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Política

Lula passa dia abrigado em sindicato e deve se entregar neste sábado

Ex-presidente deve se entregar após uma missa de celebração do 67º aniversário de dona Marisa Letícia, morta em fevereiro de 2017

Folhapress

Publicado em 06/04/2018 às 21:48

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Lula deverá fazer um pronunciamento durante a homilia da missa / Divulgação/Fotos Públicas

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ignorou o prazo estabelecido pelo juiz federal Sergio Moro de se entregar em Curitiba até as 17h desta sexta-feira (6). Os advogados do petista passaram a negociar condições para sua apresentação à PF (Polícia Federal).

Lula deve se entregar neste sábado (7) após uma missa de celebração do 67º aniversário de dona Marisa Letícia, morta em fevereiro de 2017.

A cerimônia será às 9h30 na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), onde ele chegou na quinta-feira (5) e de onde não saiu mais.

O ex-presidente foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex em Guarujá (SP).

Pelo acordo, Lula deverá fazer um pronunciamento durante a homilia da missa.

Segundo aliados do ex-presidente, ele, lideranças petistas e movimentos de esquerda só admitiam, até a tarde desta sexta, uma possibilidade para a prisão: a de que PF fosse obrigada a buscá-lo na sede do sindicato.

A decisão de se entregar foi antecedida de tensão e debate no sindicato. Às 18h, após Lula concordar com a apresentação, três emissários do petista foram à PF, em São Paulo, para negociar as condições da prisão.

A corporação suspendeu à noite o cumprimento do mandado de prisão. A PF descartou enviar agentes ao sindicato para evitar conflitos com manifestantes que cercavam o sindicato.

Lula deve ir para a capital paranaense em um jatinho da PF. A defesa afirma que, com o bloqueio de bens imposto por Moro, ele não tem recursos para custear a viagem.

Um petista resumiu que a fotografia da prisão não será como Moro queria nem como Lula desejava.

Até a conclusão desta edição, o ex-presidente seguia na sede da entidade.

À Folha de S.Paulo, por telefone, o petista disse já pela manhã que não iria à capital paranaense. Declarou ainda que estava tranquilo, bem disposto, e que, pela manhã, fez seus exercícios matinais.

"Não haverá resistência, mas ele não irá para o matadouro de cabeça baixa, por livre e espontânea vontade", disse o advogado José Roberto Batochio.

Segundo a 13ª Vara Federal do Paraná, Lula não é foragido. No mandado de prisão, Moro fez a sugestão para que o petista se entregasse "em razão da dignidade do cargo que ocupou".

No TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre, a defesa de Lula alega ter o direito a mais um recurso –os embargos dos embargos.

Batochio e Cristiano Zanin Martins, que integram a defesa de Lula, decidiram ingressar com uma reclamação no STF contra a ordem de Sergio Moro.

Na quarta-feira (4), o pedido de habeas corpus na corte foi negado por seis a cinco.

Nesta sexta, o ministro Felix Fischer, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), também negou um pedido de habeas corpus ao petista.

Contagem regressiva

Passaram pelo prédio, cercado por sem-teto, sem-terra, sindicalistas e simpatizantes do petista, lideranças como os presidenciáveis Manuela D'Ávila (PC do B) e Guilherme Boulos (PSOL), o vereador Eduardo Suplicy (PT), a ex-presidente Dilma Rousseff, deputados e senadores.

"Fiquemos aqui no foco da luta, que é São Bernardo", disse a presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR). Nos anos 1970, o sindicato projetou Lula ao mundo político.

Líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Boulos disse que Moro será vencido pelo cansaço. "Não estamos desrespeitando decisão de ninguém, até porque não fomos nós quem rasgou a Constituição e condenou sem provas."

No carro de som, o senador Lindbergh Farias (PT) engrossou o coro para que Lula não se apresente à PF. "Se queriam matar Lula politicamente, estão transformando cada vez mais num gigante, num mito", afirmou o senador.

Ao longo do dia Lula acenou da janela para os militantes que estavam do lado de fora do sindicato. Estava previsto um pronunciamento às 16h, mas ele não falou ao público até a conclusão desta edição.

À tarde, os militantes fizeram contagem regressiva para as 17h. Assim que o prazo se esgotou, manifestantes prometeram uma "muralha humana" e gritaram "não tem arrego".

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