População de Peruíbe se manifesta por acessos e mais ônibus

Dezenas de moradores de Peruíbe devem lotar, nesta quarta-feira (20), às 17 horas, as galerias da Câmara de Vereadores do Município por melhores condições viárias e reintegração dos horários de ônibus. O ato público começa meia hora antes em frente ao Legislativo.

Segundo a organização, serão lidos, na Tribuna Livre da Casa, os três principais problemas: a situação precária da Estrada do Guaraú, aparentemente em ordem, mas que esconde diversos pontos de alto risco, e as péssimas condições das ruas de terra.

O acesso permite o trânsito da sede do Município a cerca de cinco comunidades e, constantemente, sofre com deslizamentos e outros problemas, impedindo o fluxo de veículos. As pequenas obras realizadas são considerados paliativas para resolver
problemas.

O segundo ponto é a Estrada do Una, onde a passagem da máquina afunda a pista cada vez mais, criando buracos e facilitando alagamentos. Por fim, a redução dos horários de ônibus, que não iniciou apenas no mês passado. Os horários foram diminuindo desde 2015 até ficarem reduzidos quase pela metade.

ESTRADA.

Segundo presidente da Organização Não-Governamental (ONG) Mongue, Plínio Melo, a situação atrapalha não só o fluxo normal de trabalhadores, mas também o setor turístico da Cidade.

"Ao chegarem no início da Estrada do Una, turistas voltam por acreditarem que não irão conseguir chegar às cachoeiras e praias paradisíacas que tanto diferenciam a nossa cidade. Todo o Município perde prestígio e recursos com essa falta de infraestrutura. Vamos mostrar isso com muita clareza para os nossos representantes, para que abram seus olhos e percebam a importância desses investimentos", explica Melo.

ESTADUAL.

Ano passado, foi anunciado que a Secretaria de Logística e Transporte do Estado de São Paulo vai investir R$ 50 milhões na recuperação e pavimentação ecológica da estrada vicinal Guaraú - Una, que liga Peruíbe a Iguape.

O Departamento de Estradas de Rodagem (DER), do Governo do Estado, sinalizou a possibilidade de assumir a estrada, após a apresentação do Projeto de Lei 473/20 que estabelecia a reversão da faixa de domínio da via, possibilitando sua estadualização.

A estrada vicinal Guaraú-Una, além de ligar as duas cidades, é a única forma de acessar a comunidade de Itigunçu, em Iguape.

Também é o único acesso a seis comunidades tradicionais inseridas no interior das unidades de conservação categorizadas como Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Vila da Barra do Una e Parque Estadual do Itinguçu, importantes pontos turísticos situados nos municípios de Peruíbe e Iguape.

Ela tem cinco quilômetros de extensão e foi construída há 45 anos (inaugurada em janeiro de 1978). Projetada para dar vazão apenas ao pequeno trânsito local, a pista viu seu movimento crescer em função das belezas naturais da Juréia e passou a receber um maior fluxo de veículos de turistas.

Mais de duas mil pessoas moram nos bairros Guaraú e Barra do Una, tendo a estrada como única ligação com o restante da Cidade. As dificuldades atingem pequenos comerciantes e não raras as vezes atrapalham em momentos sensíveis, como o transporte de pessoas falecidas para os cemitérios, por exemplo.

Para se tornar intermunicipal e ficar sob responsabilidade do Estado, a Guaraú-Una depende de um decreto estadual que define os parâmetros para a implantação, gestão e operação de estradas no interior de Unidades de Conservação de Proteção Integral no Estado de São Paulo.

Plínio Melo já havia informado, pelo Diário, a precariedade da estrada que dá acesso à Vila da Barra do Una, Perequê, Barro Branco, Tocaia, Caramborê e Itinguçu. Esta última comunidade está localizada no município de Iguape, mas com único acesso através da estrada já com características de intermunicipal.

O presidente da Mongue lembrava que não raro, na estação das chuvas, a estrada sofre interrupções impedindo o acesso de crianças e adolescentes à escola assim como, acesso a médicos, farmácia e serviços de assistência social.

A Mongue acredita que a medida fortalecerá a vocação do turismo ambiental, assim com a geração de renda e emprego de várias comunidades que se valem do turismo como única fonte de renda.

A estrada está localizada no interior da Reserva de Desenvolvimento Ambiental da Barra do Una, uma unidade de conservação de uso sustentável e do Parque Estadual do Itinguçu, que é uma unidade de conservação de proteção integral, que não permite outras atividades, senão o turismo, pesquisa e educação ambiental.