Santos
Símbolo da culinária tradicional santista, o Restaurante São Paulo completa oito décadas de história e já teve Pelé entre seus frequentadores
No coração do Gonzaga, é possível encontrar um dos restaurantes mais antigos e clássicos de Santos. / Isabella Fernandes/DL
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No coração do Gonzaga, é possível encontrar um dos restaurantes mais antigos e clássicos de Santos. O Restaurante São Paulo está de portas abertas desde 1945. Com 80 anos de funcionamento, o estabelecimento guarda histórias e memórias de duas gerações, mantendo viva a essência de uma culinária tradicional e um atendimento familiar.
Mais do que um ponto gastronômico, o local se tornou parte da memória santista. Suas mesas já receberam famílias inteiras, amigos de longa data e até personalidades conhecidas, todos em busca do mesmo sabor.
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Famoso pelo endereço da Rua Carlos Afonseca, 4, o estabelecimento nem sempre esteve localizado ali. “O Restaurante São Paulo começou na Praça da Independência, que na época não tinha prédio, era tudo praça. Era onde é a loja da Vivo, ali era o restaurante São Paulo”, conta Carlos Julião, atual proprietário.
De acordo com ele, a história do negócio começou com o pai, Alfredo Julião, e outros sócios. “Meu pai tinha uma sorveteria chamada Sorveteria Yara. Aí eles foram todos despejados e saíram de lá. Foram para a Marechal Deodoro, onde é a saída do prédio do 5ª Avenida. Lá, você entrava e, primeiro, era a sorveteria; no fundo, o restaurante São Paulo.”
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Com o passar dos anos, o grupo se mudou para o endereço atual, em 1970. No dia da inauguração, algo marcante aconteceu: choveu e o restaurante alagou, ficando com cerca de um metro de água dentro.
O edifício Ibicaba onde o restaurante funciona até hoje foi construído na década de 1950 com o térreo feito especialmente para abrigar estabelecimentos gastronômicos.
“A gente fez algumas melhoras, mas nada de tirar o estilo do restaurante, que é um restaurante familiar de comida tradicional. A gente procura manter isso.”, explica Carlos, que há 42 anos comanda a casa e mantém o estilo familiar.
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Entre os pratos mais pedidos estão o camarão à grega e o filé à parmegiana. O restaurante também é conhecido pelo tradicional festival de camarão e pela feijoada, que atrai clientes fiéis. Entre eles, personalidades e autoridades da cidade. O "Rei do Futebol", Pelé, foi um dos grandes nomes que passar pelo local.
A equipe fiel é outro pilar da história do Restaurante São Paulo. “O Batista trabalhou comigo há 35 anos. Meu cozinheiro também tem 35 anos. Tem garçom que tem 20. O pessoal gosta muito daqui, e a gente sabe cuidar bem dos funcionários.”, afirma.
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Essa relação se reflete também no atendimento ao público. A maioria dos clientes é tratada como amigos, e muitos frequentam o restaurante há anos. Para reforçar esse vínculo, no estabelecimento cada cliente fiel possui uma faca personalizada com seu nome gravado, um gesto simbólico que representa o carinho e a tradição da casa.
Apesar de não ter planejado seguir os passos do pai, o empresário se apaixonou pelo negócio. “Eu tinha uma administradora, e aí o meu pai foi para Portugal. O sócio dele pediu para eu ficar aqui e eu gostei. Fui assimilando bem o serviço deles. Nunca quis atravessar, sabe? Fui mexendo aos poucos, sempre procurando o conforto do cliente, nunca tirando o essencial do restaurante.”
Hoje, ele administra o local ao lado da socia. “O restaurante, para mim, é a minha vida. É aquela coisa que você sai de casa com vontade de trabalhar. Fazer o que você gosta é bem interessante.”
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Para Carlos, o segredo da longevidade do Restaurante São Paulo está nas pessoas. Ele acredita que o sucesso do negócio depende diretamente da dedicação dos funcionários e da relação próxima com os clientes.
Segundo o empresário, quando a equipe é bem tratada e trabalha com comprometimento, o restaurante funciona de forma harmônica. Essa atenção também se estende ao público, que é tratado como parte da casa, mesmo quando algo não sai conforme o esperado, a fidelidade é mantida pela qualidade do atendimento e pela confiança construída ao longo dos anos.
“A partir do momento que você tem funcionários comprometidos com a casa, que trabalham com amor, o resto você toca sozinho. Os garçons conhecem praticamente todos os clientes. Muita gente vem até pra conversar com o garçom, porque garçom é que nem psicólogo. Vem bater papo, tomar uma taça de vinho. E a gente vai levando. Se Deus quiser, vamos chegar até 100.”
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