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Política

Centrão pressiona Bolsonaro sobre declarações de fraude nas urnas e presidente promete moderar

O presidente se comprometeu com congressistas e ministros, inclusive Ciro Nogueira, recém-nomeado chefe para comandar a Casa Civil, a melhorar o discurs

Folhapress

Publicado em 31/07/2021 às 15:26

Atualizado em 31/07/2021 às 16:48

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José Dias/PR/Fotos Públicas

Líderes e dirigentes de partidos do centrão e aliados do governo fizeram apelo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que modere o tom com relação à existência de fraude nas urnas eletrônicas e a defesa do voto impresso.

O mandatário fez uma live na quinta-feira (29) com o maior ataque às urnas eletrônicas. A avaliação é que Bolsonaro precisa parar de flertar com ameaças golpistas sob pena de perder mais em popularidade por causa da pecha de radical.

O presidente se comprometeu com congressistas e ministros, inclusive Ciro Nogueira, recém-nomeado chefe para comandar a Casa Civil, a melhorar o discurso.

A live, na qual o mandatário não apresentou provas de fraudes, foi considerada patética por ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e do STF (Supremo Tribunal Federal).

A transmissão ao vivo teria sido ainda pior, disseram aliados de Bolsonaro, não fosse a intervenção do centrão. O objetivo do mandatário, afirmaram ministros, era atacar com mais contundência os integrantes do Supremo.

Líderes partidários aliados do governo no Congresso disseram que o objetivo é buscar junto ao presidente a reformulação do discurso.

A aposta é que Ciro conseguirá convencer Bolsonaro a virar a chave e falar para a população de que é seguro votar e deixar de lado a tese das fraudes nas urnas.

Esta não será a primeira vez que dirigentes do centrão apelam a Bolsonaro para que ele recue em declarações radicais. O presidente costuma variar em suas falas. Ora soa mais moderado, ora volta atacar Congresso, STF e minimizar a pandemia.

Segundo ministros, Bolsonaro deverá participar da reunião entre os três Poderes que está sendo articulada pelo presidente do Supremo, ministro Luiz Fux.

Fux irá telefonar na segunda-feira (2) a Bolsonaro e aos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG), respectivamente, para marcar a data do encontro.

A reunião ocorreria no início deste mês, mas teve de ser cancelada após a internação de Bolsonaro em decorrência de uma obstrução intestinal.

Nesta quinta, após três anos denunciando supostas fraudes nas eleições brasileiras, Bolsonaro prometia apresentar durante a live o que ele chamava de provas, mas trouxe apenas teorias que circulam há anos na internet e que já foram desmentidas anteriormente.

Ao longo da fala, Bolsonaro mudou o discurso e admitiu que não pode comprovar se as eleições foram ou não fraudadas.

"Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios. Crime se desvenda com vários indícios", disse.

Ao final da exposição, Bolsonaro foi questionado por jornalistas se havia mostrado suspeitas ou provas. Respondeu: "Suspeitas, fortíssimas. As provas você consegue com a somatória de indícios. 
Apresentamos um montão de indícios aqui".

Durante a apresentação, foram veiculados vídeos divulgados na internet que buscam transmitir a mensagem de que é possível fraudar o código-fonte para computar o voto de um candidato para o outro.

Em reação às falas de Bolsonaro, a Rede pediu ao STF que multe o presidente em R$ 500 mil a cada nova manifestação inverídica sobre existência de fraudes eleitorais. O partido solicitou que o valor seja descontado do patrimônio de Bolsonaro e destinado para o controle da pandemia da Covid-19.

A Rede já havia ingressado com um mandado de segurança no início de julho no qual solicitava que o presidente apresentasse provas das suspeitas levantadas contra as eleições.

À época, o relator do processo, ministro Gilmar Mendes, deu dez dias para o mandatário explicar as afirmações.

Em outra frente, o presidente da Câmara disse nesta sexta-feira (30) não ver chances de a PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso ser aprovada na comissão especial da Casa. Na avaliação de Lira, o texto não terá apoio suficiente para chegar ao plenário.

"A questão do voto impresso está tramitando na comissão especial, o resultado da comissão impactará se esse assunto vem ao plenário ou não. Na minha visão, tudo indica que não", afirmou.

Na avaliação de líderes do centrão, só daqui um tempo será possível ver se Bolsonaro cumprirá mesmo o prometido de moderar o discurso.

Mesmo assim, caso ele continue com o habitual tom radical, congressistas estão otimistas quanto à articulação do governo com o Congresso, graças à entrada de Ciro na Casa Civil.

O mais importante são as demandas de negociaçoes por aprovação de matérias serem atendidas.

Além disso, deputados e senadores que pretendem apoiar a reeleição de Bolsonaro querem sobretudo que saia logo a reformulação do Bolsa Família e que sejam lançadas medidas de estímulo à economia.
Só assim, avaliam, Bolsonaro conseguirá recuperar um pouco da popularidade que perdeu.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), hoje principal adversário de Bolsonaro, ampliou a vantagem nas intenções de voto para 2022 e cravou 58% a 31% no segundo turno na pesquisa mais recente do Datafolha.

Ainda de acordo com a pesquisa, 59% dos eleitores dizem que não votam de jeito nenhum no atual presidente. Esse índice era de 54% no levantamento anterior.

"No meu ponto de vista, a expectativa é muito positiva no Congresso em relação às mudanças que foram feitas [no ministério]", disse o deputado André Fufuca (MA), presidente interino do PP no lugar de Ciro, que se licenciou.

A reforma ministerial feita por Bolsonaro envolve trocas em três pastas: o senador pelo Piauí e presidente do PP foi para a Casa Civil no lugar de Ramos, que passou para a Secretaria-Geral -ocupada hoje por Onyx Lorenzoni. Já Onyx foi para o Ministério do Emprego e Previdência, recriado com o desmembramento da Economia.

A saída de Ramos da Casa Civil era demanda antiga do centrão. Por isso, apesar do discurso de Bolsonaro incômodo a líderes partidários, as trocas no ministério servem para amainar o clima na base do Congresso.

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