Peruíbe
O município de Peruíbe esconde uma praia secreta entre as montanhas que é acessível somente por meio de trilhas, em meio ao Itatins
Peruíbe possui uma praia secreta, escondida entre as montanhas e acessível apenas por trilha / Márcio Ribeiro/DL
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Você sabia que, no litoral de São Paulo, existe uma praia secreta, escondida entre as montanhas e acessível apenas por trilha? Ela fica em Peruíbe, a cerca de 10 minutos do Centro, em meio ao imponente e majestoso Itatins — como descreve o hino municipal. Trata-se da Praia do Índio.
O nome da praia tem origem em uma história pouco conhecida. Além da natureza exuberante, o local abriga uma gruta natural que serviu de moradia para um indígena ermitão, que viveu ali até a década de 1980. Em homenagem a esse antigo morador, a praia acabou recebendo o nome pelo qual é conhecida atualmente.
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O acesso à Praia do Índio é feito por uma trilha curta, com duração média de até 20 minutos. O percurso apresenta trechos de aclive e declive e pode se tornar escorregadio em dias de chuva.
Por isso, a recomendação é realizar a visita sempre com o acompanhamento de um Monitor Ambiental, responsável por orientar e garantir a segurança dos visitantes.
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Ao longo da trilha, é possível observar uma rica diversidade da Mata Atlântica, com caraguatás, helicônias (caetê), brejaúvas, erva-baleeira, tucuns e guaperuvus, além de flores variadas.
A fauna também chama a atenção, com registro de pássaros, esquilos, borboletas e outras espécies que surpreendem até trilheiros mais experientes.
Com mar calmo e poucas ondas, a Praia do Índio é ideal para um mergulho tranquilo. O local é frequentado principalmente por pescadores artesanais, aves marinhas e tartarugas, mantendo um ambiente preservado e silencioso.
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Veja o vídeo.
Há poucas informações documentadas sobre o indígena que viveu na região. O que se conhece são relatos e lembranças de moradores antigos de Peruíbe.
Vicente More Neto, dentista na cidade, conta que esteve na chamada “Toca do Índio” quando ainda era criança. Ele descreve como era o antigo morador e relembra um almoço na caverna.
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“Ele não era alto, era baixo, magrinho e ‘índio’ mesmo, com o cabelo bem grisalho e usando um shortinho. A toca era baixa, e ele entrava meio agachado. Tinha umas panelinhas bem pretas, alguns panos e, no fundo, duas pedras com uma tábua em cima, que servia de mesa", conta.
Uma vez cheguei lá e ele estava almoçando. Mostrou a panela e vi que ele comia uma farofa com vários siris pequenos, desses que ficam na praia. Nunca vou esquecer essa oportunidade de tê-lo conhecido”, relatou.
Guilherme de Paula, guia de turismo em Peruíbe, também conhece parte da história por meio de relatos do pai, que teria convivido com o indígena.
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“Meu pai ia pegar marisco lá, que o ‘índio’ colhia, e em troca levava umas canas e comida. Era uma espécie de moeda de troca”, contou.
Segundo as histórias ouvidas por Guilherme, o indígena teria se apaixonado pela filha de um cacique de uma aldeia próxima ao Guaraú, mas foi expulso do local devido ao relacionamento proibido. Após isso, teria se isolado na Praia do Índio, passando a viver em uma fenda na rocha.
“O curioso é que ele usou uma técnica semelhante à dos jesuítas, como nas Ruínas do Abarebebê. Ele construiu uma barreira com cal, óleo de baleia e conchas misturadas, formando uma massa que servia para proteger a entrada da toca contra o vento”, explicou.
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De acordo com relatos, o indígena morreu em uma trilha da região. Há versões que apontam suicídio, enquanto outras indicam que ele estaria embriagado, caiu nas pedras e morreu no local.
Veja as fotos.