Política

‘Bolsonaro é o comandante e eu um soldado’, afirma Major Olímpio

Atual pré-candidato ao Senado, o deputado federal não descartou a ideia de concorrer ao Governo do Estado

Da Reportagem

Publicado em 13/07/2018 às 09:00

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Major Olimpio falou com exclusividade à Gazeta / Thiago Neme/Gazeta de S. Paulo

Por Nely Rossany
Repórter da Gazeta de São Paulo

Citado pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) como possível candidato a governador no estado de São Paulo, o deputado federal Major Olimpio falou com exclusividade à Gazeta de São Paulo. Olimpio não admitiu que disputará a vaga pelo Palácio dos Bandeirantes, já que atualmente é pré-candidato ao Senado, mas afirmou que “missão dada é missão cumprida”, se referindo ao pedido do presidente da
legenda. 

Major Olímpio também falou de temas polêmicos que defende, como a redução da maioridade penal e fez duras críticas ao ex-prefeito João Doria, que foi seu concorrente nas eleições de 2016.

Gazeta de S. Paulo - Bolsonaro citou lançar o senhor como candidato a governador em São Paulo. Vocês já conversaram sobre isso?

Major Olimpio - É uma satisfação uma indicação do Jair Bolsonaro nesse momento pelo o que ele representa para a população brasileira e para o partido do qual sou presidente estadual. Ele é o comandante desse exército e eu sou um soldado aplicado. A minha expectativa e o meu preparo esse tempo todo é pra disputar uma vaga no Senado, porque eu vejo a importância que terá no futuro governo Bolsonaro lideranças firmes dentro do Senado. Num Senado que tem a obrigação constitucional até de processar e pedir o impeachment dos ministros do Supremo e não aconteceu isso na história da República porque a maioria dos senadores tem o rabo preso literalmente. Então a minha expectativa é de disputar uma eleição para o Senado, quase tão difícil quanto a de governador.

GSP - Por que Bolsonaro citou seu nome como governador?

MO - A credito que o Bolsonaro tenha dito isso não como uma ameaça mas só como aviso, que ontem [quarta-feira] o Doria na “Jovem Pan”, disse em um dos seus arroubos de valentia inexistente, que ele abriria mão e jamais aceitaria o apoio do Bolsonaro. Eu não estava com o Bolsonaro, mas muito possivelmente ele deve ter declarado o ânimo do partido de ter uma candidatura própria em São Paulo por ver esse vácuo e essa mesmice. Quando você vê à frente [nas pesquisas] um Doria com um PSDB desgastado após 24 anos, um Doria que fez declarações de amor à cidade de São Paulo, dizendo ‘eu vou permanecer no mandato’, entre outras coisas que vai tornando o apelido de Pinóquio de [Geraldo] Alckmin  para ser o dele, então nós temos uma eleição muito indefinida. Acho até que porque, a última pesquisa do Ibope me colocou com 11% nas pesquisas, isso deve ter animado o Bolsonaro. Internamente o partido vinha falando sobre isso e eu dizendo ‘é uma eleição difícil’.

GSP - Mas o senhor vai ser candidato a governador?

MO - Se o Jair Bolsonaro, o PSL Nacional, disser pra mim ‘Major é missão”. Então missão dada é missão cumprida. Eu vou fazer.

GSP - Seria um desafio o senhor se candidatar agovernador agora?

MO - Um desafio enorme. E eu estou mais do que preparado para os desafios, como foi até antes de ter até minha mudança para o PSL, de estar nesse projeto do Bolsonaro, de ser um dos formuladores da proposta de Segurança Pública que é a questão mais aguda para a população hoje. Eu estava bastante desiludido querendo de fato não disputar sequer as eleições. A minha ideia de verdade era ser um morador caiçara em Ilha Bela (risos). Eu estava com um sentimento de dever cumprido. Mas veio esse projeto e isso acaba entusiasmando. Eu sempre digo que entrei na política por causa dos amigos e não saí por causa dos inimigos.

GSP - O PSL cogitava apoiar a candidatura do Doria?

MO- Não, de forma nenhuma. O próprio Doria vende geladeira sem motor. Ele é um cara maravilhoso como vendedor. Ele vive dessas bravatas e ele conquista. Ele é um cara muito habilidoso e vai vendendo essa questão de ‘olha, não sou político, sou gestor’.  O discurso foi muito bom, o marketing. Diante disso, quando questionado a respeito do Doria, ou até o voto ‘Bolsodoria’, que foi o Doria que criou isso aí. O Bolsonaro nunca falou nada, nem contra, nem a favor do Doria. Acho que eles nunca nem foram apresentados na vida. Aí o cara [Doria] falou isso, mas depois pensou o ‘cara extremista de esquerda que quer pegar em armas’ ...Ninguém quer pegar em armas...

GSP - Uma das suas bandeiras é a redução da maioridade penal.  Como senador ou governador o senhor vai lutar por aprovar a proposta?

MO- A medida está há dois anos sem ser apreciada no Senado. Eu quero ir para o Senado para desengavetar esse processo. Precisamos mudar essa estrutura legislativa no nosso País.

GSP - Uma das polêmicas dessa medida é que a redução da maioridade pena aumentaria a população carcerária em um sistema já sem estrutura, como o senhor vê isso?

MO – Olha, o menor no Brasil é o ‘007’, ele tem licença pra matar. Mesmo nos casos de homicídios praticados pelo menor infrator. Nenhum [menor] pode ficar interno [na Fundação Casa] por mais de dois anos, mas nenhum fica mais de 8 meses por política de desencarceramento. É questão de opção para a população de São Paulo. ‘Ah mas vai aumentar a população carcerária’. Então deixa ele estuprando e matando, desde que não seja sua filha, não seja na sua casa, não seja com você, está tudo certinho. O que eu não posso é para salvar o lobo, sacrificar a ovelha. Então o cara que se tornou um marginal não pode conviver em sociedade. Nós vamos arrumar os R$ 21 bilhões para poder ajustar as vagas carcerárias. Mas entre ele ficar dormindo em pé dentro da cadeia ou ficar estuprando na rua, ele vai dormir em pé dentro da cadeia.

GSP - Mas as penitenciárias estão virando universidades do crime. O estado não tem que trabalhar para a ressocialização?

MO- E o que eu faço? Deixo ele na sociedade? É uma questão de opção. A reincidência de crime no Brasil é de 85%. Vamos tentar todos os métodos do mundo. Hoje você tem 2.800 menores infratores na Fundação Casa. A tendência é que a maioria esmagadora vai ser bandido e não é questão social não. Eu trabalhei em área de favela e na mesma família você tem o menino que um foi pra escola e outro foi ser bandido.

GSP - O senhor não acredita que os menores infratores possam se recuperar se tiverem o apoio do Estado? E as medidas de prevenção?

MO- Eu acredito e temos que investir nisso dentro das possibilidades do Estado. O nosso grande desafio é disputar cada criança com o traficante. Os ‘esquerdopatas’ dizem que querem legalizar o comércio [de drogas]. Esse discurso em relação às drogas, em relação ao menor, nós temos que pensar no contexto da sociedade como um todo. Recuperar cada criança, através de programas sociais, a presença do estado nas favelas. Você não resolve segurança pública só com polícia, é um conjunto todo.

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