Peruíbe
Espécie rara, o papagaio-de-cara-roxa é encontrado apenas no sul de São Paulo e litoral do Paraná
Segundo a lista da União Internacional para a Conservação da Natureza, o Papagaio-de-cara-roxa está ameaçado de extinção / Sandra Pentristo
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Um dos papagaios mais emblemáticos da fauna brasileira, o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), tem despertado a atenção de biólogos e observadores de aves por sua distribuição restrita, vocalizações únicas e risco iminente de extinção. A espécie vive exclusivamente entre o sul do estado de São Paulo e o litoral do Paraná.
Segundo a lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o Papagaio-de-cara-roxa está ameaçado de extinção. Os principais fatores são a caça, o tráfico de animais silvestres, a destruição do habitat natural e as dificuldades para reprodução em cativeiro.
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O que mais intriga os pesquisadores é a existência de duas populações distintas: uma que se estende de Iguape (SP) ao litoral paranaense e outra restrita às matas entre Peruíbe e Itanhaém.
“A população de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe possui uma vocalização totalmente diferente, motivo para estudos futuros”, informou o biólogo e ornitólogo Bruno Lima, ao portal WikiAves.
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De acordo com o artigo de Pedro Develey, publicado no livro “Estação Ecológica de Juréia-Itatins: ambiente físico, flora e fauna”, cerca de 40 indivíduos vivem em áreas onde os mangues se associam às florestas daquela unidade de conservação. Contudo, não há novos registros de avistamentos nessa região ladeada pela Serra dos Itatins.
As dúvidas permanecem: será que essas aves contornam a serra para alcançar o Vale do Ribeira? E qual seria o “sotaque” desses indivíduos encontrados na Juréia? Suas vocalizações se assemelham às do Vale ou as da Baixada Santista?
Um dos principais pontos de observação do papagaio-de-cara-roxa é um dormitório localizado em Itanhaém. Todas as manhãs, os papagaios deixam o local em grupos barulhentos e se espalham pelas restingas de Itanhaém e Peruíbe. No fim da tarde, retornam ao local de descanso, sempre vocalizando.
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Em Peruíbe, eles podem ser vistos na zona rural, na Vila Erminda, nas proximidades da Avenida Luciano de Bona e ao longo do Rio Preto. Um dos melhores pontos de observação é a Estrada do Cajueiro, onde é possível ver a espécie se deslocando ou buscando árvores para pernoitar.
O papagaio-de-cara-roxa habita a Mata Atlântica e alimenta-se de frutos, insetos e larvas, além de tomar água acumulada em bromélias. No estado de São Paulo, já foi registrado em Cananéia, Iguape, Ilha Comprida, Itanhaém, Itariri, Jacupiranga, Pariquera-Açu e Peruíbe.
Com populações reduzidas e habitat cada vez mais fragmentado, o futuro do Papagaio-de-cara-roxa depende diretamente da preservação da Mata Atlântica e do combate ao tráfico de animais. Estudos sobre suas vocalizações e comportamento territorial podem ajudar na formulação de estratégias de conservação mais eficazes.
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