POLÍCIA

Sinpolsan avalia déficit de policiais no Estado de SP

Setor de homicídios sofre diminuição de efetivo comprometendo as investigações

Carlos Ratton

Publicado em 07/10/2022 às 07:00

Atualizado em 07/10/2022 às 12:53

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Déficit está prejudicando trabalho da Polícia Civil de São Paulo / Divulgação

"Já estamos denunciando esse déficit há meses. O quadro atual de policiais compromete a qualidade dos serviços. Uma das consequências disso, aqui na região da Baixada, são 22 corpos desovados nos últimos 90 dias e a polícia encontra dificuldades de dar uma resposta à sociedade, de combater a impunidade", afirma o presidente do Sindicatos do Funcionários da Polícia Civil de Santos e Região (Sinpolsan), Renato Martins.

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O sindicalista refere-se a reportagem publicada nesta quinta-feira (6), pelo Diário do Litoral, dando conta que o déficit de policiais civis em São Paulo bateu um recorde histórico e, pela primeira vez, superou 16 mil cargos vagos.

A marca foi atingida no dia 1º de outubro, quando o Diário Oficial do Estado publicou a aposentadoria de 45 policiais.

"O alarmante é que dentro desse quadro (deficitário) é que o setor de homicídios sofreu uma diminuição de seu efetivo, comprometendo as investigações. Há muito que não só o déficit mas a precarização da Polícia Civil vem trazendo enormes prejuízos à sociedade. Sinpolsan já promoveu várias ações civis públicas para obrigar o Estado a assumir suas responsabilidades", completa o sindicalista.

TRANSFERÊNCIAS.

Martins lembra que, recentemente, o Sindicato tentou evitar transferências de funcionários para Bertioga, em que o Estado queria sobrecarregar os funcionários, fazendo com que eles trabalhassem em duas unidades ao mesmo tempo.

"As escalas já estão trazendo enormes prejuízos ao atendimento. Os plantões estão cada vez mais estressantes não só para os policiais, como para quem busca atendimento. O novo governo (estadual) terá que enfrentar esse problema grave", finaliza.

PEDIDOS

"As aposentadorias e pedidos de exoneração são diários na Polícia Civil e o Governo do Estado não promove a nomeação dos aprovados em concursos para reposição desses cargos vagos", explica a delegada Raquel Gallinati, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.

Atualmente, dos 41.912 cargos previstos para a Polícia Civil, somente 25.911 estão ocupados. Isso representa um déficit de 38,2%.

O Sindicato dos Delegados avalia que é impossível para qualquer organização manter a qualidade de atendimento com uma falta de recursos humanos que beira 40% e ressalta que existem candidatos aprovados em concursos para a Polícia Civil aguardando a nomeação por parte do Estado.

"Todo o trabalho de polícia judiciária fica extremamente prejudicado, refletindo nos índices de investigação e elucidação de crimes. Quando um cidadão busca auxílio de uma delegacia para registrar um crime e o atendimento é demorado ou insatisfatório, é porque o policial que está lá precisa cumprir a função de 3 ou 4 colegas", explica a delegada Raquel.

A Polícia Civil de São Paulo é uma das mais capacitadas do mundo, mas não consegue atingir todo o seu potencial de excelência por falta de investimento em estrutura, pessoal e salários. O desmonte da estrutura da instituição ocorre há quase 30 anos. Em janeiro de 2019, o déficit era de 13.479 policiais, que representava 32% do total. Em 45 meses, a Polícia Civil perdeu 2.522 policiais.

"Até o final do ano, esse número tende a aumentar. Reorganizar e recuperar a Polícia Civil será um desafio para o próximo governador e o Sindpesp está à disposição para participar dessa reestruturação", aponta a delegada Raquel. "Hoje a Polícia Civil sobrevive da abnegação de seus quadros. O uso de tecnologia já não é capaz de suprir tamanha falta de pessoal".

Além do grave problema de falta de pessoal, a Polícia Civil ainda convive com a falta de investimentos, delegacias deterioradas e equipamentos defasados, além dos salários dos policiais, que estão entre os piores do Brasil, apesar de São Paulo ser o estado mais rico da federação.

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