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Papo de Domingo

Projeto quer reduzir poluição de navios

Objetivo é minimizar os impactos ambientais causados por embarcações utilizadas na cadeia petrolífera.

Caroline Souza

Publicado em 09/06/2019 às 09:07

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Poluição causada por embarcações representa 2% das emissões globais de CO2. / NAIR BUENO/DIÁRIO DO LITORAL

Minimizar os impactos ambientais causados por navios utilizados na cadeia petrolífera. Esse é o foco de um projeto desenvolvido dentro Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), que visa a diminuição das emissões de gás carbônico (CO2) nessas embarcações.

A poluição causada por navios representa 2% das emissões globais de CO2, segundo o engenheiro Maurício Salles, um dos pesquisadores do projeto.

Salles é professor doutor da Escola Politécnica da USP, membro do IEEE, maior organização profissional dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade, pesquisador do Centro de Pesquisa para Inovação em Gás (RCGI) e um dos fundadores do Laboratório de Redes Elétricas Avançadas (LGrid). Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), conversamos com o especialista sobre o projeto.

Diário do Litoral - Os navios são uma ameaça ao meio ambiente?

Maurício Salles - A longo prazo sim. Os navios já representam 2% de emissões globais de CO2 no mundo. No entanto, o estudo tem o objetivo, justamente, de minimizar esses impactos ao meio ambiente.

Diário - Como funciona o projeto voltado à diminuição das emissões de CO2 em navios?

Salles - A partir da utilização de motores auxiliares a diesel já existentes nessas embarcações, aliados ao uso de baterias de íons de lítio. O sistema de armazenamento de energia pode ser instalado dentro de um contêiner, no convés das embarcações. A diminuição das emissões de CO2 é bem-vinda, principalmente, na região dos portos, onde há grande concentração de pessoas e de embarcações que usam motores a diesel. Nesses casos específicos, quando há baixa demanda de produção de energia, as reduções de CO2 obtidas com a adoção dessas baterias de lítio variaram entre 34,6% e 47%.

Diário - Como foi feita a descoberta que deu origem ao projeto?

Salles - Analisamos o potencial que a implementação de baterias de íons de lítio tem nessas plataformas. Depois, avaliamos os impactos de várias características das baterias, como eficiência de ida e volta, potência nominal e capacidade de energia. O trabalho abrangeu simulações feitas com o software HOMER (Modelo de Otimização Híbrida para Múltiplos Recursos Energéticos) e contou com a colaboração de pesquisadores do RCGI e do GeePs (ou Grupo de Engenharia Elétrica), da Universidade de Paris-Saclay.

Diário - De que forma se obtém melhor eficiência energética nessas embarcações?

Salles - Nessa primeira fase, estudamos como mudar o ponto de operação dos geradores quando eles operam com baixa eficiência. Em uma segunda fase estamos estudando como se obter uma melhor eficiência energética utilizando o sistema de armazenamento de energia combinado com outras soluções.

Diário - De acordo com os testes feitos, de quanto pode ser a economia de CO2?

Salles - O projeto comprovou - com as simulações - que é possível obter até 8,7% na redução de emissões de CO2 quando os motores auxiliares a diesel já existentes nesses navios são aliados ao uso de baterias de íons de lítio.

Diário - Qual a importância de debatermos temas como geração e distribuição de energia?

Salles - Utilizamos energia para uma série de tarefas diárias e corriqueiras, sem pensar no impacto ao meio ambiente. Ao debatermos com a sociedade sobre o tema, buscamos soluções para economia e para o aumento da geração de energias renováveis e conscientizamos todos do papel de cada um.

Diário - Qual o maior desafio do projeto?

Salles - Um dos desafios é justamente entender como é possível armazenar essa energia "verde" para que as embarcações trabalhem com alta eficiência energética com custo mais baixo.

Diário - E qual é o próximo passo para que o projeto seja colocado em prática?

Salles - O projeto também avalia como é possível armazenar essa energia e como se obter uma melhor eficiência energética nessas enormes embarcações, que chegam a ter 100 metros de comprimento, e que são usadas no apoio logístico e no transporte de mercadorias, equipamentos e pessoas para as plataformas de extração de petróleo e gás em alto mar. Ainda temos algumas possíveis soluções para estudar, como o uso de velocidade variável nos geradores.

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