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Política

Rejeição a Bolsonaro bate recorde, mas base se mantém, diz Datafolha

A aprovação de Bolsonaro segue estável, os mesmos 33% nas duas aferições. Já aqueles que acham o governo regular, potenciais eleitores-pêndulo numa disputa polarizada, caíram de 26% para 22%

Folhapress

Publicado em 28/05/2020 às 16:16

Atualizado em 28/05/2020 às 16:19

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Foram ouvidos 2.069 adultos, com margem de erro de dois pontos percentuais / Agência Brasil

A rejeição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cresceu ao longo do mês passado, cristalizando uma polarização assimétrica na população em meio à crise sanitária, econômica e política pela qual passa o Brasil. Segundo pesquisa do Datafolha feita na segunda (25) e na terça (26), já sob o impacto da divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, 43% dos brasileiros consideram o governo ruim ou péssimo. Recorde na gestão, esse número era de 38% no levantamento anterior, de 27 de abril.

Foram ouvidos 2.069 adultos, com margem de erro de dois pontos percentuais. A aprovação de Bolsonaro segue estável, os mesmos 33% nas duas aferições. Já aqueles que acham o governo regular, potenciais eleitores-pêndulo numa disputa polarizada, caíram de 26% para 22%.

Olhando a breve série histórica de Bolsonaro no poder, o Brasil deixou de estar partido em três partes iguais, como o Datafolha indicou ao longo de 2019, para caminhar a uma divisão em que o polo que rejeita o presidente é mais denso.

Tal radicalismo é bastante visível entre os mais ricos, aqueles que ganham mais de dez salários mínimos. Se antes eles eram um esteio da aprovação do presidente, agora estão entre os que mais o rejeitam, com 49% de ruim ou péssimo.

No mesmo segmento, contudo, é alta sua aprovação: 42%. A fatia daqueles no meio do caminho, que acham Bolsonaro regular, minguou para 8%.

A estratificação mostra também que os mais instruídos são os que mais rejeitam, no cômputo geral, o presidente. Entre os que têm curso superior, 56% desaprovam Bolsonaro, ante 36% daqueles que têm o ensino fundamental.

Com isso, é visível que o proverbial terço do eleitorado que está com o presidente se mantém estável mesmo com os reveses políticos recentes, como a crise com Poderes, a acusação de interferência na Polícia Federal, a saída de Sergio Moro do governo ou as barganhas com o centrão.

Há algumas cunhas, contudo: entre aqueles 55% que assistiram ao polêmico vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, a rejeição a Bolsonaro sobe a 53%.

O caudaloso compêndio de palavrões e agressões da peça fez disparar a má avaliação que o brasileiro faz do comportamento presidencial. Acham que Bolsonaro nunca se comporta de forma adequada ao cargo 37% dos entrevistados, ante 28% há um mês.

Já o percentual dos que acreditam que ele se comporta mal na maioria das vezes se manteve estável (de 25% para 23%). E os que sempre veem a liturgia do cargo preservada são 13% (14% em abril), enquanto os que a percebem assim na maioria das vezes oscilaram de 28% para 25%.

A capacidade do presidente de governar é questionada. Oscilou positivamente de 49% para 52% entre as duas pesquisas o número de quem acha que Bolsonaro não a possui mais. Os que acham que ele ainda a tem ficaram estáveis em 45%.

A confluência multifatorial da crise levou o Datafolha a buscar medir impactos específicos da pandemia sobre o humor do eleitorado.

O instituto quis saber quantos brasileiros procuraram o auxílio emergencial de R$ 600 oferecido pelo governo federal na crise. Fizeram o pedido 43% dos ouvidos, dos quais 16% não receberam nenhuma parcela.

Pediram mais a ajuda desempregados (78%), quem é assalariado sem carteira (68%) e jovens de 16 a 24 anos (60%). O Norte e o Centro-Oeste foram as regiões que mais requisitaram (54%), enquanto o Sudeste foi onde menos pedidos foram feitos (35%).

A composição do apoio a Bolsonaro mudou desde o ano passado, com uma migração de aprovação de ricos e instruídos para mais pobres e com pouco ensino.

Mas o auxílio emergencial não impactou de forma significativa isso. Aqueles que fizeram o pedido e receberam a ajuda aprovam Bolsonaro em medida semelhante à média nacional: 36% de ótimo e bom, ante os 33% gerais. Se isso ajudou a segurar o índice, é apenas hipotético.

Já a disputa política em torno da condução da pandemia, na qual Bolsonaro assumiu o papel de inimigo do isolamento social em prol da manutenção da economia aberta, tem reflexos.

Questionados sobre sua adesão ao isolamento, o maior grupo (50%) diz que só sai de casa se for inevitável. Entre esses, a rejeição a Bolsonaro vai a 48%. O mesmo se dá entre aqueles que ou pegaram a Covid-19 ou conhecem alguém que pegou, com 47% de ruim/péssimo.

Quem vive em regiões metropolitanas, que estão sofrendo mais com a doença, também critica mais o presidente: 49% de rejeição, ante aprovação de 32% e um regular minguante de 19%.

O mesmo se dá demograficamente: as duas regiões mais populosas, Sudeste e Nordeste, com cerca de dois terços dos moradores do país, rejeitam mais Bolsonaro, com 45% e 48% de ruim/péssimo, respectivamente. É má notícia eleitoral para o presidente a posição no Sudeste, já que nordestinos sempre foram grupo de resistência ao seu nome.

Na mão contrária, há coincidência entre posições de maior relaxamento em relação ao novo coronavírus e o apoio a Bolsonaro. Entre aqueles que dizem viver normalmente, 53% o acham bom ou ótimo. Já entre quem é contra a ideia de um "lockdown", 55% o avaliam dessa maneira.

Bolsonaro tem o pior índice de aprovação de presidentes eleitos desde 1989 a esta altura de um primeiro mandato. Entre aqueles que sofreram impeachment desde então, Fernando Collor (então PRN) tinha 41% de rejeição um pouco mais à frente, com um ano e seis meses na cadeira.

Já Dilma Rousseff (PT) gozava de aprovação estratosférica (65%) e apenas 5% de ruim/péssimo em março de 2012. Acabou reeleita em 2014, e impedida dois anos depois.

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