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Política

Bolsonaro não fez ataques, mas críticas à Folha, diz braço direito

Na entrevista ao Jornal Nacional, o capitão reformado voltou a atacar o jornal

Folhapress

Publicado em 30/10/2018 às 17:20

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Gustavo Bebianno afirmou que o presidente eleito fez críticas e não ataques à Folha de S.Paulo / Agência Brasil

Braço direito de Jair Bolsonaro (PSL), o advogado Gustavo Bebianno afirmou nesta terça-feira (30) que o presidente eleito fez críticas e não ataques à Folha de S.Paulo na entrevista ao Jornal Nacional na noite de segunda (29).

"Ele (Bolsonaro) não fez ataques, ele fez críticas. Será que a crítica é unilateral? Acho que nós vivemos num regime democrático, se ele se sentiu atacado em algum momento de forma fora de uma linha de normalidade, afinal de contas, há tantos outros jornalistas, como do O Antagonista, por exemplo, Claudio Dantas, o Felipe Moura Brasil e Augusto Nunes, que criticaram também ou observaram ou fizeram comentários a respeito da postura desse jornal. Isso faz parte da democracia, ninguém está atacando ninguém", disse.

Na entrevista ao Jornal Nacional, o capitão reformado voltou a atacar a Folha de S.Paulo: "Por si só, esse jornal se acabou".

Bolsonaro se disse "totalmente favorável à liberdade de imprensa", com um adendo: "Temos a questão da propaganda oficial de governo, que é outra coisa". Ele vem ameaçando cortar verbas publicitárias que o governo federal destina a veículos da imprensa que fazem reportagens que lhe desagradam, sobretudo a Folha de S.Paulo e a Rede Globo.

Bebianno negou que o futuro governo esteja fazendo uma ameaça ao jornal quando o presidente eleito diz que cortará a publicidade governamental.

"Não, de jeito nenhum", disse o advogado. Segundo ele, é preciso ter equilíbrio e critério técnico.

"Nós estamos estudando isso. Na verdade, entendemos que o estado gasta muito dinheiro com publicidade de forma desnecessária, acreditamos que isso é um desperdício", afirmou.

Sem dar detalhes, ele sugeriu que existem escândalos na Secretaria de Comunicação envolvendo verbas de publicidade.

"Isso vai ser revisto de forma democrática, tranquila e seguindo os padrões legais", afirmou.

As afirmações de Bolsonaro se deram em resposta a uma pergunta do jornalista William Bonner, apresentador e editor-chefe do Jornal Nacional.

Bonner questionou: "O senhor sempre se declara um defensor da liberdade de imprensa, mas, em determinados momentos, chegou a desejar que um jornal deixasse de existir. Como presidente eleito, o senhor vai continuar defendendo a liberdade da imprensa e a liberdade do cidadão de escolher o que ele quiser ler, o que ele quiser ver e ouvir?".

A resposta de Bolsonaro, de que "o jornal se acabou", foi seguida de uma defesa de Bonner em relação à Folha de S.Paulo.

"Como editor-chefe do Jornal Nacional, eu tenho um testemunho a fazer. Às vezes, eu mesmo achei que críticas que o jornal Folha de S.Paulo tenha feito ao Jornal Nacional me pareceram injustas. Isso aconteceu algumas vezes. Mas para ser justo do lado de cá, eu preciso dizer que o jornal sempre nos abriu a possibilidade de apresentar a nossa discordância, apresentar os nossos argumentos, aquilo que nós entendíamos ser a verdade. A Folha é um jornal sério, um jornal que cumpre um papel importantíssimo na democracia brasileira. É um papel que a imprensa profissional brasileira desempenha e a Folha faz parte desse grupo da imprensa profissional brasileira."

O presidente eleito citou ainda o caso de Walderice dos Santos da Conceição, a Wal, ex-assessora dele na Câmara dos Deputados que vendia açaí e prestava serviços particulares ao deputado federal em Angra dos Reis (RJ), onde ele tem casa de veraneio.

Em janeiro deste ano, a Folha de S.Paulo revelou que Bolsonaro usava verba da Câmara para pagar Walderice. Ela figurava desde 2003 como funcionária do gabinete do deputado federal, recebendo salário de R$ 1.300 ao mês, mas vendia açaí em uma barraca vizinha à casa de veraneio dele em Mambucaba (RJ).

Walderice pediu demissão do gabinete de Bolsonaro após as reportagens da Folha de S.Paulo.

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