A defesa de Roger Abdelmassih volta a emitir um pedido de prisão domiciliar / Reprodução/Globo
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O ex-médico Roger Abdelmassih, de 82 anos, volta ao centro do debate jurídico com um novo pedido de prisão domiciliar humanitária. Condenado a uma pena de 173 anos, seis meses e 18 dias por crimes sexuais contra 37 pacientes, o antigo especialista em reprodução assistida tenta deixar a Penitenciária Dr. José Augusto Salgado, a famosa P2 de Tremembé, alegando um quadro irreversível de saúde.
Conforme informações do colunista Rogério Gentile, da Folha de S. Paulo, o pedido, que fora protocolado pela advogada e esposa do ex-médico, Larissa Abdelmassih, sustenta que o sentenciado possui uma "cardiopatia grave e permanente, cujos sintomas vêm se agravando nos últimos anos, exigindo cuidados contínuos".
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A petição reforça que a estrutura carcerária não é capaz de oferecer o suporte necessário para o tratamento. Segundo a defesa, baseada em exames recentes, "há grande possibilidade de ele necessitar de implante de marcapasso, com risco de morte súbita", necessitando de acesso imediato a atendimento cardiológico de urgência.
Um dos pontos mais chamativos da nova tentativa é a citação direta ao ex-presidente Fernando Collor. A defesa utiliza como precedente o benefício concedido a Collor em maio de 2025, que obteve a prisão domiciliar humanitária devido a diagnósticos de Parkinson, apneia do sono grave e transtorno afetivo bipolar.
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A advogada Larissa Abdelmassih argumenta que a manutenção do ex-médico no regime fechado fere princípios fundamentais. "Abdelmassih sofre de doença grave que o torna incapaz e dependente do auxílio de terceiros para os atos do cotidiano. Não há possibilidade de melhorar. Sua doença é progressiva, só tende a piorar", afirmou na petição.
De acordo com a defesa, "mantê-lo no cárcere é infligir castigo excessivo, superior à pena a que foi condenado, o que não coaduna com o princípio da dignidade humana".
Roger Abdelmassih foi um dos médicos mais renomados do Brasil até 2009, quando reportagens da Folha de S.Paulo revelaram abusos cometidos entre 1995 e 2008. Muitas vítimas estavam sedadas durante os procedimentos de fertilização. Embora Abdelmassih sempre tenha negado as acusações, chegando a alegar que as pacientes sofriam "alucinações provocadas por medicamentos", as condenações são definitivas.
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O Ministério Público já se manifestou de forma contrária à soltura. A promotora Mary Ann Nardo sustenta que não houve mudança real no estado do preso desde a última negativa da Justiça em 2023.
"Em que pesem os novos exames realizados, não foi constatado efetivo agravamento de seu quadro clínico que pudesse justificar a reformulação do pedido", pontuou a promotora. Sobre a cirurgia cardíaca mencionada, ela foi enfática: "O profissional contratado pela defesa acena para possível necessidade de implante de marcapasso, mas não o prescreve efetivamente".
O caso aguarda decisão judicial.
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