Peruíbe
Obra previa transformar uma extensa área entre Peruíbe e Itanhaém em um dos maiores empreendimentos industriais e logísticos do país
A empresa desistiu do projeto em 2014 e, desde então, não houve qualquer movimento para sua retomada / Lelo/Arquivo Pessoal
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Não há qualquer novidade a respeito da retomada do Porto Brasil de Eike Batista, em Peruíbe, apesar de notícias que circularam na internet nos últimos dias.
O megacomplexo portuário planejado pela antiga LLX Logística S.A. — empresa do grupo de Eike Batista, hoje Prumo Logística — previa transformar uma extensa área entre Peruíbe e Itanhaém em um dos maiores empreendimentos industriais e logísticos do país.
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A empresa desistiu do projeto em 2014 e, desde então, não houve qualquer movimento para sua retomada, tornando sua viabilidade cada vez mais improvável. A reportagem apurou e não há qualquer nova movimentação nos órgãos competentes.
Batizado de Porto Brasil – Complexo Industrial Taniguá, o projeto ocuparia cerca de 53 milhões de m² no entorno da Estação Ecológica Juréia–Itatins, região que abriga comunidades caiçaras e a Terra Indígena Piaçaguera, do povo Guarani Nhandeva.
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A proposta também incluía a construção de uma nova ligação rodoviária até a capital paulista, passando por Parelheiros — área essencial para o abastecimento hídrico da Grande São Paulo e lar de diversas aldeias guarani.
Desde seu anúncio, o empreendimento gerou forte reação de ambientalistas, pesquisadores, comunidades tradicionais e do Ministério Público Federal (MPF), devido ao risco de danos irreversíveis ao território, à biodiversidade e ao modo de vida de populações tradicionais.
Em 2014, após anos de disputas jurídicas, contestações técnicas e denúncias envolvendo pressão sobre indígenas, a empresa comunicou oficialmente que não levaria o megaprojeto adiante.
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O empreendimento seria dividido em três grandes áreas:
1. Ilha artificial
2. Retroárea
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3. Zona Industrial Taniguá
O investimento previsto chegava a R$ 6 bilhões.
De acordo com pesquisadores, organizações ambientais e o MPF, o Porto Brasil poderia causar impactos severos:
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• Redução da biodiversidade marinha e prejuízo à pesca tradicional.
• Alterações físico-químicas da água e aumento da turbidez.
• Contaminação por dragagens e acúmulo de sedimentos.
• Riscos a espécies de aves em área classificada como IBA (Importante Área para Aves).
• Pressão sobre unidades de conservação do mosaico Juréia–Itatins.
• Afetação direta à Terra Indígena Piaçaguera e a comunidades caiçaras.
• Mudanças significativas na paisagem e piora da qualidade do ar.
Além disso, parte do território estava em litígio e incluía sambaquis milenares que não foram contemplados nos estudos ambientais iniciais.
A demarcação da Terra Indígena Piaçaguera avançou ao longo dos anos e, em 2011, foi oficialmente declarada pelo Ministério da Justiça, tornando a instalação do porto ainda mais inviável.
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Após sucessivos impasses ambientais, jurídicos e sociais, a Prumo Logística anunciou, em julho de 2014, que não prosseguiria com o Porto Brasil, encerrando de vez o megaprojeto.
A reportagem entrou em contato com os órgãos competentes e apurou que não há nada de novo ou qualquer novo protocolo ou solicitação.
2007
• Setembro – LLX apresenta o projeto à Secretaria de Meio Ambiente de SP.
• Outubro – Povos indígenas, entidades ambientais e organizações civis enviam carta ao governador José Serra contra o empreendimento.
• Dezembro – LLX protocola o Plano de Trabalho do EIA/RIMA; surgem críticas por omissões sobre Mata Atlântica, sambaquis e a TI Piaçaguera.
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2008
• Janeiro – Prefeita de Peruíbe declara apoio ao projeto após reunião com Eike Batista.
• Março – Estudos apontam impactos ambientais significativos; denúncias de pressão sobre indígenas se intensificam.
• 26 de março – MPF obtém liminar suspendendo a audiência pública do licenciamento.
• Abril – ONGs acionam o Conama para denunciar irregularidades no processo.
• Março a junho – Funai e MPF investigam relatos de tentativa de cooptação de indígenas.
2009–2010
• Conflitos, análises e contestações continuam; o processo de demarcação da TI avança.
2011
• Maio – Ministério da Justiça publica a portaria declaratória da Terra Indígena Piaçaguera, reforçando a inviabilidade do projeto.
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2012–2013
• A pressão de ambientalistas e do MPF aumenta. Estudos independentes reforçam os riscos socioambientais.
2014
• Julho – Prumo Logística anuncia oficialmente a desistência do Porto Brasil em Peruíbe.
2016
A Terra Indígena Piaçaguera foi devidamente homologada pelo governo federal.