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Política

Luiz Fux pretende 'imprimir marca' no combate ao 'fake news'

O TSE está organizando um grupo para discutir como evitar a proliferação de notícias falsas no próximo ano

Folhapress

Publicado em 07/12/2017 às 19:30

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O ministro Luiz Fux pretende 'imprimir marca' no combate ao 'fake news' / Agência Brasil

Próximo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux disse nesta quinta-feira (7) que pretende fortalecer medidas de combate a "fake news" (notícias fabricadas e muitas vezes divulgadas sob falsas fachadas de veículos reais) disseminadas na internet, em especial nas redes sociais e aplicativos de mensagem.

"Tenho respeito por tudo que foi adotado nas gestões anteriores, mas evidentemente vou imprimir a minha ideologia na adoção dessas medidas", afirmou, depois de sessão no tribunal em que foi eleito em votação simbólica como próximo presidente da corte.

"De modo que não quero antecipar ainda o que vou fazer, mas acho que tem de haver um mecanismo de obstrução a "fake news" para que elas não sejam capazes de influir no resultado da eleição", disse o ministro. O assunto foi debatido pela manhã em seminário no TSE.

O tribunal está organizando um grupo para discutir como evitar a proliferação de "fake news" no próximo ano a fim de reduzir potencial impacto nos resultados das urnas. Duas campanhas presidenciais em 2016 -Donald Trump, nos Estados Unidos, e Emmanuelle Macron, na França-, foram bombardeadas com notícias falsas.

Para Fux, as "fake news" "efetivamente podem influenciar negativamente numa candidatura legítima".

Ele assume o TSE em 6 de fevereiro e permanece no cargo até agosto, quando a ministra Rosa Weber vira presidente. Tradicionalmente um dos três ministros do STF é o presidente do TSE, e a rotatividade segue a antiguidade deles na corte.

Segurança nacional

Murilo de Aragão, da Arko Advice, disse que os serviços para alavancar notícia falsa na internet são baratos, a partir de US$ 2 mil. "O custo-benefício de destruição da verdade é muito barato", afirmou.

Ele destacou que o assunto é tratado como tema de segurança nacional em alguns países da Europa.

Aragão disse ainda que o Brasil pode implementar barreiras que dificultem essa profliferação, como fazer mudanças legislativas. As empresas privadas, acrescentou, devem fazer investimentos e desenvolver tecnologias nesse setor.

Ele comparou o problema das "fake news" para o jornalismo com a questão de fraude eletrônicos dos bancos e lembrou que as instituições financeiras criaram centros tecnológicos dedicados ao tema.

Desconfiar

Cristina Tardáguila, diretora da Agência Lupa, especializada em checagem de fatos, destacou que o Brasil tem atualmente apenas três agências independentes de checagem de fatos ("fast checking"), enquanto os Estados Unidos contava com 40 no ano passado.

Ela listou algumas medidas que podem ajudar a reduzir a proliferação de notícias falsas na internet, como desconfiar de informação sem fonte identificada e duvidar de frases de efeito ditas por políticos, como "isto é certamente consequência daquilo" ou "é a maior da história".

Dizer que a crise é "a maior da história" exige uma explicação que falta, disse Cristina, como explicar desde quando essa é a pior crise e quais os indicadores que mostram isso.

"É indispensável desconfiar. Quem é o autor da mensagem? É um blog desconhecido ou site confiável?", questionou.

O eleitor deve ainda ficar atento ao endereço eletrônico dos sites (URL) para ter certeza de que está navegando em um veículo conhecido ou em um site que imita logotipo e formato da página para passar credibilidade, disse ela.

Cristina citou o caso de Fabiane Maria de Jesus, 33, linchada por moradores no Guarujá após ser confundida com uma sequestradora que nunca agiu no município. O que se soube após a morte de Fabiane é que tudo não passava de um boato. Um retrato falado feito em 2012 pela polícia do Rio foi divulgado em uma página na internet voltada à população de Guarujá e a falsa informação levou pânico aos moradores.

"Informação falsa mata de forma agressiva, como no caso da Fabiene Jesus, ou de forma lenta, como no caso de uma eleição presidencial", disse a diretora.

Além disso, o eleitor deve ter cuidado com números divulgados pelos candidatos, sejam dados percentuais ou números absolutos, como, por exemplo, sobre o crescimento da violência em uma determinada área, acrescentou.

"Os políticos tendem a memorizar um dado e não atualizá-lo", afirmou Cristina. Segundo ela, o eleitor deve se basear em comparações para analisar aquele número dentro de um contexto, como a taxa por 100 mil habitantes, por exemplo.

Ela também ressaltou que, quando o cidadão desconfiar da idoneidade de uma noticia, deve verificar se ela foi reproduzida em outro local: "É difícil que a sua tia saiba mais sobre a greve da PM no Rio ou do que a queda do avião da Chapecoense do que todos os outros jornais", exemplificou.

Felipe Recondo, sócio do portal Jota, especializado em notícias do Judiciário, disse que a velocidade da proliferação de uma notícia falsa pode provocar estragos por alcançar muita gente.

"Em dois dias de notícia falsa correndo no WhatsApp, sabe-se lá quantas milhões de pessoas podem ser atingidas", afirmou.

Mídia tradicional

Os palestrantes destacaram a importância que a mídia tradicional vai ter na eleição de 2018 no combate de notícias falsas.

"O bom jornalismo pode e vai contribuir, independentemente de ser [especializado em] checador. Para isso, é preciso uma apuração rigorosa dos fatos", disse Recondo.

Para Thiago Tavares, fundador da Safernet e conselheiro do CGI.br, "contra 'fake news' a melhor solução é jornalismo de qualidade".

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