Polícia
IML confirma que Amanda levou 51 facadas e 3 tiros do marido, sargento da PM; filha de 10 anos foi baleada ao tentar defendê-la
O crime aconteceu em uma clínica localizada em Santos, no litoral de São Paulo / Reprodução
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Um laudo do Instituto Médico Legal (IML) revelou detalhes estarrecedores sobre o feminicídio que chocou o litoral paulista no início deste mês. Amanda Fernandes Carvalho, de 42 anos, foi brutalmente assassinada pelo marido, o sargento da Polícia Militar, dentro de uma clínica médica localizada na Avenida Senador Pinheiro Machado, no bairro Marapé, em Santos. O crime aconteceu no dia 7 de maio e também deixou ferida a filha do casal, de apenas 10 anos.
De acordo com o laudo necroscópico obtido nesta quarta-feira (21), Amanda foi atingida por três tiros e recebeu 51 facadas, a maioria do lado direito do corpo, com golpes que iam da coxa até o rosto. Os disparos, segundo os peritos, foram efetuados à distância. A causa da morte foi anemia aguda provocada por hemorragia interna traumática.
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A menina, que tentou proteger a mãe durante o ataque, foi baleada, socorrida e permaneceu seis dias internada na Santa Casa de Santos. Ela recebeu alta no dia 13 de maio. A Polícia Civil realiza nesta quinta-feira (22), às 10h, a reconstituição do caso.
Segundo o depoimento do médico responsável pela clínica, Amanda e a filha chegaram ao local antes da consulta marcada e buscaram refúgio no consultório. Muito nervosa, a mulher revelou ao profissional que estava sendo ameaçada de morte pelo marido, que a acompanhava armado. “Meu marido está comigo, está armado, é policial e ele quer me matar, pois estamos nos separando”, teria dito Amanda.
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O médico tentou protegê-las, trancando a porta e bloqueando a entrada com cadeiras. Ele ainda orientou que a polícia fosse acionada. Pouco depois, ouviu uma voz identificando-se como policial e pedindo para abrir a porta. Ao ceder parcialmente, o médico viu um PM fardado no fim do corredor e, na sequência, ouviu mais de dez disparos.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, o criminoso iniciou os disparos do lado de fora da sala. A filha do casal, ao ver o pai atirando, teria tentado proteger Amanda com o próprio corpo.
Após os tiros, o agressor invadiu a sala e esfaqueou brutalmente a esposa, que morreu no local com uma faca cravada no pescoço. O médico relatou que se escondeu debaixo da mesa durante toda a ação e só saiu após a contenção do agressor pelas equipes policiais.
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O policial foi preso em flagrante e levado ao Presídio da Polícia Militar Romão Gomes, na capital paulista, onde segue detido. A prisão foi convertida em preventiva após audiência de custódia no dia seguinte ao crime.
A delegada Débora Lázaro, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, informou que o acusado deve ser transferido nos próximos dias para participar da reconstituição do crime.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a DDM instaurou um inquérito para apurar o caso. Paralelamente, a Polícia Militar abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar a conduta dos agentes envolvidos no atendimento da ocorrência.
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A versão inicial da SSP-SP era de que os policiais chegaram ao local após os disparos, mas testemunhas relataram o contrário à Polícia Civil.
A SSP também confirmou que, com a prisão, o policial foi colocado em condição de agregação militar, o que o torna temporariamente inativo, sem salário e sem contagem de tempo de serviço.
O advogado do sargento, Paulo de Jesus, afirmou por meio de nota que a defesa só irá se pronunciar após a conclusão das investigações. Ele confirmou que o cliente foi preso em flagrante e encaminhado ao presídio Romão Gomes.
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O caso, que envolve violência doméstica, feminicídio e tentativa de homicídio, segue sendo investigado pelas autoridades. A brutalidade do ataque e o envolvimento de um policial militar em serviço tornaram o episódio ainda mais alarmante.