Polícia

Condenado por tráfico, Nem da Rocinha pega 12 anos de prisão

Já Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do tráfico do Morro do São Carlos foi absolvido por falta de provas.

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 24/01/2013 às 21:53

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O juiz Marcel Laguna Duque Estrada, da 36ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), condenou na quarta-feira Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, a 12 anos de prisão em regime fechado e mil dias-multa por tráfico de drogas. Já Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do tráfico do Morro do São Carlos, no Estácio, zona norte do Rio, foi absolvido por falta de provas. Os dois pertencem à facção Amigos dos Amigos (ADA), segundo o Ministério Público do Rio (MP-RJ).

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Nesse processo, a dupla respondia pela "prática reiterada de aquisição, do transporte e fornecimento de insumos ou produtos químicos destinados a preparação de substância entorpecente (cloridrato de cocaína)". O processo teve início após a Polícia Civil do Rio descobrir, em 30 de agosto de 2007, um laboratório de refino de cocaína na Favela da Rocinha, na zona sul do Rio, então dominada por Nem. Foram apreendidos produtos químicos e insumos para a produção de cocaína, bem como outros materiais para a produção da droga (bacia, holofote, liquidificadores, lâmpadas especiais etc).

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A denúncia do MP diz ainda que "em razão das constantes operações policiais que se realizavam na comunidade da Rocinha e por restarem em evidência na mídia, os líderes da ADA determinaram a remoção do laboratório para o Morro do São Carlos, localizado no bairro do Estácio". Na ocasião, a comunidade era controlada por Coelho e Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol, morto em março de 2010. Após cerca de dois meses, narra a denúncia do MP-RJ, a estrutura foi novamente transferida para a Rocinha porque, no entendimento da cúpula da ADA, o São Carlos "não oferecia a segurança necessária para a manutenção do laboratório, não só contra as ações policiais, como também contra ataques de outras organizações criminosas (Comando Vermelho e Terceiro Comando)".

Em 2009, a Polícia Civil voltou a estourar dois laboratórios de refino de cocaína na Rocinha: em 25 de março e 3 de junho.

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Em sua sentença, o magistrado escreveu que a culpabilidade de Nem é "intensa, na medida em que ele tinha posição de chefia no grupo criminoso e atuava com desfaçatez e desenvoltura, articulando tramas criminosas por longo período de tempo e sem a preocupação de se expor na comunidade em que vivia, afrontando a todos como marginal declarado; que sua conduta social é imprópria, uma vez que tem 36 anos de idade, com plena capacidade laborativa, dedicando-se profissionalmente ao crime; que os motivos são altamente censuráveis, já que o réu se prestava a causar um imenso dano social, sem externar o mínimo questionamento de consciência quanto às nefastas consequências de seus atos, demonstrando vilania em grandes dimensões, agindo muitas vezes com sede de poder e vaidade exagerada; que as circunstâncias do crime são passíveis de maior reprovabilidade, já que o réu estava agregado a uma associação criminosa, notoriamente de grande porte e perigosa (...)".

Em relação a Coelho, o juiz disse que "não obstante a existência de indícios - até fortes - de autoria, não se pode afirmar sem medo de errar que o réu Anderson participara do crime nos termos da denúncia".

Atualmente, Nem e Coelho estão na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Os dois foram presos em novembro de 2011, dias antes da ocupação da Favela da Rocinha pelas forças de segurança. A favela, a maior da zona sul da cidade, possui hoje uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).

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