Em uma das esquinas mais icônicas de Santos está o Café Carioca / Isabella Fernandes/DL
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Em uma das esquinas mais icônicas de Santos está o Café Carioca, um estabelecimento que, após 86 anos de tradição, já se consagrou como um verdadeiro ponto turístico da cidade. Difícil mesmo é passar por lá e resistir ao famoso pastel, considerado por muitos o mais recheado de Santos.
Ao entrar no restaurante, o visitante é transportado para uma viagem no tempo. A decoração clássica dos anos 1960, com mesas de madeira, toalhas quadriculadas em preto e branco e o piso original preservado, mantém viva a atmosfera nostálgica do lugar. O Café Carioca atravessou a Segunda Guerra Mundial e segue como guardião de memórias e histórias que fazem parte da identidade santista.
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O Café Carioca nasceu em 1939, em plena Segunda Guerra Mundial, fruto da sociedade entre quatro amigos na Rua Dom Pedro II, no Centro de Santos. Em novembro de 1940, o então Bar Carioca mudou-se para a esquina da Praça Mauá, onde permanece até hoje.
Com o passar do tempo, o estabelecimento conquistou fama, especialmente por sua localização estratégica ao lado do Paço Municipal e, claro, pelos pastéis de massa artesanal e recheios cremosos, que se tornaram marca registrada da casa.
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Hoje, quem está à frente do Café Carioca é Luzia Aparecida Rodriguez Zimbres de Carvalho, de 66 anos, filha do sócio José Rodriguez Fernandez, o Pepe, que aos 94 anos segue como inspiração viva para a história do local.
“Pessoalmente, pra mim, representa a história do meu pai. Hoje meu Pepe está com 94 anos e eu o vejo em cada espaço daqui, em cada lembrança, e tenho um amor imenso por isso”, conta Luzia.
Ao longo das décadas, o Café Carioca se consolidou como ponto de encontro da sociedade santista. O ambiente acolhedor, com clima de boteco tradicional, o atendimento amistoso e a combinação perfeita entre café e pastel conquistaram gerações. O local acompanhou de perto a história política e cultural de Santos. Em suas mesas, vereadores, prefeitos e personalidades locais se reuniam para trocar ideias e celebrar momentos marcantes.
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Políticos, artistas e jornalistas de todo o país já provaram os petiscos do Carioca. Entre os visitantes estão Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart, Lula e o santista Mário Covas.
“Do ponto de vista do comércio, é um orgulho um estabelecimento ser testemunha ocular da história de Santos. Aqui participamos do auge do ciclo do café, recebemos personalidades da política, das artes, do esporte, e fizemos dos clientes verdadeiros amigos.”, afirma.
Manter um negócio ativo por mais de oito décadas no Centro Histórico não é tarefa fácil. Luzia reconhece que empreender é um desafio diário. “Todos os dias nós somos desafiados, e continuamos seguindo a mesma receita: qualidade, fartura, muito trabalho e uma dose de inovação”, explica.
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Essa inovação, segundo ela, aparece em detalhes: “Novos sabores de pastéis, pratos do dia, happy hour... tudo isso ajuda a atrair o público e contribuir para a revitalização do Centro Histórico”, completa.
O Café Carioca também é um ponto de encontro entre gerações. “Há muitos avós que trazem seus filhos e netos. Muita gente vem de outras cidades para saborear o pastel ou matar a saudade do gostinho de infância”, diz Luzia. Entre as histórias mais curiosas, ela destaca os pedidos de casamento feitos ali.
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Mesmo com tantas transformações na cidade e na gastronomia, o Café Carioca segue relevante. “Nunca abrimos mão da qualidade e da fartura. Ao mesmo tempo, entendemos as mudanças do bairro e passamos a oferecer pratos acessíveis, sem deixar de lado o pastel de carne cremoso, o mate e a laranjada geladinhos”, conta.
Com o olhar voltado para o centenário, Luzia sonha com o futuro do Café Carioca: “Que sigamos democraticamente de portas abertas a todos, servindo do cafezinho ao pastelzinho com chope. Do amanhecer ao anoitecer, testemunhando um Centro Histórico revitalizado, com os santistas ocupando os espaços públicos, atraindo turistas, gerando emprego e movimentando a economia.”