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Política

Operador diz que levou 'dinheiro vivo' para Duque em hotéis no RJ

Shinko Nakandakari disse que encontrou-se "algumas vezes" com o ex-diretor da Petrobras em hotéis em Copacabana e Ipanema, no Rio

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 26/02/2015 às 20:40

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O engenheiro Shinko Nakandakari, o primeiro dos 11 supostos operadores de propina na Diretoria de Serviços da Petrobras a fazer acordo de delação premiada, afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que entregou "dinheiro em espécie pessoalmente" a Renato Duque, ex-diretor da área entre 2004 e 2012. Shinko trata Duque por "nobre".

Shinko disse que encontrou-se "algumas vezes" com Duque em hotéis em Copacabana e Ipanema, no Rio. Segundo ele, os valores foram repassados no período entre o final de 2008 e começo de 2009 e continuaram até quando Duque já não ocupava mais a Diretoria de Serviços.

O delator afirmou que a maior parte do dinheiro foi entregue para Pedro Barusco, então gerente de Engenharia da estatal petrolífera e braço direito de Duque - este foi levado ao cargo na cota do PT pelo ex-ministro José Dirceu, que nega a indicação. Shinko trata Barusco por "grande".

Shinko Nakandakari disse aos investigadores da Lava Jato que entregou cerca de R$ 5 milhões de propina para Duque e para Barusco. O dinheiro foi destinado ao esquema de corrupção na Diretoria de Serviços, sendo a maior parte recebida por Barusco, também pessoalmente.

Um dos alvos da nova fase da Lava Jato, batizada de Operação My Way, Shinko afirmou que teve com Duque "alguns encontros". Com Barusco, a entrega de dinheiro vivo era mais frequente. Ele afirmou que o ex-gerente de Engenharia - que também confirma as propinas - lhe dizia que o dinheiro era repassado a Duque.

Renato Duque atuou na Diretoria de Serviços da Petrobras entre 2004 e 2012 (Foto: Marcso de Paula/Estadão Conteúdo)

Propina parcelada

O delator afirmou que os pagamentos de propina na diretoria controlada pelo PT era sempre em parcelas, sendo que em alguns casos, foi paga em até seis vezes.

Em sua delação, em novembro de 2014, Barusco afirmou que recebeu valores em nome de Duque, inclusive em dinheiro vivo entregue a Duque dentro da diretoria de Serviços.

Barusco declarou que um dos operadores do suborno pago a Duque era Shinko, que "entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil". Ele disse que guardava o dinheiro em uma caixa em sua casa, "que era usado para pagamento de despesas pessoais e para fazer repasses a Renato Duque".

Shinko está incomodado com o papel que a força tarefa lhe atribui, de operador de propinas na Diretoria de Serviços. Ele disse que sempre foi um profissional da engenharia e que fez consultorias para a Galvão Engenharia, uma das 16 empresas do cartel alvo da Lava Jato, e também para a EIT. Ele contou que "certo dia" a direção da empreiteira o chamou e pediu-lhe que "ajudasse" a empresa e levasse dinheiro para Barusco e Duque. Shinko disse que também fez "consultorias" para a empresa EIT e para a Contreras, esta da Argentina.

Consultado, o advogado Rogério Fernando Tafarello, que defende Shinko Nakandakari, não se manifestou alegando "respeito ao sigilo do acordo (de delação)". A EIT informou que em virtude do horário não haveria ninguém para falar com a reportagem.

Renato Duque nega o recebimento de propina e diz que jamais manteve "relacionamento ilícito com o sr. Shinko Nakandakari". Ele afirmou que "está à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos necessários sobre sua gestão à frente da Diretoria de Serviços da Petrobras".

A Galvão Engenharia diz que "os pagamentos feitos resultaram de prática de extorsão e concussão, conforme relatado às autoridades competentes" e afirma que o sr. Shinko Nakandakari nunca foi funcionário da empresa.

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