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Lincoln Spada
As vias do Centro de Santos vão ser tomadas pelo elenco paulistano do Grupo XIX de Teatro hoje, às 16 horas, com a peça gratuita ‘Hygiene’. Tendo início na Rua do Comércio em frente ao Valongo seguindo até a Casa da Frontaria Azulejada, o coletivo trata sobre o processo de higienização urbana do País desde o século 19.
A direção é assinada por Luiz Fernando Marques, que também faz a dramaturgia da peça junto de Sara Antunes, Janaina Leite, Juliana Sanches, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya.
Com exceção de Sara, os demais atores-criadores estarão em cena ao lado de Tatiana Caltabiano. Em entrevista, a atriz Juliana Sanches aborda mais sobre a proposta do teatro.
DL: Em primeiro lugar, sobre o que trata o seu espetáculo? O que vocês pretendem passar ao público?
JS: ‘Hygiene’ é um espetáculo sobre a virada do século 19 pro 20 no Rio de Janeiro, em que, em nome da higiene e da normalização, inúmeros cortiços são demolidos para a construção das novas avenidas. Trata-se do último dia de um cortiço e da história das pessoas que moravam nele e eram despejadas. Enfim, trata-se de imposição pelo setor dominante. Pretendemos um encontro desses personagens com o público de hoje.
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DL: Pode descrever sobre o processo da dramaturgia desta peça?
A criação do texto é coletiva e nossas fontes de pesquisa sãp as mais variadas possíveis. Nós lemos 51 livros, desde ‘O Cortiço’ e crônicas até livros sobre doenças e higiene da época. Além de utilizarmos histórias de nossos avós, músicas, imagens, enfim, um vasto material.
DL: Ao todo, foram 13 meses de pesquisa. Quais são os cenários e os figurinos escolhidos para a montagem do espetáculo?
O cenário da peça é a própria cidade, a história da cidade conta essa peça conosco. Nos interessa muito essa fricção, essa sobreposição de realidades: expondo a forma de vida de uma região, o que precisa hoje ser revelado no espaço público.
DL: E desde a estreia em 2005, como está sendo foi a repercussão do público diante destas apresentações?
O espetáculo estreou na Vila Maria Zélia, zona Leste de SP. De lá pra cá, apresentamos em diversas cidades, estados e países. Passamos pelo Pelourinho que sofreu um processo bem parecido, pelo Acre, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Portugal, Itália...
Em todos os lugares, acontece a troca, o questionamento de como o Poder Público influencia o jeito que moramos, como nos apropriamos desses espaços públicos, e como vivenciamos as ruas e praças atualmente.