Papo de Domingo

Reprodução assistida ajuda mulheres a serem mães após o câncer de mama

A médica Aparecida Waleska de Carvalho, especialista em reprodução assistida, conversou com a reportagem do Diário do Litoral sobre a relação entre o câncer de mama e a infertilidade, e como as mulheres diagnosticadas com a doença podem engravidar após a

Bárbara Farias

Publicado em 28/10/2018 às 07:59

Atualizado em 29/10/2018 às 11:02

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A médica Aparecida Waleska de Carvalho, especialista em reprodução assistida. / Divulgação

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O câncer de mama é o segundo tipo de tumor mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, depois do câncer de pele. Durante o tratamento, muitas pacientes são submetidas a sessões de quimioterapia ou radioterapia. Em alguns casos, esses métodos, eficazes contra a doença, comprometem total ou parcialmente a fertilidade.

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Por isso, após o diagnóstico, é importante que a paciente converse sobre essa questão com seu oncologista, para que ele avalie o caso e peça auxílio de um especialista em reprodução assistida. Juntos, os profissionais vão definir a melhor maneira de preservação da fertilidade.

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A médica Aparecida Waleska de Carvalho, especialista em reprodução assistida, conversou com a reportagem do Diário do Litoral sobre a relação entre o câncer de mama e a infertilidade, e como as mulheres diagnosticadas com a doença podem engravidar após a cura.

Diário do Litoral – O tratamento do câncer de mama tem efeito no sistema reprodutor feminino? 

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Dra. Aparecida Waleska de Carvalho – Quando diagnosticado precocemente, o câncer de mama possui grande chance de cura. Porém, o tratamento do câncer pode ter um impacto parcial ou total para a fertilidade. Após o tratamento oncológico, a fertilidade pode estar comprometida em 90% dos casos, de forma permanente ou temporária. As drogas usadas na quimioterapia e a radiação na radioterapia agridem as células tumorais e também as células normais, lesando o DNA das células do ovário, podendo levar a falência ovariana e a menopausa precoce e, com isso, a infertilidade.

DL – Em que momento do tratamento esse assunto deve ser abordado?

Dra. Waleska – No momento em que a paciente recebe o diagnóstico da doença, o mastologista e o oncologista devem informar a paciente da possibilidade de perda da fertilidade ocasionada pelo tratamento. Se essa paciente tem desejo de engravidar, ela deve ser encaminhada ao centro de reprodução assistida.

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DL – O que é oncofertilidade e por que ela é importante?

Dra. Waleska – É uma área multidisciplinar da medicina que visa preservar a fertilidade feminina e masculina com diagnóstico de câncer e que desejam formar uma família no futuro. Esses pacientes, que provavelmente vão ser submetidos à quimioterapia e radioterapia, podem ter a fertilidade comprometida. Sua importância está em preservar a fertilidade antes de serem submetidos a quimio ou a radioterapia.

DL – Os oncologistas estão preparados para abordar o assunto ou é necessária uma equipe multidisciplinar?

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Dra. Waleska – O primeiro contato da paciente será com o mastologista, pois ele fará o diagnóstico da doença. Porém, após a orientação da possível perda da fertilidade, a paciente deve passar por uma equipe multidisciplinar que abrange também o especialista em reprodução assistida e o ­oncologista.

DL – Quando e como a paciente saberá se é fértil ou não após o tratamento? Existem testes para isso?

Dra. Waleska – Após o tratamento do câncer, podemos realizar testes para avaliação da reserva ovariana. Os mais utilizados são: dosagem de FSH no sangue - colhido no segundo ou terceiro dia da menstruação; dosagem do hormônio antimulleriano - colhido no sangue em qualquer época do ciclo menstrual; ultrassonografia transvaginal com contagem folicular - realizado no segundo ou terceiro dia da menstruação.

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DL – Quais as opções para preservar a fertilidade?

Dra. Waleska – A preservação da fertilidade é um procedimento simples, rápido e sem riscos. Antes de a paciente realizar a quimio ou a radioterapia, ela será submetida ao congelamento de óvulos, para aquelas que não têm parceiro definitivo, ou congelamento de embriões, para as que possuem parceiro definitivo.

 O procedimento de congelamento de óvulos compreende duas etapas. A primeira é a estimulação ovariana com gonadotrofinas, na qual são aplicados medicamentos injetáveis  por um período de 10 dias, para estimulação dos folículos. Na segunda, a paciente é encaminhada ao centro cirúrgico e submetida a anestesia endovenosa para captação dos folículos guiada ao ultrassom transvaginal. Os óvulos captados serão encaminhados ao laboratório e vitrificados (­congelados).

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Já o procedimento de congelamento de embriões  compreende estimulação ovariana, captação dos óvulos, fertilização dos óvulos com o espermatozoide do parceiro, formação do embrião e congelamento.
Outro tratamento menos utilizado é a cirurgia para elevação dos ovários, retirando da direção dos raios da radioterapia. Há também a retirada de fragmentos de tecido ovariano e congelamento, este último é bastante promissor, porém ainda está em fase de pesquisa.

DL - É fácil ter acesso ao tratamento de fertilidade?

Dra. Waleska - Hoje, com o aumento do número de clínicas de reprodução, há maior acesso a esse tratamento. Infelizmente, não há cobertura pelos planos de saúde.

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DL – Há opções no SUS ou apenas de forma particular?

Dra. Waleska – Apenas dois hospitais públicos oferecem o tratamento gratuito: Pérola Byington e Hospital das Clínicas em São Paulo e Ribeirão Preto.

DL – Quanto custa o tratamento em uma pública particular?

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Dra. Waleska - A média de custo em clínicas particulares está em torno de R$ 11 a R$ 13 mil.

DL – Quanto tempo a mulher deve esperar para engravidar após o tratamento?

Dra. Waleska – A nossa orientação é aguardar dois anos após o término do tratamento.

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