23 de Abril de 2024 • 18:19
Política
O presidente saiu caminhando da residência oficial até a porta atendendo a gritos de crianças que o chamavam. "Bolsonaro, cadê você? Eu vim aqui só para te ver", gritavam os alunos.
O presidente Jair Bolsonaro. / José Cruz/Agência Brasil
Um dia depois de ter compartilhado uma mensagem em grupos de WhatsApp dizendo que o Brasil é "ingovernável" sem corporações, o presidente Jair Bolsonaro não quis explicar o que quis dizer com o texto. "O texto? Pergunta para o autor. Eu apenas passei para meia duzia de pessoas", disse na manhã deste sábado (18) na porta do Palácio da Alvorada.
O presidente saiu caminhando da residência oficial até a porta atendendo a gritos de crianças que o chamavam. "Bolsonaro, cadê você? Eu vim aqui só para te ver", gritavam os alunos.
As crianças, entre 4 e 12 anos, eram da Escola Classe SRIA, que fica na região administrativa do Guará, no Distrito Federal.
De acordo com a vice-diretora da instituição, Carita Alessandra Moura Sá, o encontro não havia sido agendado. A escola trouxe 108 alunos para a região central de Brasília para uma atividade extra-classe de visitação de pontos turísticos da capital brasileira.
O presidente saiu vestindo chinelos, shorts e uma camisa do Brasil em tons de cinza com seu nome nas costas e o número 17, mesmo de seu partido, o PSL.
Ele abraçou as crianças, fez brincadeiras e tirou fotos. Também prometeu ir à escola para "hastear a bandeira do Brasil" e cantar o hino nacional com os alunos.
Como de praxe, fez perguntas sobre os clubes de futebol para qual os alunos torcem e disse que eles precisam respeitar "papai e mamãe".
Bolsonaro estava acompanhado de seus seguranças, da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o ministro general Augusto Heleno (GSI, Gabinete de Segurança Institucional).
Ele foi perguntado pela imprensa sobre o que quis dizer com o texto distribuído ontem, mas não quis fazer mais comentários. Também não respondeu ao ser indagado sobre a possibilidade de o Congresso apresentar um novo texto para a reforma da Previdência, em substituição ao que foi entregue por sua equipe econômica em fevereiro.
A distribuição da mensagem pelo presidente em grupos de WhatsApp acirrou ainda mais os ânimos na já desgastada relação entre os Poderes Executivo e Legislativo.
Pela texto, Bolsonaro estaria sendo impedido de atuar por sofrer pressão e não concordar com os interesses das corporações. "Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, é ingovernável", diz um trecho do texto, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo e confirmado à Folha pelo porta-voz da Presidência da República, general Otávio Rêgo Barros.
"Venho colocando todo meu esforço para governar o Brasil. Os desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o país de volta ao trilho do futuro promissor.
Que Deus nos ajude!", diz outro texto distribuído pelo porta-voz e assinado por Bolsonaro, em resposta ao questionamento.
O presidente compartilhou a mensagem do autor desconhecido dizendo ser "no mínimo interessante" para os que se preocupam em antecipar os fatos, apontando como "leitura obrigatória".
"Em Juiz de Fora (06/set/2018), tive um sentimento e avisei meus seguranças: Essa é a última vez que me exporei junto ao povo. O Sistema vai me matar. Com o texto abaixo cada um de vocês pode tirar suas próprias conclusões", escreveu o presidente ao distribuir a mensagem.
A postagem foi replicada pelo presidente ao fim de uma semana marcada por notícias ruins para o seu governo, que ainda não completou cinco meses de duração.
Além disso, o governo monitora com atenção a possibilidade de novas manifestações nas ruas.
Gerou preocupação a realização de atos em ao menos 170 cidades brasileiras na última quarta-feira (15), organizados por estudantes e professores contra o bloqueio de 30% das verbas do Ministério da Educação.
Pesou negativamente sobre o governo o avanço das investigações do Ministério Público Federal contra o senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), primogênito do presidente.
Embora tente se desvencilhar das acusações contra o filho - que envolvem suspeitas de irregularidades em seu gabinete - Bolsonaro se mostrou irritado ao comentar o assunto em Dallas, nos EUA. Ele disse que a apuração tem como objetivo atingi-lo.
Integrantes do Judiciário e do Legislativo dizem que o presidente recorreu à estratégia do ataque ao Congresso e ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar "sair das cordas" naquele que é considerado o pior momento de seu governo.
Lideranças também veem no gesto dele uma tentativa de "jogar para a plateia" e se eximir da responsabilidade de governar, transferindo para os demais poderes a causa dos problemas enfrentados pelo país.
A avaliação de magistrados e parlamentares é a de que, ao distribuir, o texto que fala que o Brasil é 'ingovernável' se não houver conchavos, o presidente tenta desviar o foco das manifestações contra política educacional de seu governo, e, principalmente, do avanço das investigações sobre seu filho.
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