O vídeo que baseou reportagem do SBT sobre possíveis novos suspeitos na morte do ex-secretário executivo de Coordenação Governamental de Guarujá, Ricardo Joaquim, trata-se de uma montagem, conforme constatou o perito Ricardo Molina de Figueiredo.
Molina ficou conhecido nacionalmente por ter atuado no caso PC Farias. Ainda fez laudos na Chacina de Eldorado dos Carajás, no Crime da Favela Naval e no Caso Eloá, entre outros.
Em virtude do vídeo divulgado pela reportagem do SBT, em rede nacional, o procurador de Justiça José Kalil de Oliveira e Costa solicitou complementação das investigações da Polícia Civil para apuração dos diálogos contidos na gravação, que mencionam a execução de Ricardo Joaquim.
“Do ponto de vista estritamente técnico-pericial, as gravações não podem ser avaliadas como autênticas. A falta de sincronia entre as trilhas de áudio e vídeo sinaliza uma montagem, na qual uma trilha de áudio pode ter sido inserida a posteriori (posteriormente)”, assinala Molina na conclusão do laudo. Ainda de acordo com o perito, a fala do narrador no início da gravação foi artificialmente adulterada “com objetivo de disfarce”.
“O método usado foi a reamostragem do sinal original em uma taxa mais baixa. Tal procedimento modifica sensivelmente, no plano perceptual, a qualidade da voz”, afirma Molina.
Instituto de Criminalística
O vídeo também foi submetido à perícia no Núcleo de Perícias Criminalísticas de Santos. O laudo ainda não foi enviado à Delegacia Sede de Guarujá, mas o Diário do Litoral apurou que a análise coincide com a do perito Molina.
Autoria
A Delegacia Sede de Guarujá instaurou inquérito policial para apurar quem foram os envolvidos na montagem do vídeo. Já existem suspeitos identificados, conforme apurou o DL. Os nomes devem ser divulgados pela polícia em breve.
Quatro pessoas respondem pelo assassinato
Para a Polícia Civil, o rol de envolvidos no assassinato de Ricardo Joaquim se refere somente ao grupo de quatro homens que já foi indiciado no inquérito. Eles foram denunciados pelo Ministério Público (MP) e cumprem prisão preventiva.
Os acusados como mandantes do crime são os empresários Felício Tadeu Bragante e Edis Cesar Vedovatti. O primeiro é de Campinas, enquanto o segundo é de Praia Grande.
Para a Polícia Civil, o rol de envolvidos na morte se refere somente ao grupo já indiciado
Já os acusados de executarem o crime são o policial militar do 45º BPM/I (Praia Grande) Anderson Willians da Silva – apontado como autor dos disparos – e o ex-PM George Alves de Almeida.
Conforme foi apurado, o crime ocorreu porque Ricardo Joaquim não conseguiu cumprir o compromisso de providenciar a anistia de cerca de R$ 25 milhões em débitos de Imposto Territorial Predial e Urbano (IPTU) relacionados a uma extensa área no Jardim Virgínia (I, II e III), que foi adquirida pelos empresários por aproximadamente R$ 16 milhões.
Foi apurado que o ex-secretário recebeu aproximadamente R$ 2 milhões para anistiar os débitos. O valor não teria sido devolvido por ele.
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