Polícia

Tráfico faz Prefeitura descredenciar hotel da cracolândia

Eles poderão ser realocados para outros sete hotéis do programa, mas se queixam de "estado de calamidade" dos demais estabelecimentos

Publicado em 30/09/2015 às 13:19

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Em 1 ano e 9 meses do programa De Braços Abertos, a Prefeitura de São Paulo descredenciou mais um hotel que abriga usuários de crack. Este é o segundo estabelecimento retirado do programa; o primeiro foi no ano passado. A ação do tráfico de drogas nos hotéis teria motivado os descredenciamentos. O prazo para a saída dos antigos usuários do Hotel Lucas, na Alameda Dino Bueno é nesta quarta-feira, 30.

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Na prática, caso queiram continuar no local, os moradores terão de arcar, sozinhos, com a diária de R$ 70. Eles poderão ser realocados para outros sete hotéis do programa, mas se queixam de "estado de calamidade" dos demais estabelecimentos. Hoje, o coordenador do programa, Benedito Domingos Mariano, deve visitar mais três hotéis na região da Luz em busca de substitutos.

O Hotel Lucas, que foi descredenciado, é administrado por David Ferreira. Ele nega que traficantes tenham se infiltrado no local. Os 23 moradores do estabelecimento se recusam a deixar o hotel. Alguns já saíram dos quartos para voltar a dormir na rua porque dizem preferir a calçada à estrutura precária dos demais locais. A reportagem tentou entrar em dois deles, criticados por beneficiados do programa, mas foi barrada.

Na prática, caso queiram continuar no local, os moradores terão de arcar, sozinhos, com a diária de R$ 70 (Foto: Divulgação)

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Fluxo

Na calçada do Lucas formou-se um "novo fluxo" - local de consumo de drogas ao ar livre -, após a Prefeitura ter removido os usuários de crack da Alameda Cleveland, em abril. Segundo Ferreira, a Prefeitura alegou ter descredenciado o hotel por estar no meio do fluxo. Aos usuários, porém, a gestão municipal teria sugerido a mudança dos moradores para dois hotéis a alguns metros do fluxo. A Prefeitura nega e diz ter indicado dois hotéis mais afastados.

"A Prefeitura quer nos mandar para hotéis cheios de rato, sem ventilação e água. Nós não vamos sair daqui de jeito nenhum. Se preciso, vamos protestar na porta da Prefeitura", afirmou Franciele Silva, de 35 anos, moradora do Lucas. Ela e o marido ganham juntos, por mês, R$ 920. Se todo o salário fosse gasto com as diárias, o casal só teria dinheiro para pagar 13 dias.

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De acordo com moradores do hotel, a Prefeitura esteve no local anteontem desmontando camas, de propriedade municipal. Simone Silva da Cruz, de 46 anos, mora no Lucas desde o começo do programa, em janeiro de 2014. Ela diz que foi surpreendida na sexta-feira. Quando chegou ao quarto, estava sem cama. "Estou dormindo há quatro dias na calçada."

"O Hotel Lucas foi descredenciado por dois fatores: inadequação das instalações e falta de garantia de acesso de circulação das equipes de assistência social e da saúde que acompanham os beneficiados nos hotéis", explicou Mariano.

Segundo o coordenador do programa, a Prefeitura tem dado apoio para a retirada dos moradores. Hoje são 503 beneficiados e, com a saída do Lucas, são sete estabelecimentos vinculados ao De Braços Abertos.

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