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Política

Lula diz que governo Bolsonaro 'destrói tudo que o PT montou'

Lula discursou ao lado do ex-presidente do Uruguai, José Mujica.

Folhapress

Publicado em 09/02/2020 às 12:05

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Lula discursou ao lado do ex-presidente do Uruguai, José Mujica. / Facebook/Lula

Em evento no Rio de Janeiro em homenagem aos 40 anos do PT, na noite deste sábado (8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a militância petista deveria ir para as ruas protestar contra o governo Bolsonaro. Convocação similar foi feita mais cedo pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

"Não temos muita alternativa. Estão destruindo tudo o que montamos, além da subserviência ao governo americano. Se não formos para a rua lutar e resistir, estaremos perdidos", afirmou o petista na Fundição Progresso, no centro do Rio, durante celebração das quatro décadas do partido.

"A última eleição nos ensinou que ou assumimos a responsabilidade de fazer política e de discutir política ou seremos levados a rodão como na última eleição. Acusam todos de corrupção e enfiam na nossa cara esse governo que enfiaram agora. Esse é um desafio para nós. Como organizamos os movimentos sindicais de novo?", afirmou.

Lula discursou ao lado do ex-presidente do Uruguai, José Mujica. "É possível a gente construir um novo Brasil e recuperar o povo da solidariedade que sempre deveria existir na humanidade", disse Lula.

"Eu tenho 74 anos. Quando eu digo que tenho tesão de 20 anos é para fazer inveja, para vocês saberem que é preciso ter muita motivação. Muita energia e tesão por participar desse debate", continuou o ex-presidente.

Na ocasião, reclamou dos que pedem que o PT fala autocrítica do período em que ocupou a Presidência da República. "A moda é pedir para o PT fazer autocrítica. 'Vocês não fazem autocrítica?'. A pessoa que me pede autocrítica é porque não tem crítica a fazer para mim. Eu nunca vi pedirem autocrítica para a direita, que governou esse país por 500 anos, pelos 12 milhões de desempregados, pela matança da nossa juventude na periferia, pela violência contra a mulher".

Mujica destacou que fez questão de comparecer ao evento."Queria vir a essa festa por várias razões. Pelo meu companheiro, e também como minha homenagem a muitos lutadores do PT e que nestes anos eu conheci", disse.

A festa dos 40 anos do PT lotou o auditório do local, com capacidade para 5.000 pessoas. Também estiveram presentes os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do PSB, Carlos Siqueira. Manuela D'Ávila representou o PC do B, e Marcelo Freixo foi em nome do PSOL.

Ainda compareceram Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, além de Celso Amorim e José Dirceu.
Antes do discurso, pela manhã, Lula encorajou seus apoiadores a ampliar os canais de comunicação com a sociedade para além da esquerda. 

Reunido com intelectuais e representantes do mundo acadêmico, Lula defendeu que os opositores do governo Bolsonaro dialoguem com a sociedade como um todo, para além da esquerda.

Segundo a Folha de S.Paulo apurou, o ex-presidente relembrou a cerca de 100 apoiadores a experiência dos conselhos constituídos em seu governo com a participação de diferentes setores sociais.

Na ocasião, Lula disse que estava aberto a receber críticas. Ouviu queixas sobre a dificuldade de comunicação do PT e de setores de esquerda.

Ainda segundo presentes, Lula defendeu que militantes e entidades sindicais dialoguem com trabalhadores que exercem sua função sem proteção social, como motoristas e motociclistas a serviço de empresas de aplicativo.

À tarde, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, admitiu a possibilidade de o PT se aliar a partidos fora do campo de esquerda, como PSDB e DEM, nas próximas eleições municipais, apesar de decisão contrária da cúpula petista.

Ela reconheceu: "Às vezes pode acontecer. Aí nós vamos ter que decidir sobre isso caso a caso, como já decidimos nas outras vezes. Já desmanchamos aliança, já intervimos em eleição, já fizemos ações nesse sentido. O Brasil tem 5.000 e poucos municípios".

Na noite anterior, a assessoria do PT confirmou orientação da executiva partidária admitindo a possibilidade de alianças em 2020 com adversários como PSDB e DEM. Horas depois, por meio de nota, o PT negou a informação e contradisse sua assessoria.

Também na tarde de sábado (8), durante as homenagens, o ex-prefeito de SP e candidato derrotado nas eleições presidenciais Fernando Haddad atacou Jair Bolsonaro e convocou os petistas para ir às ruas defender o legado do partido. 

"É hora de ir para a rua defender esse partido, defender esse legado e botar esses fascistas para correr", disse Haddad, no evento do PT.

"Se a gente ficar com medo de fake news, medo de rede social, medo de fascista, eles vão avançar. Se a gente mostrar a garra que a gente teve, eles vão recuar. E o país volta a ser governado por gente decente", afirmou Haddad.

Em quase 13 minutos no palco, Haddad atacou Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, relembrando declarações polêmicas da dupla.

"Estão barbarizando a sociedade. Estamos nos tornando bárbaros sem perceber o que esses caras estão fazendo. Um presidente da República falar que o soropositivo custa para o país? Quem custa é ele! O maior custo que esse país tem é o Bolsonaro!", discursou o ex-prefeito.

Fernando Haddad fez referência a uma afirmação do presidente na quarta (5), quando disse que uma pessoa com HIV –vírus da Aids– representa "uma despesa para todos no Brasil".

"Todo dia tem alguém sendo ofendido. Uma hora é a mulher do presidente da França, que é mais velha que ele. Ele é democrático na ofensa, ofende todo mundo. Menos os seus correligionários covardes", disse Haddad, lembrando também de entrevero de Bolsonaro com a primeira-dama da França, Brigitte Macron, ofendida pelo presidente do Brasil em agosto do ano passado.

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