X

Política

Bolsonaro debocha de levantamento sobre ataques contra jornalistas

Na última semana, o presidente atacou dois repórteres que o questionaram sobre reportagens a respeito do chefe da Secom, Fabio Wajngarten

Folhapress

Publicado em 20/01/2020 às 09:57

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

Dias antes, em 6 de janeiro, o presidente disse que os jornalistas brasileiros são uma "raça em extinção" / José Cruz/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro fez publicações em suas redes sociais neste domingo (19) ironizando o levantamento da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) que mostrou que ele foi o autor de 58% dos ataques contra veículos de comunicação e jornalistas no Brasil em 2019.

"Pegaram o QI médio da galera da imprensa. Deu 58", escreveu ele para um apoiador que comentou em sua postagem. O presidente publicou uma imagem com o título da reportagem feita pelo UOL sobre o levantamento, acompanhada de risadas.

"- KKKKKKKKKKKKKKK. - HAHAHAHAHAHAHA. - KKKKKKKKKKKKKKK.", escreveu Bolsonaro no Facebook, mesma rede social em que respondeu diretamente ao seguidor.

Na pesquisa, divulgada na semana passada, a entidade contabilizou 208 ataques contra veículos de comunicação e jornalistas no ano passado. Destes, 121 foram praticados pelo presidente da República.

A maioria dos ataques de Bolsonaro ocorreu em divulgações oficiais da Presidência da República, de acordo com a federação. Os registros foram encontrados em discursos e entrevistas -transcritos no site do Palácio do Planalto- e no Twitter oficial do presidente.

O levantamento registrou que, no caso de Bolsonaro, "foram 114 ofensivas genéricas e generalizadas, além de sete casos de agressões diretas a jornalistas".

Na última semana, o presidente atacou dois repórteres da Folha de S.Paulo que o questionaram sobre reportagens publicadas pelo jornal a respeito do chefe da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), Fabio Wajngarten.

As notícias mostraram que o auxiliar do Planalto recebe, por meio da empresa da qual é sócio, dinheiro de agências e emissoras contratadas pelo governo federal.

Na manhã de quinta-feira (16), o presidente reagiu negativamente a uma pergunta sobre o tema. "Fora, Folha de S.Paulo, você não tem moral para perguntar, não", afirmou, pedindo que outros repórteres fizessem perguntas. "Cala a boca", disse à reportagem.

No início da noite, Bolsonaro respondeu mais uma vez com agressividade. "Você está falando da tua mãe?", disse.

A reportagem havia perguntado: "O senhor sabia dos contratos do Fabio, presidente?".

"Está falando da tua mãe? Você está falando da tua mãe?", afirmou Bolsonaro. "Não, estou falando do secretário de Comunicação, do Fabio Wajngarten", respondeu a reportagem.

Dias antes, em 6 de janeiro, o presidente disse que os jornalistas brasileiros são uma "raça em extinção", falou que cada vez menos pessoas confiam na imprensa e que a leitura diária de jornais envenena e desinforma. Na ocasião, ele também acusou a Folha de S.Paulo de escrever mentiras.

Em outubro, Bolsonaro disse que o jornal desceu "às profundezas do esgoto" após publicação de reportagem sobre possível uso de caixa dois na campanha dele à Presidência. No mesmo mês, determinou o cancelamento de assinaturas da Folha de S.Paulo no governo.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Emergenciais

Estado diz que investiu R$ 2,2 milhões em obras no Escolástica Rosa

O conjunto arquitetônico formado por salas de aula, orfanato, capela e oficinas profissionalizantes foi inaugurado em 1908

RUÍNAS

Restauração do Escolástica Rosa começa no 'fim do mês', diz Nupec

Patrimônio histórico tombado foi inaugurado em 1908 à beira-mar e formou gerações de santistas, mas está abandonado, tomado pelo mato e em ruínas

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter