X

Polícia

PF diz que presidente da UTC recebeu alerta de prisão, um dia antes

Publicado em 22/02/2015 às 16:06

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

O empresário Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC Engenharia, é figura central de uma investigação da Polícia Federal, iniciada em novembro de 2014, sobre vazamento de informação sigilosa dentro da Operação Lava Jato.

O empresário da UTC, um executivo e um advogado do grupo e um "amigo" de nome "Rui" - mencionado em conversa telefônica e não identificado pelos policiais - estão entre os alvos desta apuração.

Um dia antes de ser deflagrada a sétima fase da Lava Jato, batizada de Operação Juízo Final - no dia 14 de novembro -, Pessoa e outros 10 investigados estavam com os telefones grampeados, com autorização da Justiça Federal.

Diálogos por telefone e mensagens trocadas entre os investigados levaram o setor de Inteligência da PF à conclusão que havia "indicativos concretos de vazamento". O caso passou a ser apurado e um diálogo, em especial, chamou atenção dos investigadores da Lava Jato.

PF diz que presidente da UTC recebeu alerta de prisão, um dia antes (Foto: EC)

Era 20h46, do dia 13 de novembro quando Pessoa fala com um dos diretores do grupo UTC Walmir Pinheiro Santana - também alvo da Lava Jato. Ambos estavam com os telefones monitorados pela PF:

"Olha, eu… é… saí daqui do encontro lá com o nosso amigo agora", diz Santana, para o presidente da UTC, que quis saber quem era o amigo: "Qual? O Rui?".

Santana confirmou: "É".

Os interlocutores combinaram se encontrar, em seguida, na casa de Santana, onde estaria também o advogado Renato Tai, que trabalha na UTC.

"É imprescindível lembrar que houve vazamento de informações a respeito da deflagração da 7ª fase da Operação Lava Jato que ocorrera na manhã do dia seguinte a esta ligação", registra a PF em seu relatório de informação sobre as escutas.

Vazamento

Faltava pouco mais de oito horas para que os policiais federais começassem a cumprir os mandatos de prisão da Operação Juízo Final.

A lista de prisões - primeira estocada da Lava Jato no coração do esquema de corrupção na Petrobras- trazia entre seus nomes o de Pessoa.

Minutos após ao diálogo (às 21h28), o advogado Tai liga para Pessoa e orienta o alvo a ler mensagens mandadas para ele no "vermelhinho" - trata-se de um telefone exclusivo para comunicação supostamente segura entre os envolvidos, registra a PF, em seu relatório.

"O que estão marcando amanhã cedo aqui?", questionou Pessoa, quando voltaram a falar por telefone.

"Procedimentos", avisa Tai.

O presidente da UTC pergunta ao advogado, então, se eram os "nossos colegas" que estavam "marcando procedimentos ou os outros?"

O advogado da UTC responde: "Os inimigos!". E acrescenta que a informação vem de "vários lugares".

Segundo os policiais, "não se trata de interceptação de diálogos entre advogado e cliente, mas sim diálogos que podem indicar o vazamento de procedimentos sigilosos, com violação de sigilo e seus reflexos na esfera criminal."

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Santos

Justiça expede mandado de busca de criança levada à força pela mãe em Santos

Criança ainda não foi encontrada

Santos

Cocaína acumulada na Baía de Santos desde 1930 já contamina os peixes

Droga se acumula não só na água, mas em sedimentos e organismos marinhos e representa alto risco ecológico, apontou o professor da Unifesp Camilo Seabra durante a FAPESP Week Illinois

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter