só carne no espeto, chope bem tirado e uma ideia que, sem saber, atravessaria gerações.

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A história do tradicional Ao Chopp do Gonzaga começou na década de 1960 pelas mãos do espanhol Venerando Rodrigues Quinones e seguiu com seu filho, José Rodrigues Neto, o eterno Zé do Chopp, que faleceu em março de 2025, aos 75 anos. Hoje, quem mantém o legado são os irmãos Thiago Rodrigues, 47, Thaiza Rodrigues, 45, e Vinicius Rodrigues, 45.

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Isabella Fernandes/DL
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Primeiro churrasco da Baixada

Antes de chegar ao Gonzaga, Venerando teve outros restaurantes em sociedade. Eram casas de sucesso, mas que exigiam jornadas exaustivas. A solução foi diminuir. O Gonzaga, ainda em formação, parecia uma aposta arriscada. “Era basicamente terra, algumas casas e a Praça Independência. Mas começou um burburinho de crescimento”, lembra.

O imóvel escolhido ficava na na Avenida Ana Costa, 512, é o mesmo que abriga o restaurante até hoje. A proposta era um balcão pequeno, fácil de administrar. Faltava decidir o cardápio. “Naquela época, churrasco era algo muito mais familiar do que de restaurante. Não existia churrascaria na Baixada Santista”, explica.

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Mesmo assim, a escolha foi feita, com um plano B. Se não desse certo, ficariam nos sanduíches clássicos, como bauru e americano. Não precisou. Em menos de um ano, o churrasco venceu. Os sanduíches foram embora.

Molho famoso

Com o sucesso da carne, surgiu a preocupação de criar algo que fosse único. “Qualquer bar ou restaurante precisa ter alguma coisa que seja só sua. Senão, vira só mais um”, reforça Thiago.

Foi assim que nasceu o Molho Bom Gosto, hoje conhecido como molho de cebola especial do Ao Chopp do Gonzaga. A receita, criada pelo avô após pesquisas em São Paulo com diferentes chefs, é patenteada desde 1963 e permanece guardada até hoje.

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“O molho tem oito ou nove tipos de ervas. Elas chegam frescas e são desidratadas na fumaça do carvão. Só isso já muda tudo”, revela. O preparo leva um dia inteiro e segue o modo artesanal mantido pela casa há mais de seis décadas.

Essa mentalidade de pensar à frente também está na origem do próprio nome do restaurante. Em uma época sem internet ou redes sociais, Venerando entendeu a importância de visibilidade na antiga lista telefônica, organizada em ordem alfabética.

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Para aparecer logo no início, optou por “Ao Chopp do Gonzaga”, em vez de apenas “Chopp do Gonzaga”. “Meu avô sempre teve essa cabeça de antecipar o que fazia diferença”, resume Thiago.

Crescer atrás do balcão

“Eu lembro do balcão acima da minha cabeça. Apertava botão do caixa, brincava com as alavancas. Os funcionários me viram crescer”, conta.

Por isso, a retirada definitiva do balcão após a pandemia foi um momento difícil e aconteceu no dia do seu aniversário. “Foi muito doloroso. Mas os hábitos mudaram. As pessoas passaram a buscar mais conforto.”

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Mesmo assim, a essência permanece. “O que você comia aqui há 30 anos é o mesmo de hoje. A gente não mexe na comida. Isso é raro.”

Negócio da família

Formado em publicidade, Thiago tentou seguir outros caminhos antes de assumir o negócio da família. Em 2002, pediu seis meses ao pai para tentar e ficou até hoje.

“Restaurante não é como outras profissões. Você trabalha com o prazer das pessoas. Elas vêm aqui para celebrar, relaxar, estar bem. Se você não for apaixonado, não aguenta”, diz.

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A presença constante no salão e na cozinha faz parte dessa entrega. “Eu conheço a carne de longe. Se não está boa, não entra. Meu cliente percebe tudo.”

Crises, reinvenção e permanência

Ao longo de 63 anos, o restaurante atravessou planos econômicos, crises de abastecimento, mudanças no consumo e uma pandemia. “Teve época que quase fechamos. Mas estamos aqui.”

Para Thiago, a fidelidade dos clientes é o maior patrimônio. “O melhor elogio não é ‘está gostoso’. É ouvir: ‘Isso não muda’. Isso é muito difícil de manter.”

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Um legado que segue vivo

Hoje, a quarta geração já desponta na família. Sem imposições, apenas com exemplo. “Ou você não quer nada com isso, ou você se apaixona. Meio termo não existe.”

Tudo o que Thiago é hoje começou em um balcão de 17 lugares. “Tenho uma dívida de gratidão com a minha família e com este restaurante, e honro esse legado diariamente.”

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