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Política

Dilma recebe credenciais da embaixadora dos EUA

A nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, esteve no Palácio do Planalto para entregar à presidente as suas credenciais e formalizar o início do seu trabalho no País

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 31/10/2013 às 23:23

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Um mês e meio depois do anúncio do cancelamento da visita de Estado a Washington, a nova embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Liliana Ayalde, reconheceu que a relação entre os dois países vive um momento delicado. Liliana esteve no Palácio do Planalto para entregar à presidente Dilma Rousseff as suas credenciais e formalizar o início do seu trabalho no País.

Esta não foi uma cerimônia exclusiva para Liliana, que foi um dos 19 embaixadores que se reuniram com Dilma e passaram a ser acreditados pelo Brasil. Liliana desembarcou no Brasil no mesmo dia em que Dilma e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conversaram por telefone e anunciaram o "adiamento" da viagem por causa das denúncias de que a Agência de Segurança Nacional, dos Estados Unidos, (NSA, sigla em inglês) espionava a própria presidente, assessores dela e importantes empresas brasileiras, como a Petrobrás.

Liliana Ayalde apenas trocou rápidas palavras em português com Dilma ao apresentar suas credenciais. Ao ser abordada por jornalistas, depois da cerimônia, ela se limitou a reconhecer que as relações bilaterais passam por um momento delicado, mas destacou a importância de continuar dialogando. Questionada por jornalistas se a relação bilateral não estaria delicada, Liliana respondeu: "É, mas eu acho que tem de conversar e vamos continuar dialogando para avançar, mas temos muitos outros temas que conversar e trabalhar."

No domingo, 27, o jornal "O Estado de S.Paulo" revelou que enquanto a NSA vigiava alvos do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff, o Brasil recomendava a aposentadoria de um agente de seu serviço de espionagem, suspeito de passar segredos para os norte-americanos. Ontem, a Associação Nacional dos Oficiais de Inteligência - AOFI declarou guerra ao diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Trezza, ao emitir uma nota dirigida aos seus associados, na qual questiona a decisão dele de aconselhar a aposentadoria do agente 008997, que estaria colaborando com o governo norte-americano, mesmo após ser descoberto pelo Departamento de Contra Inteligência da Abin. A Associação se queixa ainda que a aposentadoria foi concedida "sem os procedimentos administrativos condizentes com o caso" e lembra aos associados que as informações divulgadas pelo Estado, "não parecem divergir das percepções compartilhadas" entre os oficiais de inteligência da Abin.

A presidenta Dilma Rousseff recebe as credenciais de novos embaixadores, no Palácio do Planalto. Na foto, a embaixadora dos Estados Unidos, Liliana Ayalde (Foto: Agência Brasil)

Depois de questionar o fato de a direção-geral da Abin ter sido "parcial" e não ter tomado "providências" em relação ao suposto agente duplo, sem abertura de investigação administrativa ou criminal, avisa aos associados que está estudando "a melhor maneira de atuar para que os fatos abordados nas reportagens tenham consequências condizentes com a gravidade dos fatos e com um órgão de Inteligência que preza pela proteção de suas informações e de seus meios de trabalho". No início da semana, a AOFI informou que estudava ingressar com ação no Ministério Público para investigar o diretor-geral da Abin por crime de prevaricação.

19 embaixadores - Ao todo, 19 embaixadores participaram da cerimônia com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto A solenidade - fechada à imprensa - é um ato formal, em que os embaixadores entregam cartas credenciais dos presidentes dos seus respectivos países que formalizam as suas indicações para o posto. A última delas foi em janeiro e Dilma recebeu 16 embaixadores.

Ao entregar sua credencial, a embaixadora norte-americana trocou rápidas palavras com Dilma, em português. Também entregaram credenciais os embaixadores de Botsuana, Guiné Equatorial, Líbano, Honduras, Sri Lanka, Índia, Marrocos, Tunísia, França, Reino Unido, Iraque, Nicarágua, Polônia, Suíça, Vietnã, Kuwait, República Tcheca e Coreia do Norte.

Como a presidente Dilma prefere fazer cerimônias coletivas de recebimento de credenciais, alguns embaixadores esperam meses para se encontrar com ela. Foi o caso, por exemplo, do representante de Botsuana que está há nove meses aguardando para entregar as suas. A embaixadora Liliana Ayalde, que chegou ao Brasil no dia 16 de setembro, afirmou que pretende viajar muito pelo País nos próximos meses. "Quero viajar, conhecer muitos Estados, já tenho ido a Recife, São Paulo, pretendo viajar muito, (estou há) um mês e meio aqui", comentou. Liliana desconversou sobre o que já foi feito na prática sobre as denúncias de espionagem. "Eu tenho de ir", afirmou, se despedindo dos repórteres.

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