Praia Grande

Jovem vende água para ir à competição

Atleta da Vila Sônia, em Praia Grande, precisa arrecadar dinheiro para lutar nos Estados Unidos.

Caroline Souza

Publicado em 12/01/2020 às 08:25

Atualizado em 12/01/2020 às 08:51

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A frase "da quebrada pro mundo" acompanha Ytallo desde o início na modalidade e é motivo de inspiração para outras crianças. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

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"Da quebrada pro mundo". A frase que motiva o jovem atleta Ytallo Vieira Novaes, de 26 anos, é cheia de significado. Morador da Vila Sônia, em Praia Grande, o lutador de jiu-jitsu está vendendo pães e água para arrecadar dinheiro para competir nos Estados Unidos.

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O esporte que começou como um hobby em novembro de 2017, já fez Ytallo chegar aonde ele jamais imaginou. Em pouco mais de dois anos, o jovem conquistou 21 medalhas.

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"Eu sempre tive vontade de fazer jiu-jitsu, mas é um esporte caro, que estava muito além do meu orçamento", conta.

A oportunidade chegou no final de 2017, quando seu vizinho, faixa preta na modalidade, decidiu montar um projeto social e convidou Ytallo para fazer parte. "No começo eu tinha receio de me machucar, porque trabalhava, mas comecei a treinar e peguei gosto pelo esporte".

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A primeira conquista veio três meses depois que o jovem começou a treinar. "Em um primeiro momento, fiquei com receio de competir, porque treinava há pouco tempo, mas fui com a única intenção de motivar as crianças do projeto". Para sua própria surpresa, ele conseguiu vencer as quatro lutas e ganhou a competição. Meses depois, se inscreveu em outro torneio e novamente saiu vitorioso.

De lá para cá, o jovem coleciona medalhas. "Em 2018, eu fiz quatro competições e conquistei seis medalhas. Em 2019, foram 13 competições e 15 medalhas", afirma.

Casado e pai de uma criança de quatro anos, Ytallo trabalhava como açougueiro para sustentar a família. Os treinos aconteciam no horário de almoço e na volta da faculdade de Engenharia Civil.

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"Uma vez fui competir no Rio Grande do Sul. A competição era em um domingo e minha folga também. Trabalhei até 16 horas no sábado, peguei um avião às 19 horas em Guarulhos, cheguei em Porto Alegre meia noite e de madrugada em Gramado. Fui lutar às 9 horas e fiquei em 3º lugar", lembra, orgulhoso. "Ali, já estava surreal, já tinha conhecido outro estado, comecei a 'botar fé' que eu tinha condições de me profissionalizar".

Há dois meses, Ytallo decidiu largar tudo para se dedicar ao esporte. "Como não tenho patrocínio, comecei a vender pães e água para arrecadar dinheiro". A verba é necessária para participar de duas competições: o Pan Americano, que acontece em março, e o Mundial, em maio, ambos no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.

Água, pão sovado, de brioche, australiano e pães diferentes para hamburguerias, como os coloridos, estão no 'cardápio' de vendas do atleta. Os shows de verão, semáforos e as praias são os pontos de vendas. Com uma placa com os dizeres: 'Me ajude a ser campeão mundial. Da quebrada pro mundo', Ytallo conquista quem passa.

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"Quando veem que tem um ideal por trás, muita gente compra para ajudar. Uma pessoa já comprou uma água de R$ 3,00 e me deu R$ 50,00, outra comprou dois pães de R$ 8,00 e meu deu 100,00, porque viram o propósito".

Para arcar com os custos da passagem, hospedagem e gastos nos Estados Unidos, Ytallo estima precisar de R$ 15 mil. "Primeiro, estou focando no visto de atleta, mas eu tenho muita fé em Deus e tenho certeza que já estou lá".

Hoje, 15 crianças e 7 adultos treinam no Projeto Social Zion Jiu Jitsu. Para Ytallo, a frase "da quebrada pro mundo" muda não só a sua vida, mas a de todos ao seu redor. "Eu entendi que era mais do que o Ytallo ser atleta. O projeto cresceu e eu virei um espelho para as crianças. A frase tem um significado, que existe uma alternativa, não precisa traficar, roubar, você pode sair da origem humilde e ganhar o mundo, seja no esporte, estudando ou trabalhando, o importante é ir atrás do que você quer".

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