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Estudante morta com namorado em hotel assistiu a série sobre suicídio

Segundo o delegado, é muito cedo para apontar isso como o principal motivo para a morte do casal, mas não se pode descartar que a ficção possa ter influenciado no crime

Folhapress

Publicado em 19/04/2017 às 20:30

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A série, de ficção, tem como tema o suicídio / Divulgação/Netflix

A estudante Kaena Novaes Maciel, 18, encontrada morta no domingo de Páscoa (16) com o namorado Luís Fernando Hauy Kafrune, 19, em um quarto do hotel Maksoud Plaza, nos Jardins (zona oeste), assistiu à série "13 Reasons Why" ("Os 13 Porquês"), da Netflix, uma semana antes do crime, segundo a Polícia Civil. A série, de ficção, tem como tema o suicídio.

Segundo o delegado Gilmar Contrera, titular do 5º DP (Aclimação), é muito cedo para apontar isso como o principal motivo para a morte do casal, mas não se pode descartar que a ficção possa ter influenciado no crime. "A única coisa que é certa, inclusive para ambos os lados da família, é que foi um homicídio seguido de suicídio, sem a presença de terceiros", afirma Contrera.

Segundo o inquérito policial, os jovens foram à casa de Kaena no sábado (15), por volta das 9h. O padrasto dela, um policial civil aposentado, foi comprar pão e deixou uma pistola Glock em casa. Quando voltou da padaria, os dois haviam sumido e ele não localizou a arma. O policial tentou ligar para a enteada durante todo o sábado, mas ela não atendeu.

O casal namorava desde 2015, mas tinha rompido uma semana antes das mortes. Desde quinta-feira (13), voltaram a se relacionar. Estranhando o sumiço, o padrasto e a mãe da jovem foram à casa do pai de Kafrune na manhã de domingo. Lá, descobriram que o garoto também havia sumido, após dizer que sairia com um amigo.

Carta

O policial, então, rastreou o telefone da enteada, que apontava para o hotel Maksoud Plaza, na alameda Campinas. O telefone do quarto só tocava. Assim, os parentes decidiram ir até lá.

Segundo a polícia, os jovens colocaram uma mesa contra a porta. Ao arrombarem a porta, funcionários e parentes viram os dois jovens baleados, deitados na cama. Ela, com um tiro na testa; ele, com um tiro na boca.

A arma, mais próxima do rapaz. Ao lado deles, duas cartas, uma com a letra dele, outra, com a dela, ambas datadas de 16 de abril, às 10h. Na carta da jovem, a frase: "Sei que estou fazendo todos sofrerem, mas isso é necessário para que eu pare de sofrer. Obrigada por tudo que vocês fizeram por mim". Havia, ainda, duas folhas que apontavam "passos" de como "aproveitar a morte". Procurada, a Netflix não se manifestou.

Família

Luís Fernando estava no terceiro ano do curso de ciências biomédicas na USP (Universidade de São Paulo). Ele era fluente em quatro idiomas e havia sido considerado apto a estudar em uma faculdade dos Estados Unidos, onde ele e a família pretendiam morar. Kaena foi sua primeira namorada.

Os pais de Kafrune foram ao 5º DP, na Aclimação (região central), na tarde desta terça (18) prestar depoimento. Eles não quiseram falar com a reportagem por estarem abalados com a tragédia. De acordo com o depoimento deles, o rapaz teria sido induzido pela garota a cometer homicídio e se suicidar.

"O pai diz que a menina era muito possessiva. Que exigia a presença dele perto dela a todos os momentos. Havia dias em que ele voltava para casa, ela ligava falando que estava doente e ele voltava. Quando chegava, ela sarava", afirmou o delegado Gilmar Contrera.

Segundo a família do rapaz, o relacionamento dos jovens sempre foi muito conturbado, com muitas brigas. O jovem teria, inclusive, levado a namorada ao hospital algumas vezes para avaliar se ela tinha algum distúrbio. Para a família, um fator importante é o de que foi a garota quem roubou a arma do padrasto, a entregando ao jovem dentro do quarto.

A reportagem não localizou a família de Kaena para se manifestar sobre o caso.

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