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Locais usados pela organização criminosa no interior paulista foram descobertos pelos policiais de Santos (Divulgação)

Policiais civis de Santos cumpriram a segunda fase da operação “Grão de Ouro” e atingiram um esquema de desvio de soja no Estado de São Paulo que tem como investigados empresários, pessoas físicas, motoristas de caminhão e até funcionários de empresas no Porto de Santos. As cargas adulteradas, que recebem até areia e farelo de soja de qualidade inferior, são enviadas ao exterior e prejudica, inclusive, a imagem do País perante compradores estrangeiros.

Doze mandado de busca e apreensão foram cumpridos por policiais da 1ª Delegacia da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) regional. O inquérito policial já apurou o desvio de mais de 300 toneladas de soja e os prejuízos financeiros, apesar de ainda não contabilizados em balanço, são muito elevados. Aproximadamente 25 pessoas físicas são investigadas, além de diversas pessoas jurídicas.

Sob o comando do delegado Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior, titular da delegacia, e do investigador-chefe, Paulo Carvalhal, os policiais da especializada realizaram uma série de diligências sigilosas no interior paulista até atingirem o esquema, que tinha atividades nos municípios de Assis, Lutécia, Salto Grande, Palmital, Lins e Ribeirão do Sul.

Palmital, com somente cerca de 20 mil habitantes, exigiu metodologia específica para se atingir os objetivos das investigações.

“Os policiais tiveram o cuidado extremo para identificar os locais (nessas cidades) onde substituíam o farelo de soja bom pelo farelo de soja misturado, com casca de soja peletizada, com areia”, disse o delegado Leonardo Amorim Nunes Rivau em entrevista coletiva no Palácio da Polícia.

“Alguns dos galpões que foram alvos das investigações possuem misturadores, que são equipamentos específicos para proporcionar a retirada da soja, a mistura dela com esses insumos e a recolocação no caminhão”, detalhou o delegado Luiz Lara.

Delegados da 1ª Delegacia da Deic regional em entrevista coletiva nesta quarta-feira (23) (Nair Bueno/DL)

Como areia, casca de soja e carga peletizada possuem aparência e coloração muito similar à soja havia dificuldade das empresas em detectar as irregularidades antes das cargas serem exportadas.

“Se não é feito um exame laboratorial, o destinatário não tem como a olho nu identificar que aquela mercadoria está adulterada”, disse Lara.

Conforme apurou o inquérito, carga adulterada pela organização criminosa chegou a emperrar um equipamento, pois a areia tem peso muito superior à casca de soja e o equipamento travou.

Até amostras que devem ser colhidas das cargas eram substituídas por amostras de cargas de qualidade regular em terminais, segundo as investigações.

O delegado Francisco Wenceslau ressaltou que um dos grandes problemas causados pela organização criminosa é para o comércio exterior.

“Imagine um importador recepcionando essa carga no exterior. Como é que fica a impressão do nosso país perante os grandes compradores? A soja, inegavelmente, representa uma grande porção da riqueza exportada pelo Brasil”, disse na entrevista coletiva.

“Uma das preocupações da operação era justamente desmantelar a organização criminosa e proporcionar aos nossos parceiros comerciais no exterior uma segurança. Segurança absolutamente necessária nesse período em que há uma retração por conta da questão da pandemia e há uma necessidade de que o comércio seja estabelecido com base em sólida confiança”, afirmou.

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