Polícia

Violência contra a mulher cresce 50% no 1º trimestre no Estado de SP

São 21 casos nos primeiros três meses deste ano ante 14 no mesmo período do ano passado; em menos de 48h, Baixada teve duas tentativas de homicídio

Gilmar Alves Jr.

Publicado em 03/05/2015 às 10:53

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A violência contra a mulher deixou um rastro 50% maior de mortes no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram 21 casos ante 14 no mesmo período do ano passado.

O número de tentativas de homicídio teve redução de 20,43% na comparação dos mesmos períodos: são 74 casos ante 93. Lesões corporais também apresentaram diminuição, sendo 13.468 registros ante 14.467 (-6,90).

A Baixada Santista registrou dois graves em menos de 48 horas, entre a noite de 25 de abril e a madrugada do dia 27, em São Vicente e em Santos.

Na ocorrência em São Vicente, uma mulher de 35 anos foi atingida por três facadas desferidas dentro de casa, na Vila Nossa Senhora de Fátima, pelo marido, que foi preso. A tentativa de homicídio ocorreu na frente da filha de 8 anos do casal. A vítima permanecia internada, na noite de ontem, em estado grave no Hospital Municipal de São Vicente.

Na Encruzilhada, em Santos, uma jovem de 17 anos sobreviveu após ser esfaqueada e golpeada com pauladas pelo namorado na Rua Júlio Conceição. O crime ocorreu após a vítima anunciar que queria romper a relação de dois anos. A jovem chegou a deixar a residência devido ao inconformismo e violência do namorado, mas retornou devido à promessa do rapaz dela poder continuar vivendo no local sem ele. No retorno, após uma discussão, o crime aconteceu. O rapaz ainda não foi localizado pela polícia.

Titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, a delegada Deborah Perez Lázaro afirma que a recomendação é de que as vítimas de violência doméstica deixem imediatamente o local de conflito, em uma situação de vioolência, para registrar boletim de ocorrência e, se necessário, solicitar medidas protetivas. 

Jovem de 17 anos sobreviveu após ser esfaqueada e atingida por pauladas pelo namorado, que fugiu (Foto: Matheus Tagé/DL)

No caso da Encruzilhada, a conduta ideal para a jovem, segundo a delegada, seria procurar a polícia logo após o rapaz manifestar os primeiros sinais de violência. “Quando ela (vítima) deixa o local do conflito, obviamente, ela jamais pode voltar. Porque um fato como esse (tentativa de homicídio) pode acontecer, ou coisas até piores.”

Caso a jovem não tivesse voltado ao imóvel, a menor poderia solicitar medidas protetivas de urgência, entre elas do rapaz ser impedido pela Justiça de manter qualquer tipo de contato com ela. “Se ele descumprisse essa medida, a prisão preventiva dele já seria pedida”, informou Deborah.

Abrigamento

Entre as medidas protetivas que podem ser pedidas pelas mulheres em caso de violência doméstica está o abrigamento. Em Santos, a Polícia Civil enfrenta um problema para encaminhar as vítimas ao local mantido pela Prefeitura: após as 17 horas, não é possível a entrada. A medida tomada após esse horário, que não é considerada ideal pela delegada, é encaminhar as mulheres para o Albergue Noturno para que sejam recambiadas no dia seguinte para a Casa Abrigo.

“A Casa Abrigo tem que trabalhar 24 horas e ter uma estrutura maior para abrigar essas mulheres”, afirma Deborah. Ela informou que irá marcar uma audiência na Prefeitura para tratar o tema.

Procurada pelo Diário do Litoral, a Prefeitura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o atendimento está de acordo com o que determina o Ministério do Desenvolvimento Social. “A mulher vítima de violência tem de passar por atendimento técnico no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), que funciona até às 17h”.

Conscientização

A delegada ressalta a importância de conscientizar as mulheres para evitar desfechos violentos. Romper de modo definitivo a relação diante do cenário violento é o primeiro passo. “Quando você é agredido uma vez, você vai ser agredido a segunda vez. E muitas delas, a maioria delas, não tem essa consciência (…) eu vejo que autoestima dessas mulheres está muito baixa, então por isso elas voltam atrás, e aí é que mora o problema, porque aí o crime mais grave pode acontecer, até um homicídio.”

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