X

Política

‘Não solicitei, não recebi, não paguei e não tenho nenhum tríplex’, diz Lula

O ex-presidente disse que a propriedade e as reformas no apartamento em Guarujá são invenções do Ministério Público Federal

Estadão Conteúdo

Publicado em 10/05/2017 às 21:00

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Lula afirmou que chegou a visitar o tríplex no Guarujá, mas que não solicitou nem recebeu o imóvel / Reprodução

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ao juiz federal Sérgio, nesta quarta-feira, 10, que chegou a visitar o tríplex no Guarujá (SP), mas que não solicitou nem recebeu o imóvel. O ex-presidente admitiu que visitou o apartamento 164-A, do Edifício Solaris, que seria propina do esquema alvo da Operação Lava Jato, paga pela OAS.

“A verdade e o seguinte: não solicitei, não recebi, não paguei e não tenho nenhum tríplex”, afirmou Lula, em seu primeiro momento frente a frente com o juiz da Lava Jato, em Curitiba.

“Dr, deixa eu lhe dizer uma coisa. Se tem alguém que quer a verdade sobre mim, sou eu mesmo. Quando chegar o processo do sítio em Atibaia, terei o imenso prazer de estar aqui respondendo a verdade absoluta sobre aquilo. Agora, acho que é importante resolver o problema do triplex. Porque o Ministério Público fez uma acusação, eu diria, baseada em denúncia de imprensa.”

Moro perguntou se Lula tinha desistido do tríplex depois que ele visitou o imóvel. “O senhor decidiu que não ia ficar com esse primeiro tríplex já na primeira visita que o senhor fez em fevereiro de 2014?.”

“Foi isso. E repeti o que falei aqui três vezes Nunca solicitei e nunca recebi apartamento. Imagino que o Ministério Público vai na hora que for falar apresentar as provas. Eles devem ter pelo menos algum documento que prove o direito jurídico de propriedade para dizer que é meu o apartamento.”

A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio – de um valor de R$ 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.

Moro aceitou a denúncia em 20 de setembro de 2016.

Triplex

O Edifício Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.

A ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em 2017) assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu ‘uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico’, atual Solaris, em abril de 2005.

Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa.

Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em 2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento.

Bens

A Lava Jato afirma que a OAS pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-móveis usados para armazenar parte da mudança do ex-presidente Lula quando o petista deixou o Palácio do Planalto no segundo mandato. A empreiteira desembolsou entre janeiro de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milhão pelos contêineres, ao custo mensal de R$ 22.536,84 cada.

Toda negociação com a transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a empreiteira é uma “apoiadora do Instituto Lula.” Para investigadores da Lava Jato, os fatos demonstram “fortes indícios de pagamentos dissimulados” pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se destinava a “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda”, mas na verdade os guarda-móveis atendiam a Lula.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

Ônibus colidem com posto de combustível e deixam 13 feridos em Santos; ASSISTA

O acidente ocorreu por volta das 6h30, no cruzamento da Rua Comendador Martins com a Júlio de Mesquita

Cotidiano

Operação Comboio na Anchieta gera lentidão na manhã desta sexta-feira

Parte da lentidão é por conta do tempo encoberto com chuva em pontos isolados do Sistema Anchieta-Imigrantes

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter