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Papo de Domingo

Especialista dá dicas sobre como aplicar o dinheiro do FGTS

Saques poderão ser realizados a partir de 10 de março até 31 de julho

Vanessa Pimentel

Publicado em 26/02/2017 às 12:00

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Depois das festividades - e dos gastos, que geralmente envolvem o Carnaval, mais de 30 milhões de brasileiros terão acesso aos valores contidos em contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Os saques poderão ser realizados a partir do dia 10 de março e encerrarão no dia 31 de julho.
“A renda extra vem em boa hora, mas é preciso cuidado para não colocar em risco a reserva financeira construída após meses - ou anos - de trabalho”. Quem alerta é a educadora financeira e diretora da Unidade DSOP Santos, ­Teresa Tayra.
Confira na entrevista ao Diário do Litoral as dicas da educadora para aplicar o dinheiro de forma consciente.

Diário do Litoral - Vale a pena sacar o FGTS ­inativo?
Teresa Tayra - Sim, pois os rendimentos do FGTS são menores que as oportunidades que você possa ter.

DL - Quais as principais dicas para que o contribuinte aplique de forma correta o dinheiro que possui em fundo?
Teresa - Antes de definir como irá usar o valor, é preciso analisar a situação em que se encontra hoje, ou seja, saber se está inadimplente, endividado, equilibrado ou investidor. O ideal é agir de acordo com a sua situação financeira, mas sempre priorizando os sonhos, os desejos individuais e coletivos, poupando mensalmente e inclusive rendas extras, como esse saque do FGTS, para essa finalidade.

DL - Caso o contribuinte tenha mais que uma dívida, como priorizar a mais importante a ser paga?
Teresa - As de maiores taxas de juros, como cartão de crédito e cheque especial, as que dizem respeito a produtos e serviços básicos, como aluguel, contas de água e energia elétrica, além das que tem um bem de valor atrelado, como carro e casa. É importante, antes de procurar pagar, renegociar o valor da dívida. Dependendo da instituição credora e da quantia a ser paga à vista, você tem maior poder de negociação.

DL - Com dinheiro na mão, as negociações costumam ser mais interessantes. Em caso de renegociação de dívidas, como reconhecer uma boa proposta/acordo?
Teresa - Boas propostas e acordos são as que permitem um bom desconto ao quitar o valor total e as que oferecem condições de pagamento melhores, com parcelas menores e que caibam no orçamento, garantindo segurança para honrar os ­pagamentos.

DL - Se o saldo do FGTS não for suficiente para quitar uma dívida, vale a pena pegar empréstimo?
Teresa - Pegar um empréstimo para pagar dívidas não é garantia de que sairá do problema para nunca mais voltar. O principal a ser feito é se educar financeiramente, mudar hábitos e comportamentos que o levaram a essa situação em primeiro lugar. Paralelamente, é preciso traçar um planejamento para o pagamento das dívidas. Se pegar um empréstimo for uma escolha consciente e planejada, é importante conhecer o valor exato das parcelas futuras. É muito comum que pessoas peguem empréstimos consignados, por exemplo, por terem taxas menores, e acabam perdendo o controle das finanças, já que parte da renda fica comprometida e há a contratação de novas dívidas, por conta da falta de educação ­financeira.

DL - Se a pessoa tem uma dívida já controlada/negociada, vale a pena quitá-la ou é melhor investir o dinheiro em outra coisa?
Teresa - Se a dívida está controlada, ou seja, se a pessoa paga mensalmente, não é orientável quitar. O ideal é continuar pagando mensalmente e investir o valor na intenção de realizar ou até mesmo adiantar a realização de um sonho. Lembrando que esse dinheiro foi acumulado após meses ou anos de trabalho, então evite que se destine ao consumismo, muitas vezes supérfluo e ­desnecessário.

DL - Alguns bancos estão antecipando o dinheiro do FGTS, mas a cobrança envolve juros. Dessa forma, vale a pena pedir a antecipação?
Teresa - É preciso ter consciência de que se trata de um empréstimo, ou seja, uma nova dívida, além de refletir sobre a finalidade desta antecipação. Ter consciência é essencial. Se a pretensão for pagar dívidas, compare os juros da dívida até o tempo da retirada do valor de acordo com o calendário oficial aos juros do empréstimo e verifique se vale a pena.

DL - Caso o trabalhador esteja com a situação financeira equilibrada, qual a melhor forma de investir o valor do fundo?
Teresa - Definir os sonhos e os prazos em que deseja realizá-los é o que leva à definição do tipo de investimento. Poupança, CDB, Tesouro Direto são indicados para sonhos de curto, médio e longo prazo respectivamente, por exemplo.
O ideal é que cada pessoa tenha no mínimo três sonhos, um de curto prazo (a ser realizado em um ano), outro de médio prazo (entre um e dez anos) e outro de longo prazo (a ser realizado a partir de dez anos). Os investimentos devem ser compatíveis com a data de resgate do valor para a realização do sonho.

DL - Sugira algumas reflexões importantes para quem está contando com o dinheiro.
Teresa - Caso vá quitar uma dívida, você está preparado para não entrar em outras? Você tem educação financeira para sair da situação de inadimplência de forma definitiva?
Caso vá usar o valor para realizar seus sonhos, eles dizem mais respeito a anseia pelo consumo, muitas vezes supérfluo, ou a desejos profundos e atrelado a sua realização pessoal?
Caso vá guardar o valor, você está poupando por poupar, investindo por investir, sem ter um sonho atrelado? Se estiver, procure nomear cada um de seus investimentos com aquilo que deseja fazer com o valor, assim, terá maior incentivo.

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