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Nilton C. Tristão: Eleição Covid-2020 - Parte 2

Tanto situação quanto oposição terão de se adaptar às mudanças ocorridas no campo de disputa

Da Reportagem

Publicado em 26/05/2020 às 13:10

Atualizado em 09/06/2020 às 18:52

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Agência Brasil

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Por Nilton C. Tristão e Maurício Brusadin

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Nosso último artigo, que abordou a temática da eleição municipal desse ano, manteve foco nas condições de elegibilidade dos atuais prefeitos. Agora, explanaremos a respeito dos desafios dos candidatos de oposição, uma vez que ambos os lados terão de se adaptar às mudanças ocorridas no campo de disputa. 

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A provável prorrogação do pleito para meados de novembro ou dezembro dificultará o projeto de reeleição dos mandatários em exercício, uma vez que os efeitos da pandemia em suas dimensões econômicas, sociais e de saúde pública serão mais perceptíveis e sintomáticos, com potencial para ampliar o mal-estar com as instâncias estabelecidas pelo sufrágio universal. 

Ou seja, os chefes dos executivos locais pagarão a conta pela fragilidade da cooperação entre os demais entes federativos; pelas tomadas de decisões sustentadas em imprecisão de dados, indicadores e informações detalhadas; pela debilidade no refinamento das matrizes de riscos para determinar a flexibilização da atividade comercial e pelos gastos excessivos de recursos públicos em estratégias incapazes de mitigar os efeitos da interiorização da pandemia. 

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Em síntese, em sua grande maioria, os governos municipais serão acusados de gerar a falsa sensação de segurança, mesmo não detendo desde o início do surto a capacidade de produzir diagnósticos, consensos, planejamentos e ações eficazes para lidar com tal realidade. Dessa forma, fica evidente que a vida dos detentores de mandato não será fácil nesta eleição, contudo, a oposição também correrá riscos diante de uma pandemia de incertezas, sendo que os discursos populistas, a disseminação do espírito de desmobilização e ataques gratuitos, podem configurar-se num ato de irresponsabilidade. 

Portanto, faz-se necessário compreender os limites na exploração da fragilidade e das difíceis escolhas exigidas da municipalidade diante de cenários que incluem desde rastro de desemprego a congestionamento em unidades de saúde. A meta consiste em rejeitar o comportamento de “urubu sobre a carniça” e adotar a conduta de alguém disposto a contribuir com a solução e preparado para lidar com problemas verdadeiros, ou seja, os postulantes de oposição terão que encontrar um ponto de equilíbrio nas críticas, podendo propor debates como a falta de planejamento, ausência de transparência nos gastos e inação diante da deterioração econômica, temas que devem ser tratados com a prudência de quem não deseja promover a desunião. Terão que convencer que são capazes de “fazer mais com menos” para uma sociedade obrigada a conviver com o “novo normal”, e demandante da ampliação de políticas públicas voltadas à proteção social, mas em um contexto de queda dramática de arrecadação.

Nilton C. Tristão (Cientista Político) e Maurício Brusadin (Economista)

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