Santos

Clube Atlético Santista: cai o último ginásio modernista de Santos

O ginásio foi idealizado pelos renomados arquitetos paulistas Ícaro de Castro Mello e Oswaldo Corrêa Gonçalves

Carlos Ratton

Publicado em 13/08/2022 às 07:00

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Imagem aérea do local do acidente / Nair Bueno/DL

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O desabamento do telhado do Clube Atlético Santista, na tarde da última segunda-feira (8), atingindo três dos cinco funcionários que estavam demolindo imóvel, é na verdade o começo do fim do último ginásio de esportes, remanescente da arquitetura modernista de Santos. A informação foi levantada pelo Diário esta semana com a arquiteta urbanista Jaqueline Fernandes.

O ginásio foi idealizado pelos renomados arquitetos Ícaro de Castro Mello e Oswaldo Corrêa Gonçalves, reconhecidos pela arquitetura paulista. Ícaro de Castro Mello foi autor de projetos esportivos como o Ginásio do Ibirapuera e realizou edifícios comerciais e residenciais. Em cinquenta anos de carreira (1913-1986) foi o maior nome da arquitetura nacional para desenhar projetos esportivos. Ele faleceu em 8 de outubro de 1986.

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Oswaldo Corrêa Gonçalves nasceu em Santos em 1917. Foi um arquiteto múltiplo que se destacou em todas as suas áreas de atuação, fazendo projetos de residências uni e multifamiliares, de edificações esportivas, de escolas e de instituições. Também atuou como urbanista, no Plano Diretor de Santos, na Riviera de São Lourenço, em Bertioga e um dos principais responsáveis pela abertura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU).

Também era engenheiro e um dos responsáveis por inúmeros projetos importantes na Baixada e no Estado, entre eles o do edifício do Sesc/Senac de Santos; do Teatro Municipal Brás Cubas; do edifício Sobre as Ondas e da Câmara de Guarujá. Faleceu em 31 de agosto de 2005.

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"Não podemos fazer mais nada, minha história com o Atlético termina com a decisão do município pelo não tombamento. É equivocada a relação que a cidade e seus representantes públicos tem com nosso patrimônio histórico", lamenta Jaqueline, quando lembrada do que ocorreu no início da semana.

VOTAÇÃO.

Vale lembrar que, este ano, por nove votos contra três, o Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Cultural de Santos (Condepasa) cedeu à pressão da especulação imobiliária apoiada por alguns vereadores santistas e negou o tombamento Atlético Santista, localizado na Encruzilhada, em Santos.

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O próprio Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) foi acionado mas também não resistiu e atestou que o imóvel não teria relevância histórica.

Conforme apurado pelo Diário no início do ano, o mais surpreendente da história é que os conselheiros ignoraram o parecer dos técnicos (arquitetos) do próprio Condepasa, que alertaram sobre a necessidade do tombamento. A pressão para o não tombamento sempre foi grande por conta do arregimento de grupos de pessoas para pressionar vereadores e técnicos.

À frente dos trabalhos na ocasião estavam os vereadores Francisco Nogueira (PT), que faz parte da Comissão de Desenvolvimento Urbano e Habitação Social, Benedito Furtado (PSB) e Carlos Teixeira Filho, o Cacá (PSDB). Chico foi o único que se mostrou favorável ao tombamento, pedido em 10 de outubro de 2011, com o processo iniciado em 10 de maio de 2012 - 10 anos atrás.

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O imóvel envolve a área das piscinas e o prédio do ginásio e foi solicitado pela própria Jaqueline, além das arquiteta Karoline Valverde Araújo e o arquiteto Gino Caldatto Barbosa e mais 20 pessoas voltadas à área.

QUEDA.

De acordo com Gustavo Araújo Nunes, arquiteto responsável pela obra, a causa do desabamento pode ter sido uma fadiga de uma das peças em formato de tesoura que fazia parte da estrutura do telhado.

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"Uma delas colapsou, rompeu e puxou as demais. Não foi por causa da chuva e nem do vento. A estrutura é antiga e isso pode ter ocasionado e deteriorado a peça. Já tinham retirado todas as telhas e eles (trabalhadores) estavam fazendo (a obra) em etapas, mas infelizmente a estrutura cedeu", completou.

ADMINISTRAÇÃO.

A Secretaria de Infraestrutura e Edificações de Santos já se manifestou publicamente informando que o alvará de demolição do imóvel do Atlético Santista foi expedido em 28 de julho último a pedido do proprietário do imóvel.

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Também que a responsabilidade técnica sobre a demolição é do arquiteto que assinou a documentação, sendo a Prefeitura de Santos somente responsável pela análise do pedido e se existe profissional responsável.

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