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Santos

Coronavírus: exame de gestante que morreu em Santos não tem prazo para chegar, diz filha

Promessa inicial era de que resultados de exame chegariam até quarta-feira (25), mas agora, não há mais prazo

LG Rodrigues

Publicado em 24/03/2020 às 12:59

Atualizado em 24/03/2020 às 13:25

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Cleide faleceu no domingo após passar quase uma semana internada em Santos / Arquivo Pessoal

A gestante de 43 anos que faleceu na madrugada deste domingo (22) no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, com sintomas similares ao de pacientes que contraíram o coronavírus, não teve o exame de Covid-19 divulgado. De acordo com a filha dela, a promessa era de que as autoridades médicas divulgariam o resultado do teste ainda durante esta semana, mas isso não ocorreu e agora não há mais prazo para que o documento chegue.

Cleide Renata Marques era moradora de São Vicente. Ela estava grávida e foi internada no Hospital Guilherme Álvaro após ter desenvolvido febre alta e falta de ar. Depois de dias internada, ela perdeu o bebê e veio a falecer durante as primeiras horas de domingo.

De acordo com a filha dela, Bruna Marques Monteiro, a promessa, enquanto sua mãe e o bebê ainda estavam vivos, era de que o resultado do exame seria divulgado durante esta semana e estaria na mão dos familiares de Cleide até quarta-feira (25). Na manhã desta terça-feira (24), porém, ela retornou à unidade de saúde e recebeu, de fato, todos os resultados de exames da mãe, o que incluía tomografia e outros testes. Apenas um resultado estava faltando: o do exame que atestaria ou descartaria se a mulher estava mesmo com o coronavírus.

“Peguei tomografia, todos os exames que ela fez, menos da Covid-19. O médico me pediu para vir na segunda ou terça, ou seja, ontem ou hoje, dizendo que o resultado já teria saído, mas acabei de sair do laboratório e agora eles não têm mais previsão para chegar o resultado. Acho engraçado que antes tinha data e agora não tem mais data, do nada, não tem mais previsão”, afirma Bruna.

Segundo ela, a preocupação agora se dá não apenas com ela mesma, mas com todas as pessoas que tiveram contato com Cleide durante as últimas semanas.

“O cara foi muito simples comigo: 'Bruna, não tem previsão'. Me deram um número de telefone para eu ficar ligando das 9h às 23h todos os dias para ver se o resultado chegou. Vou ficar assim até quando? Minha mãe já faleceu, ninguém dá suporte, um parecer e tivemos contato com ela. No dia do óbito perguntei se deveria fazer exame e o médico disse que eu tinha que esperar o resultado dela para eu fazer o meu, então não estão nem aí. Tá todo mundo da minha família correndo perigo. Eu quero o resultado porque eu preciso cuidar da minha família”, conclui.

A Reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo na noite de sexta-feira (20) por e-mail para confirmar todas as informações repassadas pela família e para conseguir informações do estado de saúde da paciente e recebeu uma ligação minutos após a mensagem ter sido enviada.

Por telefone, a Secretaria de Saúde informou que adotou um novo protocolo e não está mais repassando informações sobre casos particulares devido ao número de pacientes que estão com suspeita de coronavírus.

RELEMBRE.
Cleide foi internada no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, com suspeita de ter contraído o coronavírus, na segunda-feira (16). Ela chegou à unidade de saúde após ter se consultado na Maternidade São José, em São Vicente, e no Hospital Municipal da mesma cidade, antes de ter sido liberada pelas equipes médicas. 

Depois de ter sido internada em Santos, ela foi isolada em uma sala e só mantinha contato com os familiares por meio de um vidro. Ela sofreu uma piora no seu quadro de saúde na quinta-feira (19) e veio a perder o bebê na noite de sexta-feira (20).

“Assim que cheguei, a médica me disse: ‘Infelizmente o bebê veio a óbito por conta do ataque de asma dela. Faltou oxigênio pro bebê’. Ela me disse que minha mãe seguia entubada, sedada e recebendo os antibióticos que eram necessários e completou dizendo que até sair o resultado do exame [de coronavírus] eles não poderiam dar nada à base de corticoide pra ela”. A filha da paciente disse ainda que os médicos afirmaram que ‘tudo depende dela agora’.

O óbito de Cleide ocorreu durante a madrugada de domingo. Após sua morte, o prazo para a entrega do exame de coronavírus que ela havia feito não foi cumprido e tampouco foi dada uma nova data para que o documento chegue às mãos de seus parentes.

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