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Policiais militares são afastados após morte em outro baile funk de SP

Folhapress

Publicado em 07/12/2019 às 19:10

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Polícia Militar de São Paulo afastou três policiais militares envolvidos em uma operação que terminou com a morte de um homem em um baile funk em Heliópolis, na zona sul de São Paulo, na madrugada último domingo (1º) – mesmo dia em que outra ação, em uma festa em Paraisópolis, deixou nove pessoas mortas.

Heliópolis e Paraisópolis são duas grandes comunidades na capital paulista.

Segundo a polícia, em Heliópolis, um suspeito teria fugido da PM em direção ao baile funk que ocorria na Rua do Pacificador. Ao chegar ao local, os policiais teriam sido recebidos por pedradas e garrafadas. Alvejado durante uma troca de tiros, o suspeito foi socorrido no Pronto Socorro de Heliópolis, mas não resistiu aos ferimentos. 

De acordo com relatos de moradores, os policiais utilizaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar o pancadão. Vídeos que circulam na internet mostram PMs encurralando frequentadores e, supostamente, agredindo-os com um cassetete.

O caso é similar ao ocorrido em Paraisópolis no mesmo dia. Nove jovens morreram, aparentemente pisoteados, em um baile funk. Ainda há várias dúvidas sobre o episódio; a polícia diz que perseguia uma moto que entrou no baile e atirou nos PMs, causando pânico e correria. Já moradores dizem que a polícia fechou os acessos à rua em que acontece o baile e agrediu frequentadores, fazendo com que se aglomerassem em vielas, onde ocorreram os pisoteamentos.

Inicialmente, o governador João Doria (PSDB) havia afirmado que não mudaria o modo de agir da polícia. "A política de segurança pública não vai mudar. As ações na comunidade de Paraisópolis e em outras comunidades de São Paulo, seja por obediência da lei do silêncio, por busca e apreensão de drogas ou fruto de roubos, vão continuar. A existência de um fato não inibirá as ações de segurança. Não inibe a ação, mas exige apuração", afirmou ele em entrevista na segunda-feira (2).

Na quinta (5), porém, mudou de tom. Disse-se chocado com um vídeo que mostrou agressões de um policial a jovens, recuou e afirmou que revisaria os protocolos da Polícia Militar.

O governador afirmou que os casos de violência desproporcional praticada pelos policiais devem ser punidos. "Isso é incompatível com o respeito à corporação", disse. "É uma circunstância inaceitável que a melhor polícia do Brasil utilize de violência ou de força desproporcional, sobretudo quando não há nenhuma reação de agressão."

Doria vinha fazendo do combate aos pancadões uma bandeira de sua gestão. Mas as bombas de gás e os disparos durante bailes funk já haviam se tornado modus operandi da polícia na última década.

As cenas são filmadas e compartilhadas na internet, em perfis que exaltam os casos de violência e pedem a criminalização do funk.

A Secretaria da Segurança Pública, sob gestão do tucano, se recusa a informar onde foram realizadas ações da chamada Operação Pancadão pela PM neste ano no estado.

Também não diz quantas pessoas ficaram feridas ou morreram em decorrência desse tipo de ação policial. A reportagem contabilizou ao menos 16 mortos em três anos.

Em nota, a pasta se limitou a divulgar que, desde janeiro, a polícia realizou 7.597 operações em 14 mil pontos para, segundo a corporação, "garantir o direito de ir e vir do cidadão e impedir a perturbação do sossego". Foram presas 1.275 pessoas e apreendida 1,7 tonelada de drogas.

Em uma ação em outubro, na Brasilândia (zona norte), policiais invadiram uma casa, encurralaram mãe e filho numa escada e um dos agentes usou o skate do rapaz para bater nos dois. Um vídeo mostra a agressão, também durante operação contra bailes funk.

Outra vítima que carrega sequela permanente desse tipo de ação é uma adolescente de 16 anos baleada no olho durante dispersão de um pancadão em novembro, em Guaianases, na zona leste. Ela perdeu a visão do olho esquerdo.

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